Benevides critica Volpi por desviar destino de recursos ao turismo

Assumimos a Prefeitura com uma dívida muito grande, cerca de R$ 41 milhões com fornecedores, diz Benevides.

Apesar de amargar uma dívida de cerca de R$ 41 milhões com fornecedores, Ribeirão Pires comemora 59 anos de emancipação política nesta terça-feira (19/03) com vários para alavancar o desenvolvimento local. Um projeto de lei de Incentivo Fiscal deve ser encaminhado à Câmara para reduzir os tributos. Com isso, a cidade entrará na guerra fiscal para atrair novas empresas. Outro álibi será a alça do Rodoanel, projeto que deve ter recursos do Estado e que vai facilitar a entrada de novas empresas na cidade. O prefeito Saulo Benevides (PMDB) garante que as duas demandas vão sair sim e há áreas disponíveis e com preço competitivo. “Temos apoio na Câmara e também já pedi recursos do Estado para tudo isso”, diz.

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Esse ano, segundo Benevides, Ribeirão Pires vai receber cerca de R$ 4,4 milhões do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias). “O departamento diz que você tem de investir em projetos de turismo, e no governo passado (Clóvis Volpi, do PV) se investiu em infraestrutura. Se você só faz isso, o turista não vem. Para esse ano, já temos projetos bacanas, mas infelizmente várias áreas não estão documentadas, e o Dade só aceita o projeto se você apresentar a certidão de posse, a escritura. Nesta área, pretendemso construir a Cidade Encantada, que está no meu plano de governo. Teríamos a casa do Papai Noel, Casa do Coelho, Castelo da Cinderela, etc.”, diz o prefeito.

Outros desafios que Ribeirão Pires terá de enfrentar estão na educação, saúde e turismo. Na saúde, o município precisa concluir as obras do hospital, que terá 125 leitos, e principalmente conseguir recursos para custear o empreendimento. Com déficit de quase 800 crianças à espera de vaga em creches, Saulo Benevides conta que precisa melhorar, de fato, a qualidade na educação. No turismo, o Festival do Chocolate está confirmado, mas outros projetos terão de esperar um pouco para serem executados, inclusive para sustentar o título de estância. Confira os principais trechos da entrevista concedida pelo prefeito Saulo Benevides ao RDtv.

RD: Qual o balanço que você faz nesses primeiros dois meses e 11 dias à frente do Paço?
Saulo Benevides:
Assumimos a Prefeitura com uma dívida muito grande, cerca de R$ 41 milhões com fornecedores. Então, esses dois primeiros meses foram de momentos muito difíceis porque os fornecedores queriam parar de fornecer. Temos alguns setores extremamente importantes, como a saúde. Então, esses dois primeiros meses serviram para a gente lidar com a dívida deixada pelo prefeito anterior, Clóvis Volpi (PV), e para gerenciar todos esses problemas que nós tivemos. Este período não foi muito positivo.

RD: A transição foi ruim?
Benevides:
Esse foi o problema. Não houve transição política na cidade. Esses primeiros 60 dias serviram mesmo para administrar dívida de quase 25% do orçamento, que é de R$ 240 milhões, com fornecedores, fora os precatórios. Mas temos percebido que as coisas estão melhorando. O que existia era muito desperdício, muito dinheiro jogado fora.

RD: Os fornecedores já começaram a receber?
Benevides:
Na verdade, fizemos uma composição. De janeiro para cá, a gente vem pagando em dia. O passado nós não pagamos, não tem como pagar e administrar a cidade. Pagamos os funcionários e as entidades que a antiga Administração não tinha pagado. Agora, com os fornecedores diretos, fizemos uma composição. A gente pretende, no final do ano, negociar uma proposta que apresente de 30% a 50% de desconto para o município. Aí, sim faremos o parcelamento.

RD: Uma das atividades que têm mais visibilidade na região é o Festival de Chocolate. Essas dívidas comprometem o festival?
Benevides:
Não vou negar, comprometem, sim. A gente até pensou na possibilidade de talvez não realizar o evento, mas repensamos e vamos fazer. Eu determinei uma missão para o secretário de Turismo, que é fazer o Festival de Chocolate com a mesma qualidade, mas por um valor bem menor do que foi feito no último ano. A gente tem essa meta, já dei uma olhada no orçamento e acredito que vamos conseguir fazer.

RD: Outra questão é que tivemos notícias de que Ribeirão Pires poderia perder o status de estância por não investir em obras de turismo. Como que está essa situação?
Benevides:
Esse ano, Ribeirão Pires vai receber cerca de R$ 4,4 milhões do Dade [Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias]. O departamento diz que você tem de investir em projetos de turismo, e no governo passado se investiu em infraestrutura. Se você só faz isso, o turista não vem.

RD: Você já conversou com o governo do Estado para encaminhar a questão?
Benevides:
Sim. Para esse ano, já temos projetos bacanas, mas infelizmente várias áreas não estão documentadas, e o Dade só aceita o projeto se você apresentar a certidão de posse, a escritura.

RD: Qual seria esse projeto?
Benevides:
A Cidade Encantada, que está no meu plano de governo. Teríamos a casa do Papai Noel, Casa do Coelho, Castelo da Cinderela… Iríamos fazer todos os eventos nesse espaço, mas este ano não é possível apresentar esse projeto porque a Prefeitura não dispõe de área documentada. Mas dentro dos quatro anos de mandato, colocaremos em prática.

