
A negociação entre oito empresas que prestam serviços na área de construção civil dentro da Braskem, no polo petroquímico de Capuava, em Santo André, e os trabalhadores não teve resultado nem com a mediação da Justiça do Trabalho e na manhã desta segunda-feira (09/06), em assembleia, os operários resolveram cruzar os braços. A categoria propõe um reajuste de 7,32% sobre os salários, mais 10% nos benefícios como vale alimentação, cesta de Natal e PLR (Participação nos Lucros e Resultados), já as empresas oferecem 6% de aumento. As oito empresas empregam cerca de 1,4 mil funcionários.
A Braskem diz que acompanha as negociações e que as operações da petroquímica não serão afetadas com a paralisação que, segundo o Construmob (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Construção Civil e do Mobiliário de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) chegou a 85% de adesão neste primeiro dia de greve.
Segundo Mauro Coelho, secretário geral do Construmob, as empresas entraram com um dissídio no Tribunal Regional do Trabalho e na audiência de tentativa de conciliação, no sábado (07/06) não houve acordo. “O juiz fez a proposta de 6,5% de reajuste nos salários e de 7,32% nos benefícios, além de 16% de aumento a PLR. A gente ainda argumentou que a proposta não era aceitável porque em outras refinarias, como em Cubatão foi dado o reajuste de 7,32%. Levamos para a categoria mesmo assim e os trabalhadores não aceitaram. A assembleia recusou a proposta e o tribunal ainda estipulou uma multa de R$ 150 mil para o sindicato”, explicou o sindicalista.
Há esperança de novas propostas surgirem para audiência que está marcada para esta terça-feira (10/06). “Diante da greve, de repente eles (empresas) melhoram a proposta, porque está muito perto de se conseguir. A própria Braskem poderia ajudar na composição com as empresas. As empresas alegam que atuam em serviços essenciais e que não podem parar, nós entendemos que não são, mesmo assim uma parte pequena dos trabalhadores estava lá dentro nesta segunda-feira, para não prejudicar a segurança”, disse o secretário do sindicato.
Ainda de acordo com Coelho as empresas que trabalham para a Braskem têm trazido dificuldades nas últimas negociações salariais. “Já é o terceiro ano que depois de duas ou três rodadas de negociação elas levam para o tribunal esperando um reajuste menor. Nós estamos abertos à negociação, queremos voltar para a mesa e conversar porque está muito perto de se chegar a um acordo”, completa.
A Braskem informou em nota que não participa da negociação mas estimula a negociação. “Na manhã de hoje (09/06), o Construmob realizou uma assembleia com seus associados, colaboradores das empresas terceirizadas que prestam serviço para Braskem, para apresentar e deliberar sobre a proposta de renovação do acordo coletivo da categoria. A Braskem não participa das negociações, mas acompanha o processo e incentiva o diálogo construtivo entre as partes envolvidas. As nossas operações seguem em normalidade e não foram impactadas pela paralisação momentânea”, diz o comunicado.
São oito empresas que prestam serviços dentro da Braskem no setor da Construção Civil. São elas: Chiarelli & Wetzel, In Haus Industrial,
Manserv Montagem, Tecnosonda, Cascadura Group, Priner Serviços, Macseal Service e FM2C. O RD tentou contato com todas elas, por e-mail e ligação telefônica, mas, até o fechamento desta matéria, apenas a Priner se manifestou e disse que o sindicato dificulta a entrada dos trabalhadores.
“A informação é de que a greve está sendo liderada pelo sindicato de construção civil dos trabalhadores, Construmob, que está dificultando o acesso dos colaboradores para realização das suas atividades nesta unidade. A Priner, em conjunto com outras empresas, está tomando as medidas cabíveis para continuar com suas atividades laborais no local”, diz o comunicado da Priner Serviços. O espaço está aberto às demais empresas e esta matéria será atualizada assim que se posicionarem.