
Mauá começou esta quarta-feira (04/06) sob protesto pela morte de Grabriela Mariel Silvério, de 33 anos, que foi assassinada pelo marido no Jardim Zaíra, em Mauá, onde morava. Este é o sexto feminicídio registrado no ABC somente neste ano, 50% mais casos do que no ano passado inteiro, que teve quatro crimes do tipo. A vítima lutava pelo fim da violência contra mulheres, sendo integrante do Movimento de Mulheres Olga Benário um grupo que, juntamente com outras entidades organizou um protesto na estação de Mauá, contra mais esse crime de gênero.
Segundo o movimento de mulheres cerca de 160 pessoas participaram do ato que ocorreu logo nas primeiras horas da manhã. “Gabriela era militante do movimento de mulheres, mãe solo de uma menina de 9 anos, trabalhadora na escala 6×1, PCD (Pessoa com Deficiência) e dedicou os últimos meses da sua vida na luta pelo enfrentamento à violência contra às mulheres e os feminicídios, do qual foi vítima”, disse o movimento de mulheres, em nota.
O ato teve participação do DCE-UFABC (Diretório Central Estudantil da Universidade Federal do ABC), da Ares-ABC (Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do ABC), do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) e do UP (Partido Unidade Popular), ao qual Gabi era filiada.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública) o companheiro da vítima e acusado do crime foi preso ele confessou ter assassinado Grabriela. “Um homem de 31 anos foi preso em flagrante por feminicídio na madrugada desta terça-feira (3) no bairro Jardim Zaíra, em Mauá. Policiais militares foram acionados e detiveram o autor, que confessou o crime. A perícia foi acionada e o caso foi registrado no 1º Distrito Policial da cidade”, diz nota da pasta de segurança.
Escalada
Os números oficiais da SSP mostram a escalada deste tipo de crime. No ano passado inteiro quatro mulheres perderam a vida no ABC em crimes registrados como feminicídio. Todos os crimes ocorreram entre outubro e dezembro. Importante destacar que não é toda mulher assassinada cujo crime é assinalado como feminicídio, o crime precisa ter sido motivado pela condição da vítima ser mulher.
Neste ano, somente de janeiro a abril, foram cinco feminicídios registrados na região, um a mais do que em todo o ano passado. Com mais este caso de Gabriela, já são seis mortes de mulheres em 2025.

O primeiro caso deste ano aconteceu em janeiro e vitimou uma mulher de 39 anos em São Bernardo. Ela foi morta ao ser atingida por um objeto contundente. Em março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, foram três feminicídios, sendo dois em Santo André, onde mulheres de 61 e 64 anos foram mortas a facadas; o terceiro aconteceu em Diadema onde uma mulher de 34 anos foi morta por espancamento. Em abril uma mulher de 38 anos foi morta em Santo André, a causa da morte foi enforcamento.
Uma importante demanda da região é a instalação de DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) que funcionem 24 horas, o que o ABC ainda não tem nenhuma. “Nos últimos meses, Gabi reunia mulheres e junto ao movimento estava colhendo assinaturas para o baixo assinado por uma delegacia 24h em Mauá. Essa era também uma das pautas da Ocupação da Mulher Operária na cidade de São Caetano, onde Gabi trabalhava e coordenava mulheres operárias”, informou o Movimento Olga Benário.
Gabriela Mariel foi sepultada às 10h no Cemitério Santa Lídia, em Mauá.