Anistia critica o caveirão da polícia do RJ

Em seu relatório sobre a violência no Brasil, store a Anistia Internacional fez duras críticas ao veículo blindado usado pela polícia fluminense, conhecido como caveirão. Se para a polícia é uma ferramenta de proteção, o documento o aponta como “símbolo poderoso de militarização crescente do policiamento”. Além de fazer referências contundentes a respeito do blindado no documento, a Anistia estampou frases do governador Sérgio Cabral (PMDB), do período da campanha, em 20 mil cartões postais como parte de campanha internacional contra o uso do caveirão.

A idéia é lembrar o governador sobre suas antigas posições. São frases como “Não dá para fazer segurança pública com caveirão”, proferida por Cabral num debate em novembro passado. Os postais serão enviados de 20 lugares diferentes do mundo. “Houve uma mudança no discurso. A Secretaria de Segurança Pública é bem mais cautelosa em relação ao caveirão, à ação letal pela polícia. Mas entre o discurso e a ponta (os policiais que estão na favela) há um abismo. E não houve transformação nas práticas da polícia”, afirmou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que está à frente da luta contra o caveirão.

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Ele lembra que a polícia tem nove blindados, que começaram a ser utilizados em 2000. “De lá para cá, o número de policiais mortos em serviço se manteve o mesmo, em torno de 40 anuais, mas o número de civis mortos alcança a casa dos mil por ano”, criticou. Ele acredita que a campanha de postais, lançada em março do ano passado, tenha alcançado resultados. “O caveirão era invisível para a sociedade. Só existia na favela. Hoje é um debate público”, afirmou o parlamentar.

O secretário de Estado José Mariano Beltrame disse que não recebeu oficialmente o relatório da Anistia Internacional. “Fiquei sabendo pela imprensa, mas acho uma leitura míope. Nossa política é de inteligência policial e de qualificação da investigação. Fizemos excelentes trabalhos, mas existem demandas de pronto-atendimento, cujo equalizamento é impossível”, afirmou. Ele lembrou que a geografia carioca dificulta a ação policial. “O Rio possui disposição geográfica não encontrada em nenhum outro lugar do mundo e permite a esses núcleos de violência capilaridade em todos os lugares”.

Colaborou Pedro Dantas, especial para o Estado

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