
A atriz-dançarina teatral Evinha Sampaio iniciou uma vaquinha para arrecadar R$ 30 mil com o objetivo de publicar mil cópias do livro resultante de seu pós-doutorado. As edições serão distribuídas gratuitamente, como forma de democratizar o acesso ao conhecimento gerado.
A obra investiga as produções acadêmicas e artísticas em Artes Cênicas e sua relação com a sociedade contemporânea. Acesse a vaquinha e veja o vídeo de divulgação: Cepeca: um coletivo de individualidades 2007-17
“Eu venho do palco”, resume Evinha, cuja trajetória é atravessada pela arte. Atriz e dançarina de teatro, ela sempre manteve sua formação acadêmica voltada para as Artes Cênicas, com mestrado, doutorado e agora o pós-doutorado conectados ao universo artístico.
O foco do trabalho é o Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator (Cepeca), ligado à ECA-USP, instituição com a qual Evinha tem forte vínculo. “É um lugar que merece este registro”, afirma. A supervisão da obra ficou a cargo da professora doutora Maria Silvia Betti, destacada por Evinha como referência na área.
Durante o doutorado, a artista atuou como secretária-executiva do Cepeca por cinco anos e meio, período em que assumiu diversas funções e estreitou sua relação com o Centro. O livro é, portanto, uma homenagem ao lugar e, também, homenagem póstuma ao Prof. Armando Sérgio da Silva, fundador do Cepeca. A pesquisa analisa, em um recorte de dez anos, se as produções do grupo dialogavam com a sociedade ou se permaneciam restritas ao meio acadêmico. “Eu verifiquei que estávamos, de fato, conversando com a sociedade”, diz.
A autora ressalta que o objetivo do livro é compartilhar com outros artistas e pesquisadores os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos na universidade pública, de forma gratuita e acessível. Ela também aponta o potencial político do trabalho. “Quis verificar se essas produções podiam ser entendidas como uma resistência à lógica neoliberal — se estávamos, de fato, criando algo novo, coisa que a indústria cultural muitas vezes não permite”, frisa.
Durante dois anos e meio de pós-doc, Evinha analisou as produções dos dez primeiros anos do Cepeca, incluindo 23 dissertações de mestrado e 10 teses de doutorado, sob a perspectiva crítica da Indústria Cultural (Adorno e Horkheimer) e do neoliberalismo (Dardot e Laval). “É um trabalho de resistência à sociedade egóica e narcisista que estamos vivendo”, conclui.