Estado vai contratar vigilância para Chácara Baronesa, diz Orlando Morando

Questionado sobre o desempenho do PSDB no ABC nas últimas eleições municipais, Orlando Morando foi categórico ao avaliar que o partido errou ao não apresentar candidaturas em cidades como Santo André, Ribeirão Pires e São Bernardo

Orlando Morando, deputado estadual e um dos líderes do PSDB na região, foi o convidado do RDtv desta semana. Além de abordar assuntos como Mobilidade regional, a implantação de uma unidade do Poupatempo de serviços em Santo André e de fazer um balanço sobre sua atuação na Assembleia Legislativa de São Paulo, o parlamentar afirmou que participou da reunião o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas, na qual ficou firmado o compromisso do Estado de fazer o monitoramento da região da Chácara Baronesa, na divisa entre Santo André e São Bernardo.

“Uma empresa está sendo licitada e teremos aproximadamente 18 vigias permanentes por turno. Com a presença dos vigias, a ideia é inibir os usuários de drogas e fazer com que eles deixem o local. Feito isso, a área será cercada, com exceção dos locais já ocupados por aproximadamente 600 famílias, para ser feito o investimento de R$ 4 milhões [destinados pelo governo estadual] com pistas de caminhada, playground, academia ao ar livre e uma quadra poliesportiva”, projetou o tucano.

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Orlando Morando foi o deputado estadual mais bem votado no ABC em duas oportunidades. Só no último pleito, em 2010, conquistou mais de 138 mil votos. Na avaliação do parlamentar, seu desempenho nas urnas se deve a sua atuação na região. “Acho que isso é reflexo de uma presença ativa, da interlocução com os prefeitos, com os vereadores, com a sociedade civil organizada”, disse.

Membro da Comissão de Transporte da Assembleia Legislativa, o tucano destacou a chegada do Metrô ao ABC e a construção do trecho Sul do Rodoanel como das bandeiras que lhe rendeu reconhecimento. “Os trechos Norte e Leste ainda estão em obras, mas a conclusão do trecho Sul antes das eleições trouxe uma segurança maior, além de ser uma obra de uma envergadura que atingiu todo o ABC, tanto na questão do conforto para aqueles que utilizam a rodovia como passeio, quanto para o desenvolvimento econômico da região”, completou.

“PSDB errou no ABC”

Questionado sobre o desempenho do PSDB no ABC nas últimas eleições municipais, Orlando Morando foi categórico ao avaliar que o partido errou ao não apresentar candidaturas em cidades como Santo André, Ribeirão Pires e São Bernardo. “Eu acho que o PSDB errou em todo o Grande ABC. Teve um erro de estratégia, o maior foi Santo André não ter uma candidatura própria, isso foi trágico, o resultado esta aí, o partido que tem uma historia em Santo André e não elegeu nenhum vereador”, disse.

“Em São Bernardo também acho que foi um erro não ter candidatura própria, porque diminuiu o número de vereadores na Câmera. Saímos de três vereadores para apenas dois. O partido saiu enfraquecido, então, minha leitura pessoal é de que foi um erro estratégico a forma como o PSDB se posicionou na região”, ponderou.

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista.

RD: Sendo o deputado estadual mais bem votado em duas oportunidades, com 138.780 votos no último pleito, poderia fazer um balanço da sua atuação na Assembleia Legislativa sobre o que já foi conquistado na interlocução dos problemas para a região?
Orlando:
Estou no meu terceiro mandato como deputado estadual, nas duas últimas eleições conquistamos com o apoio de toda a população das sete cidades do ABC uma eleição bem expressiva, sai de 120 mil votos na penúltima eleição para 140 mil na última e, São Bernardo, minha cidade, com maior votação, seguida de Santo André, São Caetano, Diadema, Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires e Mauá. Acho que isso é reflexo de uma presença ativa, da interlocução com os prefeitos, com os vereadores, com a sociedade civil organizada. A vinda do trecho Sul do Rodoanel, onde nós tivemos uma atuação muito forte, ajudou muito no resultado das urnas. Os trechos Norte e Leste ainda estão em obras, mas a conclusão do trecho Sul antes das eleições trouxe uma segurança maior, além de ser uma obra de uma envergadura que atingiu todo o ABC, tanto na questão do conforto para aqueles que utilizam a rodovia como passeio, quanto para o desenvolvimento econômico da região. Nesse mandato, focamos em algumas ações em especial a linha 18 do metrô (monotrilho) que será operado pela companhia Metrô, com a mesma velocidade, inclusive o tempo de intervalo entre uma estação e outra e com capacidade de transportar 400 mil passageiros por dia. Por exemplo, quem sair de SBC – onde costumo dizer que será nossa mini Sé, pois teremos a linha verde do Metrô, trem da CPTM, além da opção de ônibus de São Paulo integrado em uma mesma passagem – para ir até o Tamanduateí, levará apenas 20 minutos.

