
Um trecho da Rodovia Índio Tibiriçá (SP-031), na altura do Km 46, em Ribeirão Pires, tem gerado queixas entre motoristas por conta da sinalização confusa de limite de velocidade nas proximidades de um radar.
Isso porque, em poucos metros, o limite cai de 80 km/h para 60 km/h, com a câmera de fiscalização posicionada logo em seguida – o que, segundo os condutores, não oferece tempo seguro para reduzir a velocidade.
Um motorista que prefere não ser identificado relata que a Rodovia Índio Tibiriçá é conhecida por ser uma das vias mais perigosas do Estado de São Paulo e que esse tipo de instalação pode aumentar ainda mais o número de acidentes. “Pensamos que os radares poderiam ajudar os motoristas e fazer com que o número de acidentes caísse consideravelmente, mas, com esse tipo de instalação e a falta de fiscalização quanto às sinalizações, a situação tende a piorar”, reclama.
Outro motorista reforça: “Parece pegadinha. Encheram a Tibiriçá de radar sem sinalização adequada”, afirma Adriano Fonseca, ao destacar que esse tipo de sinalização pode induzir os condutores ao erro.
A queixa é respaldada por especialistas. A professora de engenharia civil da Fundação Santo André, Fátima Alves Tostes, afirma que a sinalização pode estar em desacordo com as normas técnicas. “A placa de 80 km/h indica o limite da via em condições normais, mas não significa que o condutor deva manter essa velocidade em áreas com acessos ou trevos, onde o ideal é sinalizar o limite de 60 km/h com antecedência”, explica.
Fátima ressalta ainda que a instalação de radares deve seguir um padrão: primeiro, a sinalização indicando a existência de fiscalização; depois, a placa com o novo limite de velocidade; só então, o radar. “Na Rodovia Anchieta, por exemplo, há uma transição gradual: o limite cai de 90 para 70 km/h em cerca de dois quilômetros, com sinalizações visíveis e espaçadas”, compara.
DER diz que segue normas, mas admite possibilidade de revisão
Procurado pela reportagem, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP) informou que a sinalização e o radar no trecho seguem as diretrizes da Resolução Contran nº 798/2020 e o Manual de Sinalização de Trânsito do próprio DER. Segundo o órgão, as placas estão dispostas de forma a garantir a visibilidade e o tempo necessário para adaptação dos condutores à nova condição da via.
Embora a legislação não determine uma distância mínima entre placas de diferentes velocidades, ela exige que a transição seja compatível com a segurança viária. Em casos de redução brusca — como de 80 km/h para 60 km/h — deve haver uma justificativa técnica, como a presença de curvas acentuadas ou travessias escolares.
O DER afirmou ainda que realiza monitoramentos e revisões periódicas nas sinalizações. Reclamações de motoristas, como a registrada nesse trecho, podem motivar a abertura de um processo técnico para avaliação e eventual readequação.