Fundação do ABC planeja estender gestão a mais cidades

Maurício Mindrisz, presidente da Fundação ABC, durante entrevista ao RDtv (Foto:Rodrigo Lima)

Administrada por Santo André, São Bernardo e São Caetano, a Fundação do ABC (FUABC) pretende estender, até o final do ano, sua gestão a outras cidades da região, parceiras da instituição. Esse é um dos desafios destacados pelo presidente da entidade, Maurício Mindrisz (foto), em entrevista ao RDtv. O dirigente deixa o cargo no final desse ano, mas destaca que, até lá, pretende avançar, também, na negociação das dívidas que a Fundação mantém com os paços governados por Paulo Pinheiro e Carlos Grana.

“Estamos trabalhando para recuperar o orçamento da Fundação. O prefeito Paulo Pinheiro terá de negociar R$ 35 milhões, somando com impostos. A FUABC é o segundo maior credor de São Caetano”, disse. Em março, durante audiência pública para prestação de contas, o secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno, disse que, por meio da Central de Convênios da Fundação, o Paço andreense deve R$ 11,8 milhões, referentes à contratação de pessoas para recursos humanos e serviços terceirizados.
 

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RD: O Brasil tem discutido a importação de médicos. Qual a sua opinião sobre a contratação de profissionais estrangeiros?
Maurício Mindrisz: Faltam médicos e é um equívoco achar que é apenas no interior da Bahia ou do Acre. Faltam médicos no ABC. Nós vivemos um apagão de pediatras. Como medida emergencial, eu acho necessário, mas precisamos de pessoas bem formadas, que atendam bem à população mais simples.

RD: Qual a posição da Fundação do ABC sobre a abertura de uma nova faculdade de Medicina na região?
Mindrisz: Nós temos hoje a Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), em Santo André, que oferece 100 vagas e 10 bolsas pelo Prouni (Programa Universidade Para Todos, do governo federal). Estamos elaborando um plano diretor que estabelece a ampliação para 165 vagas, já em 2014. Não teremos problemas quanto a isso, a Faculdade preenche todos os requisitos e encaminharemos essa questão em agosto. Além disso, estamos conversando sobre a abertura de uma faculdade de Medicina em São Bernardo, que pode ser mantida pela Fundação do ABC. Pelo MEC (Ministério da Educação), a FMABC não pode abrir um campus fora de Santo André, mas a Fundação pode fazer isso como uma mantida (equipamento administrado pela entidade), como funciona no caso da gestão de hospitais no ABC e fora da região (Baixada Santista). Nós buscamos consenso para fazer isso.

RD: De onde viriam os recursos para essa nova faculdade?
Mindrisz: Nós entendemos que, nos primeiros anos, parte dos recursos poderiam ser usados (economizados) com a Faculdade de Medicina do ABC. Podemos aproveitar a estrutura existente (para a administração de aulas básicas), e depois buscaríamos, junto à Prefeitura de São Bernardo e ao governo federal, mais recursos para viabilizar a proposta.

RD: Qual a previsão para que a faculdade comece a operar?
Mindrisz: Primeiro, precisamos construir uma coesão (dentro da FMABC). Na semana anterior, fui surpreendido por um protesto de alunos e professores que se dizem contrários à nova faculdade. Nós tivemos uma reunião para explicar a ideia, e tivemos essa surpresa. Nós avaliamos que só valerá a pena fazer se tivermos o apoio da Faculdade de Medicina no ABC, que tem uma larga experiência na área.

RD: A nova norma para formação de médicos diz que haverá um ciclo extra de trabalho obrigatório no sistema público de Saúde, estendendo o curso de seis para oito anos. De que forma isso impacta nos custos da Faculdade de Medicina no ABC?
Mindrisz: Ainda precisamos avaliar isso. Até o momento, entendemos que o governo federal dará uma bolsa a esses alunos do chamado segundo ciclo. Mas acreditamos que teremos estrutura para estender a grade.

RD: Qual o balanço que você faz em relação a sua gestão, que se encerra esse ano?
Mindrisz: Eu tinha vários desafios, quando assumi. Sempre defendi que a Fundação atuasse em todos os municípios do ABC, e fiz um esforço em Diadema, com o ex-prefeito Mário Reali, e em Ribeirão Pires, com o Clóvis Volpi, mas não consegui (as demais cidades mantêm parcerias com a entidade). Hoje, com o Saulo Benevides, conseguiremos atender em Ribeirão, e estamos conversando com o secretário de Saúde de Diadema (José Augusto Ramos). Outro destaque é a nossa participação mais ativa no GT (Grupo de Trabalho) de Saúde do Consórcio Intermunicipal Grande ABC. Vamos apresentar um plano de cargos e salários, e também mudar o estatuto da Fundação, para permitir maior participação de outros municípios. Mauá, por exemplo, tem papel importante, mas o nosso conselho gestor tem 21 membros e Mauá não participa. Estender essa participação é um dos meus desafios até o final do ano.

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