RD: Você se especializou em transportes. Essa é sua bandeira principal?
Orlando:
Eu não sou engenheiro de formação, sou administrador e advogado, mas com o advento do trecho Sul do Rodoanel eu me posicionei na Comissão do Transporte da Assembleia até mesmo pela importância que tem. Se avaliarmos a última década, no ABC tínhamos grandes desafios com desemprego, o susto da indústria automotiva querer ir embora, além dos problemas graves de segurança. Hoje, o grande desafio é a mobilidade urbana, sendo um grande desconforto para a população entrar e sair do ABC, que é onde eu mantenho o foco com bastante austeridade.

RD: Recentemente teve uma audiência sobre a atuação da Ecovias no deslizamento de terra que ocorreu no dia 22 de fevereiro, que comprometeu até a questão da segurança das vias. Qual foi sua avaliação sobre essa audiência, como membro da Comissão de Transporte da Assembleia, e quais foram os efeitos práticos?
Orlando:
Convoquei o presidente da Ecovias para prestar esclarecimento, mas a meu ver não convenceu. A grande dúvida é saber se existem mecanismos que pudessem prever fortes chuvas torrenciais, inclusive levando ao fechamento da rodovia. Nesses casos específicos, onde se tem uma vítima fatal, a grande discussão é prevenir para que não ocorra novamente. A Ecovias não apontou nenhuma solução para o caso e eu estou oficializando à ARTESP (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo) para que providências sejam tomadas.

RD: De que forma a Ecovias pode ser punida?
Orlando:
Pode ser multada pela ARTESP e em última circunstância, pode perder a concessão. O que não é o caso, pois a Ecovias argumenta que também foi vítima devido à chuva excessiva. A minha dúvida não é se ela [Ecovias] poderia ter feito algo para evitar o deslizamento, mas sim se eles não deveriam ter interditado a via preventivamente.

RD: Na região, sempre tem articulação de deputados, como a questão do Pólo Tecnológico e o Poupatempo, por exemplo. Qual o seu papel como deputado em relação a essas ações?
Orlando:
Quando o prefeito Carlos Grana assumiu a público seu secretário de Obras, Paulinho Serra, logo nos procurou para pedir apoio no Poupatempo de Santo André, no Parque Tecnológico e também na reurbanização da Avenida dos Estados. Logo em seguida marquei uma reunião com o chefe da Casa Civil, deputado Edson Aparecido, e já iniciamos.

RD: Na sua opinião, estes projetos vão andar?
Orlando:
Sim, eles vão andar. Primeiramente, o Poupatempo tinha dúvidas com relação à contaminação da antiga área da Rhodia, mas a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) já deu um laudo mostrando que a área está totalmente apta para as obras, e o Estado deve brevemente abrir o processo de licitação. Quanto à Avenida do Estado, ainda está em discussão para saber quanto será a parte de Santo André. Então o que temos já confirmado e que ficará pronto no menor prazo possível é o Poupatempo e o Parque Tecnológico. Estas são as minhas duas bandeiras, onde me sinto responsável em colaborar e colocar na linha prática, visto que a população está cansada de ouvir falar dessas obras e não vê-las em prática.

RD: Sobre a Chácara Baronesa, há grande consumo de drogas, sendo considerada a cracolândia da região. Quais as atuações nessa área?
Orlando:
Estivemos com Bruno Covas, secretário do Meio Ambiente de São Paulo, com quem ficou o compromisso de fazer todo o monitoramento da região. Uma empresa está sendo licitada onde terá aproximadamente 18 vigias permanentes por turno. Este é o primeiro passo, com a presença dos vigias a ideia é inibir estes usuários de drogas e fazer com que eles deixem o local. Feito isso, a área será cercada, com exceção dos locais já ocupados por aproximadamente 600 famílias, para ser feito o investimento de R$ 4 milhões com pistas de caminhada, playground, academia ao ar livre e uma quadra poliesportiva.

