Sto.André terá nova Delegacia da Mulher

Silmara Conchão é socióloga e assessora de Políticas para Mulheres / Foto:Banco de dados

Até agosto Santo André ganha nova Delegacia de Defesa da Mulher, na rua das Monções, em Santo André. O espaço será maior para acolhimento e com equipe de trabalho integrada, para dispensar encaminhamento da mulher em situação vulnerável para outros locais. O anúncio é da socióloga Silmara Conchão, assessora de Políticas para Mulheres, vinculada à Secretaria de Gabinete andreense, em entrevista exclusiva ao RD.

Segundo Silmara, a medida faz parte das ações para a mulher no município, que assinou dia 11, convênio com o Estado para integrar o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra a Mulher. Para isso, a Pasta fará mapeamento do cenário local com dados da Vigilância da Saúde, da Delegacia de Defesa à Mulher e do serviço Vem Maria. “Precisamos unificar este banco de dados de ocorrências, mas temos de saber que ainda não teremos o mapa da realidade, pois nem todos identificam o que é violência contra a mulher. É uma epidemia silenciada que afeta os lares”, diz. Acompanhe a entrevista:
 

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RDtv: No que consiste o Pacto e como as ações serão implementadas na cidade?

Silmara Conchão: Desde 2008 existe o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e os Estados são organizados para pactuar com o governo federal. Para isso, o Estado deve pactuar também com os municípios. Nesse aspecto, é organizado esse ato público em que os representantes assinam o acordo se comprometendo com ações de prevenção e proteção às mulheres em situação de violência. Inclusive, o município tem mais possibilidade de captar recursos para desenvolver as ações locais. O governo federal motiva os governos estaduais e municipais para potencializar as ações. Se não houver motivação para que os municípios se organizem a gente tem menos resultados.

RDtv: Santo André já começou a elaborar o mapa?

Conchão: Uma das ações com esse compromisso é a organização do mapa da violência contra a mulher na cidade. Devemos tirar do ocultamento e mostrar como se caracteriza essa realidade e como esta questão acontece no município para podermos verificar as regiões de maior incidência, o perfil da vítima e do agressor, organizar políticas, além de otimizar recursos de acordo com as reais necessidades, com foca em desenvolvimento de trabalhos socioculturais, campanhas, descentralização dos equipamentos de atendimento à mulher vítima.

RDtv: Qual o cenário da violência contra a mulher e como elar pode se proteger?

Conchão: Santo André trabalha com o disque-denúncia ligado ao governo federal, através do número 180. Quando uma mulher liga para o serviço gratuito, ela recebe toda a orientação necessária. A cada mês são 20 casos novos através do Vem Maria, cerca de 100 atendimentos por mês, num total de 1,5 mil casos por ano. Muitas entram pelos serviços de saúde, por isso deve ser reforçado o processo de formação dos profissionais da área para que a vítima seja identificada e encaminhada à delegacia ou aos centros de apoio.

RDtv: Como funciona o Vem Maria?

Conchão: O Centro de Apoio à Mulher em Situação de Violência oferece atendimento psicossocial e jurídico gratuitos. Muitas vezes, as mulheres não querem recorrer às delegacias da mulher, e em centros, como o Vem Maria, elas se sentem à vontade e são fortalecidas para tomar uma decisão para sair do círculo da violência doméstica. O serviço Vem Maria desenvolve o trabalho em rede, com diálogo com todas as secretarias, inclusive nos casos de apoio aos filhos desta mulher em atendimento, e também ao agressor em parceria com o Fórum de Justiça. No Fórum, eles são encaminhados a trabalhos sócio-educativos, para rever essa questão da masculinidade e do machismo, visto que se o casal é separado, o agressor pode se envolver com outra mulher e repetir a violência.

RDtv: Quais os serviços que o Vem Maria oferece?

Conchão: O centro oferece oficinas de saúde, cursos, atendimentos individuais, trabalhos em grupos e, recentemente, começamos atividades descentralizadas em parceria com a Faculdade de Medicina do ABC, Metodista e Anhanguera, voltadas às comunidades distantes, como as de mananciais. A casa de apoio fica na rua João Fernandes, 118, bairro Jardim, e o telefone é 4992-2936.

(Colaborou Iara Voros)
 

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