Santo André terá nova Delegacia de Defesa da Mulher

Entre julho e agosto deste ano será lançada a nova delegacia de defesa da mulher em Santo André. Segundo Silmara Conchão, assessora de Políticas para Mulheres, vinculada à Secretaria de Gabinete andreense, será um espaço maior para acolher as mulheres, com equipe de trabalho integrada, que evita encaminhar a mulher em situação vulnerável para locais diferentes. A nova delegacia estará localizada na rua das Monções.

No último dia 11, representantes da área na cidade participaram do ato de assinatura do convênio com o Estado de São Paulo, que prevê parceria com todos os municípios paulistas, que compromete a execução de ações para a consolidação do Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra a Mulher, programa de iniciativa do governo federal. De acordo com Silmara Conchão, será realizado mapeamento do cenário andreense com dados da Vigilância da Saúde, da Delegacia de Defesa à Mulher e do serviço Vem Maria. “Precisamos unificar este banco de dados de ocorrências de violência contra a mulher, mas temos que saber que, mesmo com a unificação destes dados, não teremos o mapa verdadeiro desta realidade, visto que nem todos identificam o que é violência contra a mulher. É uma epidemia silenciada que afeta os lares”, diz a assessora em entrevista exclusiva ao RDtv.

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RDtv: No que consiste o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra a Mulher e como as ações serão implementadas em Santo André?

Silmara Conchão: Desde 2008 existe o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e os Estados são organizados para pactuar com o Governo Federal. Para isso o Estado deve pactuar também com os municípios, ou seja, existe um protocolo de intenção onde o poder local, junto com o estadual e federal estão unidos para combater e erradicar a violência contra a mulher. Nesse aspecto é organizado esse ato público onde os representantes assinam o acordo de comprometendo com ações de prevenção e proteção às mulheres em situação de violência. Inclusive, o município tem mais possibilidade de captar recursos para desenvolver as ações locais, então o governo federal motiva os governos estaduais e municipais para potencializar as ações de enfrentamento à violência contra a mulher. Se não houver esta motivação dos governos para que os municípios se organizem para promover ações incisivas de proteção e combate à violência contra mulheres a gente tem menos resultados.

RDtv: Os municípios deverão apresentar um mapeamento das ações voltadas às mulheres. Santo André já começou a elaborar este mapa?

Conchão: Uma das ações que contém esse compromisso com o Estado, é a organização do mapa da violência contra a mulher na cidade. Devemos tirar do ocultamento e mostrar como se caracteriza essa realidade e como esta questão acontece no município para podermos verificar as regiões de maior incidência, o perfil da vítima e do agressor, organizar políticas, além de otimizar recursos de acordo com as reais necessidades focado em desenvolvimento de trabalhos socioculturais, campanhas, descentralização dos equipamentos de atendimento à mulher que sofre violência. Portanto, é fundamental a produção deste mapeamento até mesmo para sensibilizar a sociedade.

RDtv: Qual o cenário da violência contra a mulher em Santo André? Quais são os principais relatos e como a mulher pode se proteger? A quem recorrer?

Conchão: Santo André trabalha com o disque-denúncia ligado ao Governo Federal, através do número 180. Quando uma mulher de Santo André, assim como no Brasil todo, liga para este serviço gratuito, ela recebe toda a orientação necessária. A cada mês são 20 casos novos através do Vem Maria, cerca de 100 atendimentos por mês, num total de 1500 casos por ano. Muitas entram pelos serviços de Saúde, por isso deve ser reforçado o processo de formação das pessoas na área da Saúde para que a mulher vítima de violência seja identificada e devidamente encaminhada à Delegacia ou centros de apoio.

RDtv: O Vem Maria é o principal serviço de apoio às mulheres em situação de violência na cidade. Como é a atuação deste serviço?

Conchão: O centro de apoio à mulher em situação de violência oferece atendimento psicossocial e jurídico gratuitamente. Muitas vezes as mulheres não querem recorrer às Delegacias da Mulher, e em centros como o Vem Maria é onde elas se sentem mais a vontade e são fortalecidas para tomar uma decisão para sair deste círculo da violência doméstica. O serviço Vem Maria desenvolve o trabalho em rede, com diálogo com todas as secretarias, inclusive nos casos de apoio aos filhos desta mulher em atendimento, e também ao agressor em parceria com o Fórum de Justiça, onde eles serão encaminhados a trabalhos sócio-educativos, para rever essa questão da masculinidade e do machismo, visto que se o casal é separado, o agressor pode se envolver com outra mulher e ter as mesmas ações.

A Casa de Apoio oferece oficinas de saúde, cursos, atendimentos individuais, trabalhos em grupos e, recentemente, começamos atividades descentralizadas em parceria com faculdades de medicina do ABC, Metodista e Anhanguera voltadas às comunidades distantes, como as de mananciais. A casa de apoio fica na rua João Fernandes, 118 – Jardim. O telefone para contato é 4992-2936. 

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