RD: Já tem data prevista para essa obra?
Orlando:
A previsão de início é ainda este ano, a conclusão depende de licitação.

RD: Sobre a Operação Delegada, você é contra ou a favor deste assunto?
Orlando:
Sou favorável. Isso teve início na cidade de São Paulo e hoje, mais de seis mil policiais atuam na Operação Delegada na capital. No final de 2012 aprovamos um projeto de lei na Assembleia permitindo os demais municípios do Estado que tenham interesse em participar. As ações só funcionam se os municípios tiverem interesse, pois é quem paga as horas extras, mas as ações que se tem mostrado são muito favoráveis na redução dos índices de violência, colocando mais policiais equipados para garantir a segurança da comunidade.

RD: Sobre as enchentes na região, sempre se discute a limpeza dos piscinões e fica o jogo de empurra entre o Estado e o município, mas recentemente o governador comentou que poderia ser feita uma PPP (Parceria Pública Privada). Em sua opinião, esse assunto é resolvido dessa maneira?
Orlando:
Desde quando José Serra se tornou governador foi assumida a responsabilidade do Estado. Durante todo o governo de Serra as prefeituras do ABC não se responsabilizaram mais. Foram feitas licitações e há 30 dias o governador assinou a licitação e publicou que serão feitas parcerias público privadas de 20 anos, além da construção de nove piscinões, dois destes no ABC. As prefeituras estão desoneradas desta responsabilidade e o que é mais importante, uma manutenção preventiva e rápida para manter o efeito do piscinão.

RD: Qual a vantagem de se fazer uma PPP?
Orlando:
Principalmente no investimento. Na manutenção é muito pouco, pois é uma empresa permanente que estará atuando, diferente de uma licitação que se faz onde termina a licitação e a empresa não atua mais. A PPP é como se fosse uma empresa terceirizada, que terá a obrigação 24h de fazer o monitoramento com agilidade.

RD: Quanto gira esse contrato?
Orlando:
PPP total é quase R$ 1 bilhão, mas envolve a capital também.

RD: Em Santos vai começar um congresso estadual de municípios, nesse encontro estarão todos os prefeitos e políticos do Estado. Qual a importância desse congresso para a região? Você vai participar? E qual será a pauta?
Orlando:
Eu devo participar um dia, mas não vou apresentar nenhum painel específico, vou lá prestigiar os prefeitos, eu acho que todo congresso é importante se você conseguir tirar conceitos e teses pra serem colocados em prática, quer dizer, qual vai ser a bandeira defendida? Eu não conheço, mas é aumentar o fundo de participação dos municípios? É aumentar o repasse do ICMS para as cidades? É aumentar a participação do IPVA? Então eu acho importante definir uma tese, como uma ação direta de governo, hoje os governantes tem um link muito próximo com os prefeitos municipais, tanto o presidente da republica, quanto o governo do estado. A Dilma fez um encontro de prefeitos em Brasília, o Alckmin fez um mega encontro no memorial da América latina, liberou ambulâncias, caminhões, recursos para a compra de terrenos para a implantação de programas habitacionais, mas é valido, desde que se saia com uma definição, se não vira um roteiro turístico.

RD: Na sua avaliação, o consórcio tem funcionado adequadamente, você não acha que os deputados deveriam participar mais da discussão dos temas no Consórcio?
Orlando:
Eu acho que os deputados podem ser convidados, mas agora tem uma coisa clara, e eu não posso ser incoerente, até porque quem preside agora o Consórcio é um adversário político meu, o Luís Marinho, mas no passado quando aliados governaram eu tinha a mesma tese, o consórcio é de prefeitos, o estatuto do consorcio é claro, então vereadores e deputados para participarem têm de ser convidados, ou mudar o estatuto.