RD: Como prefeito, o senhor tem uma cadeira no Consórcio Intermunicipal Grande ABC. Já participou do Encontro Nacional de Novos Prefeitos, em Brasília. Como que está essa relação para buscar novos recursos para a cidade?
Benevides:
Já apresentei algumas reivindicações ao presidente do Consórcio, Luiz Marinho, sobre a questão de investimentos em infraestrutura na região. Porque quando você fala de investimentos em Ribeirão Pires, você também fala de Rio Grande da Serra e de Mauá. Nós abordamos uma situação muito importante, que é a saúde. Temos um hospital aqui que não foi concluído, que vai atender toda a região, além de Suzano, na divisa com nossa cidade. Eu passei para o Marinho a nossa dificuldade. É um projeto grande para Ribeirão Pires. São 125 leitos. Para a gente inaugurar um projeto desse porte, nossa maior preocupação é com o custeio. Precisamos de apoio, uma agenda com os governos estadual e federal, uma interferência do Consórcio para que as outras esferas possam nos ajudar no custeio do projeto, que também deve ajudar Mauá, desafogando o Hospital Nardini. Também colocamos em pauta a possível duplicação da rodovia Índio Tibiriçá, que entrou na pauta de Mobilidade. Com essa questão do Rodoanel passar pela nossa cidade, a gente entende que a duplicação é necessária.

RD: Tem alguns deputados estaduais, como Vanessa Damo (PMDB), Alex Manente (PPS) e Orlando Morando (PSDB). Esses deputados têm ajudado com emendas para a Prefeitura?
Benevides:
Temos mais proximidade com a Vanessa Damo, que nos encaminhou para a cidade, em fevereiro, cerca de R$ 3,5 milhões para pavimentação e infraestrutura. Também recebi os deputados Orlando e Alex. Todos estão comprometidos com o desenvolvimento da cidade. Em relação ao PPS, a eleição terminou em outubro. Conversei bastante como o Dedé, que colocou o partido à disposição. Essa semana, Alex Manente esteve aqui trazendo R$ 400 mil em infraestrutura, a pedido do Dedé. Eles estão dando agora o retorno após o resultado das últimas eleições.

RD: Como está a relação do Executivo com os vereadores? Quais os projetos mais importantes que serão encaminhados?
Benevides:
Conversei com todos os vereadores e a grande maioria aprovou o nosso plano de governo. Foi o plano de governo que venceu as eleições. Hoje, temos a maioria na Câmara. Temos hoje 17 vereadores. Na base de sustentação, eu tenho 16. O relacionamento é tranquilo. Temos o projeto de Refis para encaminhar à Câmara, que visa o refinanciamento dos débitos. Quem deve IPTU e ISS terá a oportunidade de quitar seu débito por um valor melhor, porque vamos excluir os juros abusivos e parcelar. Hoje, a cidade tem cerca de R$ 230 milhões em dívidas, como pessoa física e jurídica. Outro projeto importante é voltado para o turismo. Com apoio do vice-presidente da República, Michel Temer [PMDB], estamos apresentando ao Ministério do Turismo um projeto para teleférico, orçado em cerca de R$ 15 milhões, proveniente do governo federal, sem contrapartida da Prefeitura.

RD: A sua vice, a Leonice Moura [PSC], criticou bastante para o RD o modo como ela recebeu a Secretaria de Educação. A situação é realmente precária?
Benevides:
Nós assumimos a educação com déficit de quase 800 crianças esperando vagas em creches. Precisamos de novas creches e melhorar a qualidade da educação. Passavam para a população uma coisa que não existia, que Ribeirão estava classificada como segunda melhor cidade em matéria de educação. Não é o que a gente avaliou. Ainda teremos muito trabalho no setor.

RD: Outra questão comentada é a construção de uma alça do Rodoanel. Qual será o impacto para a cidade?
Benevides:
Nós pregamos na campanha que iríamos investir em desenvolvimento. O prefeito anterior entendia que uma alça do Rodoanel não era interessante. Eu busquei o governador Geraldo Alckmin (PSBD) para solicitar a alça. Ribeirão Pires possui percurso de 16 km, e precisamos da alça. Eu argumentei que precisamos, porque há o projeto de lei de Incentivo Fiscal, que a Câmara deve aprovar, baixando os tributos. Vamos entrar na guerra fiscal, e a alça do Rodoanel vai facilitar a entrada de novas empresas na cidade.

RD: Qual será o perfil dessas empresas, já que Ribeirão Pires está em área de manancial?
Benevides:
Essa é outra missão, a de acabar com essa concepção negativa, de que nada pode se instalar em Ribeirão Pires. O que não pode é entrada de empresas poluentes. Empresa não poluente pode, sim, se instalar aqui. Inclusive, para construção de até 10 mil m², o município tem área disponível. Temos 105 km², somos o terceiro maior município em território. O m² aqui é muito mais barato do que qualquer outra cidade do ABC, e estamos bem localizados, próximos à Capital e à Baixada Santista. Será mais um argumento para empresas virem para nosso município.

RD: Dia 19, Ribeirão Pires faz 59 anos de emancipação política. Apesar de toda essa situação, a cidade vai ter uma programação modificada?
Benevides:
Teremos alguns eventos, como o Ressoar, sem custo, e o desfile tradicional em nossa cidade. Esse ano será um pouco mais tímido, porque estamos evitando mesmo de gastar algum recurso porque não temos. Mas teremos uma das melhores festas em nossa cidade. 

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