O TJ (Tribunal de Justiça) indeferiu o pedido de hábeas corpus para revogar a prisão preventiva da ex-secretária de Finanças de Mauá Valdirene Dardin, presa desde sexta-feira (30) na cadeia feminina do CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Bernardo. A decisão é do vice-presidente do TJ, desembargador Jarbas João Coimbra Mazzoni, que não acatou os argumentos da defesa em seu despacho assinado na noite de terça-feira (4). O advogado Leonardo Musumecci Filho disse ontem (5) que ainda não sabe o que fazer para tirar Valdirene da cadeia. “Estou tentando achar uma saída”, afirmou Musumecci, pouco antes de se reunir em seu escritório para discutir uma estratégia para o caso.
Apesar de ser formada em Matemática, o que permite prisão em cela especial, Valdirene divide uma cela de 12 metros quadrados com outras presas juradas de morte ou que estão em trânsito, e fica afastada da carceragem. O local tem cinco colchões que são colocados no chão, um chuveiro e uma fossa. A ex-secretária tem recebido visitas de familiares e amigos, que revelaram ao Repórter Diário a ansiedade de Valdirene em deixar a cadeia.
A ex-secretária foi denunciada pelo Ministério Público por crime de peculato (apropriação indevida de bens ou recursos públicos) por supostamente ter sacado R$ 230 mil de uma das contas da Prefeitura de Mauá entre 2003 e 2004, período em que o município foi administrado pelo prefeito Osvaldo Dias (PT). Antes de ser presa na semana passada, a ex-secretária prestou depoimento à Justiça e negou as acusações.
A principal dúvida é saber o destino dos recursos retirados dos cofres públicos. Há suspeita de que o dinheiro serviu para o financiamento de campanhas eleitorais do PT ou para pagamento de propina aos vereadores de Mauá durante a legislatura passada. Nenhuma das hipóteses foi confirmada pela investigação feita pelo Ministério Público, principalmente porque a ex-secretária nega que tenha sacado o dinheiro.
Valdirene Dardin tem 38 anos, é casada e não tem filhos. Antes de ingressar na carreira pública, lecionava Matemática em escolas públicas de Mauá. Sua prisão foi decretada no dia 20 de setembro, e ficou foragida até o dia 30, quando prestou seu primeiro depoimento como ré de um processo criminal.
Na ocasião, os advogados de defesa tentaram sem sucesso revogar a prisão preventiva ao apresentar um recurso ao mesmo juiz da 6ª Vara de Mauá, Dirceu Brizola, o mesmo que decretou a detenção de Valdirene. Porém, não souberam explicar o motivo pelo qual a ex-secretária não se apresentou antes, apenas disseram que ela não tinha intenção de fugir.
Amanhã (7) serão ouvidas cinco testemunhas de acusação indicadas pelo Ministério Público.