RD: Recentemente até a frente de vereadores quer participar do Consórcio, e o Marinho respondeu que podem participar do conselho, você participaria do conselho?
Orlando:
Se for convidado não teria nenhum problema. Conselho tem um antigo ditado que diz, “se fosse bom não dava, vendia”, mas eu to sempre a disposição e sempre que sou convidado pra algum tema do consorcio nunca me neguei a ir.

RD: A pauta do consorcio é mobilidade também, acho que é a prioridade do Consórcio, você acha que esta em sintonia com o que você discute?
Orlando:
Se os prefeitos conseguissem pelo menos fazer o sincronismo da rede semafórica do Grande ABC, já teríamos um grande avanço nessa área.

RD: Já que você falou do ser adversário Luis Marinho, você faz uma avaliação do governo Marinho? Nesse primeiro governo? Qual é a sua avaliação?
Orlando:
Acabou de ser reconduzido ao cargo, eu não disputei o cargo, muito prematuro pra fazer uma avaliação, até porque ele foi conduzido agora, foi eleito para este mandato. Deixa fluir, não deu nem 100 dias a administração, aparentemente muitos problemas iniciando agora com o Ministério Público, o que é preocupante para a cidade, mas acho que é muito prematuro ainda qualquer avaliação neste momento.

RD: Você na ultima eleição municipal, foi um dos coordenadores da campanha José Serra, até se afastou um pouco do município. Qual foi a sua avaliação do PSDB na ultima campanha eleitoral?
Orlando:
O Serra sem a menor dúvida é o melhor candidato para o partido, teve um ponto crítico que foi a renúncia dele da prefeitura, para ser governador de São Paulo, a população ficou um pouco ressentida com o episódio, deixou bastante em dúvida se ele iria permanecer caso viesse a ser eleito prefeito ou não. Acho que esse foi o ponto mais focado, mais culminante, que resultou a não vitoria do Serra. Foi uma boa experiência, um bom aprendizado, totalmente diferente a eleição da cidade de São Paulo, até porque lá a linha de comunicação é radio, TV, o que eu costuma dizer, a infantaria não tem uma ação tão pratica. Uma boa experiência, natural a gente persegue acumular experiências vitoriosas, essa não foi vitoriosa, mas serviu como uma boa experiência.

RD: Na sua opinião, o Aécio Neves é o candidato do PSDB nas próximas eleições?
Orlando:
Eu acho que ele será o candidato

RD: Na sua opinião ele é o melhor candidato?
Orlando:
Você me perguntou se ele será, não se ele é o melhor, é uma discussão que ainda está em curso.

RD: O José Serra ainda não se definiu…
Orlando:
Não, e o Aécio ainda não conseguiu ainda unir todos os pontos do partido, mas esta trabalhando e eu acredito que deva ele ser o candidato a presidente pelo PSDB, mas é uma discussão em curso ainda.

RD: Voltando a questão regional, qual foi a sua avaliação do PSDB, já que você tem a base em São Bernardo, nas últimas eleições em que o Marinho foi vencedor ainda no primeiro turno?
Orlando:
Eu acho que o PSDB errou em todo o grande ABC, teve um erro de estratégia, primeiro, o maior erro pra mim foi a cidade de Santo André não ter uma candidatura própria, isso foi trágico, o resultado esta aí, o partido que tem uma historia em Santo André não elegeu nenhum vereador, péssimo, como não elegeu nenhum vereador em Ribeirão Pires, que também não teve candidatura própria, já na cidade de Rio Grande da Serra, nós tivemos candidato e não apenas ganhamos a eleição, como elegemos uma grande base. Em São Bernardo também acho que foi um erro não ter candidatura própria, diminuiu o numero de vereadores na câmera, saímos de 3 vereadores para apenas 2, o partido saiu enfraquecido, então minha leitura pessoal é de que foi um erro estratégico a forma como o PSDB se posicionou na região.

RD: Você atuou no primeiro turno com o José Serra, no segundo turno você teve uma atuação forte em Diadema, quais são os grandes desafios da cidade com o Lauro Michels? Candidato do PV, mas o PSDB o apoiou no segundo turno.
Orlando:
O PSDB o apoiou no segundo turno, a candidata Maridite, esposa do José Augusto, esteve formalmente, foi importante para leva-lo à vitoria, o orçamento muito fraco, essa mudança que o supremo deu sobre os precatórios, é um ponto perigosíssimo para Diadema, a cidade já sofreu no passado vários sequestros de receita, o que inviabiliza o governo. O Lauro tá muito dedicado, muito focado, eu sou muito otimista em relação ao governo que ele pode apresentar, ainda está cedo, 90 dias aproximadamente, mas está fazendo um bom ajuste de contas lá, e eu tenho certeza de que chegará ao final do mandato com bastante êxito e uma grande aprovação.

