A lição que o ABC ainda não aprendeu

O ABC é uma das regiões mais importantes, não apenas de São Paulo, mas do País. Um estudo recente da consultoria Target Market apontou a região como o quinto maior mercado consumidor do Brasil, com potencial de consumo de aproximadamente R$ 50 bilhões para 2012, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Belo Horizonte.

Por outro lado, a região conta com diversas instituições de ensino e universidades, que contribuem para a geração de conhecimento por meio de pesquisa. Mas então como transformar todo este conhecimento em riqueza social? Como promover o encontro entre o ambiente empresarial e o acadêmico?

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Foi esta pergunta que norteou o estudo “Parceria entre universidade e entidades empresariais no Grande ABC Paulista: a integração ensino-pesquisa e a prática empresarial”, parte de uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Metodista de São Paulo sobre a estrutura competitiva responsável das organizações do Grande ABC Paulista e os seus desafios para o desenvolvimento sustentável.

O que se constatou é que existe um latente descompasso entre o pensamento acadêmico e a realidade empresarial. Ou seja, o que deveria ser um caminho de mão dupla, com o conhecimento produzido nas universidades extrapolando seus muros e chegando às empresas e estas investindo parte de seus lucros em pesquisa e desenvolvimento, acaba não ocorrendo, com obstáculos de ambos os lados. Quem perde é a região, que acaba se mostrando menos competitiva, tanto em âmbito nacional, como internacional.

Um destes obstáculos foi a constatação de uma aparente desvinculação dos documentos setoriais, regionais e nacionais que regulam, esclarecem e fornecem bases estratégicas para o desenvolvimento da relação universidades-empresas, com as práticas da universidade e das empresas. Esse é o caso do PNPG 2011-2020 (Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020) e do segundo PRE (Planos Estratégicos Regionais da Região do Grande ABC Paulista), que praticamente passaram despercebidos nas análises discutidas com representantes das instituições de ensino superior e empresas.

A geração de ciência e tecnologia de forma cooperativa promove o aumento da credibilidade na relação universidade-empresa, difundindo assim o conhecimento e realizando sua função social de transformar conhecimento em riqueza social. Países desenvolvidos e que obtiveram rápido crescimento nas últimas décadas, como a Coreia do Sul, já se deram conta disso. Cabe ao ABC também aprender esta lição.

Professor José Antonio Massaroppe é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Metodista de São Paulo
 

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