ABC - quarta-feira , 9 de julho de 2025

Furtos de rodas se multiplicam em duas cidades; população cobra segurança

Em menos de dois dias, Santo André registrou dois furtos de rodas de veículos (Foto: Reprodução/Facebook)

A onda de furtos de rodas de veículos continua a preocupar moradores do ABC. Após uma série de ocorrências em Santo André, um novo caso registrado no Complexo Poliesportivo, em São Bernardo, durante a semana, o que reforça o alerta sobre a crescente insegurança nas ruas da região.

O RD já havia publicado matéria sobre o assunto há cerca de duas semanas, mas parece que o problema não recuou. Pelo menos sete novos furtos foram relatados somente entre Santo André e São Bernardo, em menos de um mês, de acordo com moradores e vítimas. Os crimes ocorrem em diferentes horários e regiões – inclusive em locais movimentados – e afetam diretamente a rotina de quem depende do carro no dia a dia.

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Em Santo André, casos recentes aconteceram no Parque Central, na Vila Assunção, e na rua Campos Sales, no Centro, onde veículos foram encontrados apoiados sobre pedras ou macacos hidráulicos. Outro caso que gerou indignação ocorreu no estacionamento de uma unidade do McDonald’s na avenida Perimetral, onde criminosos deixaram o carro suspenso apenas por um macaco após o furto de duas rodas.

“Dá um misto de desânimo e medo ao sair da nossa casa de carro, porque não sabemos se vamos conseguir voltar sem prejuízos”, desabafa o assistente comercial Dalton Freitas, de 58 anos. Segundo ele, os prejuízos chegam facilmente a R$ 6 mil em casos de furto de rodas. Uma moradora da Vila Bastos, que prefere não se identificar, conta que já deixou de estacionar na rua. “Você estaciona e não sabe se vai encontrar o carro inteiro de volta”, diz.

Justiça também é alvo de críticas
A insatisfação da população não se limita à atuação das forças policiais. Muitos moradores também culpam a Justiça pela rápida liberação dos criminosos. “Prendem hoje e amanhã estão na rua de novo. O problema é o sistema, é a Justiça que solta”, diz um morador do bairro Jardim Santo André.

Esse ponto também foi levantado pelo coronel Fernando Carvalho, comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar, em entrevista anterior ao RD: “Temos trabalhado muito na prevenção de furtos e roubos, contudo criminosos presos por furto são postos em liberdade na audiência de custódia na manhã seguinte. É a porta giratória do crime”, diz.

Dados oficiais reforçam a preocupação
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), somente no primeiro trimestre de 2025, a região central de Santo André registrou 500 ocorrências de roubos e furtos — sendo 96 roubos e 404 furtos. Já a Vila Assunção somou 216 registros (39 roubos e 177 furtos).

Em São Bernardo, apesar de a maioria dos relatos ainda se concentrar em outras cidades, o caso recente no Poliesportivo também reacende a discussão sobre a eficácia das ações preventivas na cidade.

Mercado clandestino alimenta o crime
Para o professor de direito penal e coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS, David Pimentel Barbosa de Siena, os furtos de rodas fazem parte de uma cadeia criminosa estruturada. “Existe um mercado que consome peças sem comprovação de origem, e enquanto isso não for combatido, o ciclo continua”, explica.

Ele também reforça as medidas de prevenção, como evitar estacionar em locais isolados, utilizar alarmes com sensores de elevação e instalar parafusos antifurto nas rodas. “Se o carro está em uma rua erma, escura, o crime fica mais fácil”, afirma.

Siena defende que o combate deve ir além das abordagens nas ruas. “É fundamental ampliar o patrulhamento, mas também intensificar a investigação sobre os receptadores. Sem isso, o problema continuará”, finaliza.

Ações em andamento
Em nota, a SSP informou que a Polícia Civil realiza diligências para identificar os autores dos furtos e que houve intensificação na fiscalização de ferros-velhos e comércios de peças automotivas, principais pontos de receptação.

A Polícia Militar afirma que mantém patrulhamento nos pontos mais críticos, com atenção especial às áreas mais afetadas. Mesmo assim, moradores relatam mudanças de hábito, como evitar deixar os veículos na rua e buscar opções como estacionamentos pagos ou proteções mecânicas.

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