RD: Você como deputado, no que pode auxiliar?
Orlando:
Já encaminhei R$ 500 mil reais em renda parlamentar, como fiz para todas as demais cidades do Grande ABC, tivemos lá tratando com o secretário da implantação de uma fábrica de cultura para Diadema, também estive com o governador pedindo a implantação de um poupa tempo para a cidade, ainda está definindo, se terá ou não, mas enfim, aquilo que o estado puder oferecer, nos estaremos focados para colaborar com o Grande ABC, e consequentemente com Diadema também.

RD: Qual o total das suas emendas? E todas as cidades do ABC receberam as suas emendas?
Orlando:
Não, todas as emendas não, Mauá eu não pude, até porque, tanto o Donizete quanto a Vanessa eram deputados da cidade, o Donizete virou prefeito, então tem dois deputados que poderiam ajudar, eu mandei emenda para Rio Grande, Ribeirão, Santo André São Caetano, São Bernardo e Diadema, apenas Mauá, que realmente nessa primeira leva não foi. Total de R$ 2 milhões, os R$ 2 milhões que o deputado tem direito foram dedicados ao grande abc.

RD: Orlando, se diz nos bastidores que você pode mudar de partido, para o PSD, isso tem um fundo de verdade?
Orlando:
Não, nenhum, quem ta na vida publica sempre ta factível às especulações, não vou nem falar fofoca, especulações. Já falaram que eu ia pra PTB, to bem no PSDB, não vou mudar de partido, no momento to muito tranquilo. Não digo que dessa água nunca beberei, porque a vida é muito longa, mas, não tem nem especulação e nem dialogo nesse sentido.

RD: O presidente do partido, Tobias, disse que precisa ter uma renovação dos quadros, porque uma das razões por ter perdido espaço dentro da disputa eleitoral, foi não ter quadros, você comunga dessa opinião?
Orlando:
Isso é ridículo da parte dele, o melhor quadro que a gente tinha em Santo André, o Paulinho Serra, eles não deram a legenda, a decisão foi do executivo estadual, então, bastante incoerente se é que ele disse isso, estou me reportando pela sua fala, mas, quadro mais renovado que nós tínhamos em Santo André não existe, e eles não deram a legenda para o candidato, então precisa ter pulso firme, menos discurso e mais ação.

RD: Você acha que houve um erro de estratégia, até do partido em não ver isso?
Orlando:
O próprio PTB falou que o nosso candidato tinha sofrido um estupro eleitoral, com essa fala dele, ele resume o erro que foi feito aqui.

RD: Mesmo assim você continua firme no partido?
Orlando:
Muito.

RD: Mudando um pouco de assunto, eu queria falar sobre questão da desoneração da Cesta Básica, a Dilma fez uma desoneração nacional, de alguns impostos, e no Estado, está se discutindo essa questão, como que está isso? Tanto do lado dos supermercados, já que você como empresário faz parte desse segmento, e como político, como você pode unir essas duas coisas?
Orlando:
Na verdade, a desoneração da cesta básica, é um trabalho que a APAS faz há 10 anos, e ela iniciou exatamente por São Paulo, com as chamadas, “primaveras tributárias”, o que acabou se consolidando, e hoje você tem mais de 10 itens da cesta básica, que desde o primeiro governo do Alckmin ficou isenta de ICMS. Inclusive uma lei que é a do Pão, trigo e biscoito sem recheios, eu fui relator, o que zerou a cadeia de impostos. Consequentemente, nós trabalhamos paras ampliar a cesta básica, e também essa desoneração, então vem em bom momento a desoneração oferecida pela presidente Dilma, no caso específico da carne, peixes e frango, hoje não se paga mais nenhum imposto, nem PIS, nem Cofins, nem IPI, e consequentemente nem ICMS, no Estado de São Paulo, nos demais estados eu não tudo tenho isso numericamente trabalhado, em alguns estados ainda se paga ICMS, da carne bovina, em São Paulo não se paga nada, no final do governo do Serra ele desonerou.Agora eu entendo que é fundamental, não tem lógica um país que se discute o fim da miséria, você ter alíquotas de 12% e 18% em produtos que tem consumo e utilização diária, nós levamos uma sugestão ao governador, para ampliar a cesta básica, incluindo produtos de higiene e beleza, você possivelmente na sua época foi criado com fraldas de pano, isso não existe mais, hoje uma fralda descartável 18%, uma alíquota muito alta, se paga, PIS, COFINS, IPI, se paga ICMS sobre escova de dente, então não adianta você isentar o creme dental, se você não consegue oferecer uma escova de dentes, uma série de produtos que nós entendemos que se faz necessário ter uma desoneração de impostos. Nós pegamos isso com base da fonte do DIEESE e do PROCON, que são os 90 itens mais consumidos pela população de baixa renda, que é o publico, C, D e E, então, até nos surpreendeu. Leite condensado aparentemente figura como produto de luxo, e não é, hoje 90% dos lares brasileiros tem leite condensado, no passado onde não se tinha energia elétrica, leite condensado adicionado a água, virava fonte de alimento para as crianças, na falta da época do leite, enfim, estamos trabalhando para continuar desonerando e pra levar uma mesa mais farta com menos impostos na mesa do brasileiro.

RD: Essa medida da Dilma já teve efeito prático no supermercado?
Orlando:
Imediato, não vou falar que o meu é o mais barato que eu estaria fazendo propaganda, mas pode confirmar em toda a rede varejista, produtos perecíveis na primeira semana já teve essa redução de preço, produtos industrializados finalizando estoque, com a reposição, porque você tinha um estoque onde você recebeu com imposto, só quando você faz a reposição não onerada que você vai transferir, no caso sabonete e creme dental. Ao longo do mês de abril todos estarão percebendo, tanto que os jornais já contam uma deflação na parte da cesta básica exatamente com base nessa desoneração que ocorreu.

RD: Pra terminar nossa entrevista, eu queria saber a sua opinião sobre a redução do IPI dos veículos, o governo disse que voltaria as alíquotas antigas e nessa segunda foi publicada a manutenção da redução, você acha que isso deveria ocorrer de forma definitiva, ou de forma paliativa?
Orlando:
Primeiro eu acho que o ministro Guido Mantega está indo muito mal, e não apenas eu, até o próprio partido hoje o condena. Primeiro que em qualquer país do mundo, o ministro anuncia no início de um ano, que foi o que ele fez em 2012, que nós teríamos o crescimento de um PIB de 5%, e terminou com o crescimento de 0.9%, menos de 1%, ele já deveria ter renunciado ao cargo, se fosse uma pessoa honrada que pudesse fazer jus ao cargo que ocupa. Então ele perdeu o respeito na verdade, hoje as pessoas não respeitam mais, nem o mercado e o cenário econômico o que o ministro da fazenda diz, é muito mais respeitado o presidente do Banco Central do que propriamente ele, segundo que não da pra imaginar, seria hipocrisia achar que o governo iria conseguir aumentar alíquota do IPI, no momento que nós estamos aqui patinando no crescimento econômico, isso não sou eu, não é porque eu sou do PSDB que to acusando o governo do PT, são constatações dos maiores economistas de todo o Brasil, não teria o menor sentido você aumentar o IPI, até porque nós sabemos que a industria automotiva tem uma parcela muito importante na economia de um país, o Obama quando ganhou a primeira eleição dele investiu mais na industria automobilística do que nos bancos, mostrando que ela é uma força motriz pra aquecer a economia, ninguém acreditava nisso. O que é ruim, é que você gera um delta de letargia principalmente na rede distribuidora muito grande, então as pessoas antecipam a compra, ou ficavam esperando, quando veio o anuncio de que vai subir para, nós temos amigos que trabalham com redes concessionárias, a venda fica totalmente anestesiada, e você demora um período pra recuperar. É a falta de programação do ministro, eu acho que todos nós sabemos que não teria condições de elevar o IPI, então já deveria ter feito um anuncio prévio.  

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