Valle prevê 11% de crescimento da Coop

Marcio do Valle assume a Coop com gestão de 4 anos / Foto: Rodrigo Lima

É com o desafio de manter a liderança da Coop no ABC, onde a rede participa com 25% do mercado e concentra 70% dos negócios, que o engenheiro químico, de 54 anos, Marcio Francisco Blanco do Valle assumiu neste 1º de abril a presidência da cooperativa de consumo, no lugar de Antonio José Monte.

Valle ingressou na Coop em 1996 e desde então participa das estratégias de crescimento da instituição, que diversificou o mix com postos de combustíveis – dois no Interior e o terceiro para breve em São Bernardo – e drogarias externas, fruto de aprendizado de que para crescer é preciso oferecer muito mais aos 1,6 milhão de cooperados, 66% deles ativos.

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O comércio eletrônico é outro nicho que Marcio do Valle quer deixar sua marca. “Começamos no final de março com o eletroeletrônico e à medida que a operação se consolida partiremos para os farmacêuticos e outros gêneros”, avisa o executivo, que está à procura de espaço no Interior ou ABC para dobrar a área do centro de distribuição da Coop.

A rede fechou 2012 com fornecimento bruto de R$ 1,768 bilhão, volume 6,41% superior a 2011. Em 2013, o faturamento previsto é de R$ 1,95 bilhão e os investimentos serão de R$ 40 milhões entre novas lojas e postos de combustíveis.

RDtv – Quais são seus desafios na presidência da Coop?
Valle – O maior desafio é manter a cooperativa na vanguarda e na liderança, pois somos muito forte regionalmente. Temos 70% do movimento no ABC, mesmo com os grandes concorrentes não só de supermercados, mas no hard discouting (varejo de distribuição com preços mais acessíveis) e atacarejo, além das atividades especializadas, como os hortifrutis.

RDtv – Qual a participação?
Valle – No ABC, em torno de 25% de market share. No Interior é menor, temos apenas três lojas em São José dos Campos, o que dá em torno de 12% de share.

RDtv – Poderá aumentar?
Valle – Sim. O varejo depende deste aumento. Se não cresce, a população cresce, a renda cresce e a concorrência também. Se nada for feito se perde na escala, eficiência, sinergia e no poder de negociação com fornecedores.

RDtv – A Coop diversificou com farmácias externas e postos. Qual a importância disso?
Valle – O nosso formato é o que chamamos de superloja, também com eletro, confecções, bazar e a operação forte de drogarias. Essa operação existe desde 1991 quando absorvemos a cooperativa do ABC, de Santo André, que tinha duas lojas e as duas com drogarias. Houve aprendizado para operar esse negócio e depois começamos a generalizar a implantação das drogarias em todas as unidades. Temos 28 drogarias e abrir uma drogaria nova é mais fácil do que uma nova loja, exige menos investimento. Recentemente abrimos duas unidades sem nenhuma ligação com a loja e a mesma coisa com os postos de combustíveis, um deles anexo à loja e outro externo. O próximo será em São Bernardo, dentro do estacionamento da unidade da Joaquim Nabuco. O modelo é misto e a ideia é atender o cooperado nas suas várias necessidades de consumo, preferencialmente dentro das lojas.

RDtv – O preço é competitivo?
Valle – Sim. Os preços nos postos são alinhados com as outras redes que também trabalham bem mais forte do que as convencionais. E nas drogarias, em março chegamos a ser 32% mais baratos que a concorrência, dependendo do mix de medicamentos, e as lojas de auto-serviço uma diferença de 3 a 5% menor.

RDtv – E os produtos de marca própria são mesmo mais baratos?
Valle – O objetivo é oferecer um custo-benefício mais adequado. A nossa estratégia é manter a qualidade alinhada ao líder da categoria e preços até 20% mais baixos que dependem da negociação e da marca. Com isso, colocamos a credibilidade do cooperado na empresa e na imagem da marca. Então é possível oferecer produtos bons sem custos altos de marketing. As marcas líderes gastam com propaganda para reforçar a imagem. Nós usamos a nossa marca já construída, então o fornecedor não precisa ter este gasto a mais.

RDtv – E comércio eletrônico?
Valle – Já estamos entrando. Em março implantamos a operação piloto apenas para os funcionários e a partir do dia 28 abrimos o site para o público externo. São 38 os municípios da Grande São Paulo que já atendemos a partir do comércio eletrônico. Começamos com o eletroeletrônico e à medida que a operação se consolida vamos para o farmacêutico e os demais.

RDtv – Já refletiu nas vendas?
Valle – Por enquanto é irrisório. Não chega a 1% das vendas, cerca de 0,3% para este ano. Estamos entrando no comércio eletrônico com visão de aprender e oferecer alternativa de abastecimento para o cooperado. Nós queremos ficar tão bons quanto quem já atua bem no mercado.

RDtv – Como fica a distribuição?
Valle – Temos um centro de distribuição em Santo André e uma eficiência logística, que reflete no preço final. Mas estamos chegando ao limite da capacidade no atendimento das 28 unidades [21 no ABC, 3 em São José dos Campos, 2 em Sorocaba, 1 em Piracicaba e 1 em Tatuí].

RDtv – Haverá ampliação ?
Valle – Sim, estamos procurando alguma opção dentro ou fora do ABC para montarmos outro centro de distribuição. Além do que não temos centro de distribuição para drogarias, temos uma central de panificação que produz para todas as unidades, que poderia estar integrada neste novo centro. Se tivermos uma área duas vezes maior da que temos hoje será rapidamente preenchida.

RDtv – Os 5,8 mil funcionários são cooperados? Qual o perfil deles?
Valle – A maioria é cooperada, com adesão livre. Há esforço em colocar na formação inicial não só os aspectos técnicos da função, como os de cooperativismo. O funcionário tem de entender que quem está do outro lado não é cliente, é um dono. A cooperativa é a única forma de comércio onde o dono é o cliente ao mesmo tempo.

RDtv – O consumidor da Coop é diferenciado?
Valle – Com certeza. O cooperado tem uma possibilidade muito maior porque ele também é dono. Mesmo que não esteja trabalhando, ele acompanha os resultados, pois, no final do ano, o que sobra nas operações – que seria o lucro numa empresa de capital – é devolvida a ele na proporção da sua operação com a cooperativa.

RDtv – Quanto foi o retorno em 2012?
Valle – De maneira geral foi cerca de R$ 14 milhões. Uma parte foi capitalizada direto na conta de capital do cooperado e a outra parte devolvida em valor ou em desconto nas compras. Para este ano temos faturamento previsto de R$ 1,95 bilhão, além de orçamento de investimentos de R$ 40 milhões entre novas lojas, postos de gasolina etc.

RDtv – Houve mudança de estatuto na Coop. O que mudou e o que representa para o cooperado?
Valle – Agora há um Conselho de Administração, que faz o controle de gestão, e o Conselho de Diretoria, que é o executivo da gestão. Para o cooperado não haverá muita diferença diretamente, mas em longo prazo será a força de dois órgãos realizando a cobrança de resultados. Ele pode a qualquer momento participar das reuniões e assembleias.

(Colaborou Iara Voros)

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