Parada do Orgulho LGBT acontece neste domingo, em Santo André

Marcelo explica que as novas gestões das Prefeituras no ABC travaram as políticas públicas que estavam em desenvolvimento.

Santo André vai receber neste domingo (23/06) a 9ª edição da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). O evento começa às 12h, com saída do cruzamento da rua Catequese com a avenida Dom Pedro II, principal trajeto do movimento.

Com o tema “Nosso maior desafio é o preconceito velado: a homofobia mata!”, a organização espera chamar a atenção para a falta de oportunidades no mercado de trabalho, além da escassez de políticas públicas para o segmento. “Quantos diretores de empresa gays ou lésbicas conhecemos assumidamente? São poucos. Isso mostra que nivelam a população LGBT para cargos subalternos, só telemarketing”, explica Marcelo Gil, da ONG ABCD´s (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), responsável pela organização da parada. O líder prevê ainda realizar a primeira edição do evento em São Caetano. “Estamos viabilizando para 24 de novembro. Será feita em conjunto com os grupos de Diadema e Santo André”, adianta.

Newsletter RD

Marcelo explica que as novas gestões das Prefeituras no ABC travaram as políticas públicas que estavam em desenvolvimento. “Estamos vivendo uma mudança no processo. Essas mudanças fizeram a gente andar para trás. O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC tem uma comissão LGBT. A partir disso, foi desenvolvida uma carta com as diretrizes de nossa população. Elogiamos os prefeitos de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Mauá, que assinaram esse termo e deverão cumprir as propostas até o final do ano. Mas, os outros prefeitos da região não assinaram. Só Ribeirão Pires tem uma coordenadoria LGBT. Não é um cantinho da administração que nos atende. Queremos uma coordenadoria composta pelo nosso segmento para construir políticas publicas. Não dá mais para discutir fóruns. Já estamos na segunda conferência nacional, com diretrizes. Tem que colocar em prática”, reclama o líder.

O evento deverá contar pela primeira vez com a presença do prefeito de Santo André. “Teremos a participação do Carlos Grana. Elogiamos essa postura. Eles estão conduzindo os diálogos de forma maleável. É preciso entender que assim como as manifestações que acontecem pelo Brasil, a parada também tem esse objetivo. Ela não é um evento da Prefeitura ou da cidade. É um protesto público. Desenhamos o percurso por uma questão de respeito com as pessoas. Será pacifico, mas se houver pessoas de máscara, a polícia está orientada a punir, porque somos vítimas de grupos que se infiltram no evento para nos agredir. A Parada é de amor e por direito à cidadania. Vamos entrar em paz e sair com muita honra. A gente, inclusive, orienta os participantes para que não bebam, para ter um movimento sadio. Também para que não sujem as ruas e a gente não seja alvo de criticas”, enfatiza Marcelo.

A organização espera 20 mil participantes para esse ano, frente aos 15 mil que diz ter agrupado em 2012. “Ano passado, reunimos 15 mil pessoas, mesmo tendo a virada lésbica. Foram dois eventos no mesmo dia por causa de uma falta de comunicação com o Estado. Mas, mudamos o calendário e agora será sempre duas semanas depois do dia dos namorados. Traçamos o percurso em 2010 junto da Secretaria de Segurança Pública, justamente para garantir a segurança dos participantes. A escolha da avenida Dom Pedro II é porque, assim como a Paulista, ela é importante para nós, tem restaurantes que abrigam o nosso público”, ressalta.

O movimento começou os primeiros encontros na região em 2003, mas, segundo Marcelo, ganhou vida em 2004, com a primeira manifestação em São Bernardo. Em 2005, foi realizada a primeira parada em Santo André. A partir daí, segundo o líder, a militância conseguiu, por meio dos projetos e eventos, a redução da violência contra o segmento. “Tivemos crescimento, mas ainda não conquistamos um espaço legítimo. É um momento de identidade, luta pela cidadania e Direitos Humanos. Tivemos grandes ganhos, que foi a queda da violência urbana e doméstica homofóbica. A física urbana caiu 95% no ABC, desde 2005. A doméstcica caiu 85%, já que os pais dialogam mais com os filhos. Entretanto, a verbal ainda é alta, em torno de 65%, assim como o índice de homofobia vem aumentando no país”, destaca.

A organização ainda busca apoio para um trio elétrico. Entre 2010 e 2012, segundo o líder, a Prefeitura de Santo André apoiava o grupo com o equipamento, assim como acontece em São Paulo. “Para esse ano, ainda estamos buscando patrocínio para ter o trio”, relata Marcelo.

Cura Gay

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira o projeto de lei conhecido como “Cura Gay”. Segundo o texto, psicólogos podem propor tratamento para a homossexualidade, na contramão das normas do Conselho Federal de Psicologia, que proíbem que a homossexualidade seja vista como doença.

O projeto foi apresentado há dois anos e terá de passar por outras duas comissões da Casa, antes de ir à votação no plenário. Mesmo assim, já desperta críticas e protestos, como o da ONG ABCD´s (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual). O coordenador, Marcelo Gil é enfático e diz que o projeto representa um retrocesso ao Brasil. “Percebi que hoje acordei doente. Estou gay. Vou ter que pedir licença, então. É um absurdo dizer isso. A gente avalia esse cenário e isso fortalece as lutas. Quem está doente é essa comissão errônea. É um departamento desumano. Isso vai gerar mais violência no âmbito familiar e vai levar a uma situação drástica. Esperamos que não passe das comissões para ser votado no plenário”, critica. 

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes