Regran vê concorrência desleal com postos de supermercado

Eleito nesta segunda-feira (17/09) como o novo presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR), o empresário Wagner de Souza afirmou que pretende equilibrar a relação dos postos de rua com os estabelecimentos localizados dentro de supermercados, em situação que considerou como concorrência desleal.

“É um fato que nos incomoda, pois os revendedores reclamam muito. Os valores praticados nos hipermercados são os mesmos que pagamos para revender. Existe algo que ainda precisamos entender e só vejo uma solução que é subir a discussão com outros sindicatos e levá-la para o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes)”, projetou.

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A declaração foi concedida em entrevista exclusiva ao RDtv nesta terça-feira (18/09), onde Souza também analisou o mercado e fez considerações sobre o etanol, que não consegue emplacar como opção vantajosa para os donos de carros flex. “Na dúvida, o consumidor prefere a gasolina, pois se sente mais seguro. Se o motorista abastece com etanol e depois o preço sobe, como acontece, ele acaba achando que esta mudança pode trazer prejuízos para a mecânica de seu veículo”, pontuou, ao ressaltar que o derivado ainda não possui credibilidade e que é preciso investir em processos para que o cenário possa mudar.

Confira os principais trechos da entrevista:

RD: Quais os principais planos de sua administração, que se inicia em outubro e termina em 2015?
Wagner de Souza:
A intenção é qualificar cada vez mais os nossos revendedores, para que tenham segurança de trabalho, mostrar que ainda vale a pena ser sério neste país.

RD: Como contribuir para que os comerciantes possam gerir de maneira melhor os estabelecimentos?
Souza:
Primeiro é qualificar, já que de forma simples é possível diminuir possíveis prejuízos, se a fiscalização encontrar algo desconforme, a multa é altíssima. Temos corpo de pessoas que participam de reuniões sistemáticas, onde procuramos buscar alternativas para melhorar as receitas e diminuir despesas, para que o empresário possa manter a parte financeira sadia, já que a concorrência é muito forte. Também temos corpo jurídico à disposição de nossos associados, para dar apoio nas questões legais, atender processos trabalhistas e solucionar problemas junto a outras entidades, como a CETESB.

RD: Há algum levantamento em relação ao numero de autuações dos postos do ABC?
Souza:
Temos estudos realizados junto à ANP (Agência Nacional de Petróleo), que é o órgão fiscalizador federal, que demonstra que nos últimos anos diminuiu muito o numero de casos de adulterações, de sonegação fiscal e de multas por falta de orientação dos funcionários.O número de postos com problemas é de cerca de 5%, em outros tempos, este índice chegou a ser de 30%.

RD: Outra reclamação dos donos de postos é o preço do combustível vendido nos supermercados. Como contornar esta situação e porque estes locais conseguem vender mais barato?
Souza:
É um fato que incomoda o sindicato, pois os revendedores reclamam muito. Os valores praticados nos hipermercados são os mesmos que pagamos para revender. Existe algo que ainda precisamos entender e só vejo uma solução que é subir a discussão com outros sindicatos e levar para o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), que é o sindicato das distribuidoras que revendem para nós. Temos que conversar para ver o motivo deste tratamento diferenciado e levar a discussão às esferas federais.

RD: E a intenção de algumas cidades de restringir o consumo e a venda de bebidas alcoólicas nos postos, como analisa?
Souza:
Defendemos a venda da bebida, pois outros estabelecimentos localizados ao lado dos postos vendem, e não há sentido na proibição. Concordamos que o uso de consumo nos postos tem que ter limite de horário, talvez até às 22h ou 23h.

RD: Dados demonstram que o consumo dos derivados de petróleo cresceu cerca de 10% nos últimos três anos. Entretanto, a expansão do setor é apontada pelo senhor como desordenada. Como melhorar este aspecto?
Souza:
Um dos pontos que temos que ter participação da prefeitura é justamente neste planejamento. Não somos contra a abertura de novos postos, temos que ter mais concorrentes e prestadores de serviço, mas isso tem de ser feito de maneira equilibrada. Fizemos varias reuniões com prefeitos para passar nossa opinião e tentar ajudar o setor.

RD: Quais os principais gargalos neste sentido?
Souza:
Primeiro, o crescimento dos supermercados, que classifico como concorrência desleal. Depois a localização dos postos de rua, que deveriam ficar a pelo menos mil metros de distância entre um e outro. Hoje os postos estão colados, perto de escolas, igrejas, hospitais. Isso tudo tem de ser mais bem estruturado até para termos uma cidade mais bonita.

RD: Segundo pesquisas da ANP, escolher pelo etanol tem sido mais vantajoso nas ultimas 13 semanas. Entretanto, isso não é uma constante, como avalia o mercado deste produto?
Souza:
O etanol é vantagem, mas no limite da competitividade. Na dúvida, o consumidor prefere a gasolina, se sente mais seguro. Se o motorista abastece com etanol e depois o preço sobe, como acontece, ele acaba achando que esta mudança pode trazer prejuízos para a mecânica de seu veículo.

RD: É um produto que não tem credibilidade?
Souza:
Não tem. Pra voltar a ter, vai ter que apresentar preços realmente agressivos e competitivos em relação à gasolina.

RD: Quais são as perspectivas em um futuro próximo para este produto?
Souza:
Não são muito boas; não vejo o governo se mexendo. Se começar hoje, vai ter resultado só daqui a dois anos. São necessários investimentos no processo, não só aumentar a plantação da cana.

RD: Que considerações finais o senhor pode passar para os consumidores?
Souza:
Gostaria de recomendar que procurem ter um posto cativo. Se trocar a cada hora, não saberá de onde partiu o problema. É preciso ter cuidado com os valores, preço barato, não queremos que escolham os estabelecimentos mais caros, mas onde os preços são mais justos. Em média, cada consumidor abastece de 25 a 30 litros, se economizar de 10 centavos por litro, deixará de gastar R$3, essa pequena economia pode representar grandes prejuízos. 

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