A necessidade de programas para atender a população em situação de rua na região é cada vez maior, é o que aponta o coordenador regional do Movimento Nacional da População de Rua ABC, Thiago da Silva Quintanilha, em entrevista ao RDtv desta segunda-feira (19/05). Thiago considera que as cidades não contam com políticas públicas para o acolhimento desta faixa da sociedade.
“Não tem política em município nenhum. O que tem é a política do ‘você não é daqui, então pode ir embora’, ‘toma uma passagem de volta’ ou você tem uma política assim ‘você não tem perfil’. Quem está na rua não precisa ter perfil para acessar o serviço. Quem está na rua precisa acessar o serviço, pois é um direito que está na Constituição brasileira.”, diz Quintanilha.
O coordenador aponta que apesar das ações realizadas por movimentos sociais e a criação do programa do Governo Federal ‘Plano Ruas Visíveis – Pelo direito da população em situação de rua’, os municípios da região não aderiram a proposta que visa aplicar dinheiro federal para que as secretarias de Assistência Social possam realizar os atendimentos. “É necessário provocar os municípios.”, afirma Thiago.

Ex-morador em situação de rua, Quintanilha reclama de diversos problemas no atendimento das pessoas. Desde o preconceito por causa das condições de higiene até a falta de equipamentos que estejam aptos a realizar todo o atendimento necessário para o acolhimento. Segundo Thiago, este grupo de pessoas muitas vezes rejeitam a ajuda do Poder Público por causa da falta de tratamento digno.
Além disso, a pouca interação entre os movimentos sociais e as prefeituras também ajuda no enfraquecimento do cenário. Thiago alerta que foi recentemente recebido por representantes da Prefeitura de São Bernardo e que essa é a primeira vez que consegue estabelecer um diálogo em busca de ações que possam ajudar a população em situação de rua.
Outra reclamação está com as terceirizadas contratadas para coordenar os chamados Centros POP, que dão acolhimento para estes moradores. O coordenador aponta que o atendimento de um morador de rua custa R$ 1,2 mil per capta. E que as prefeituras poderiam destinar este valor para o pagamento de um auxílio-aluguel, o que poderia ser mais efetivo.
Outro ponto é a generalização do perfil do morador em situação de rua. “As prefeituras, muitas vezes, querem levar todo mundo para o CAPS, só falam disso. Não são todos que contam com problemas com drogas ou bebida, então é necessário ter essa atenção para atender essas pessoas.”.