Com aproximação da primeira Feira de Empreendedorismo das Famílias Atípicas de Mauá, marcada para 29 de maio (quinta-feira), aumenta a expectativa de mães, cuidadores e pessoas com deficiência que veem no evento oportunidade inédita para mostrar seu trabalho, gerar renda e ocupar espaços ainda pouco acessíveis no mercado formal. A ação ocorre das 10h às 15h na Praça do Relógio, no Centro, sob organização da recém-criada Secretaria de Proteção e Defesa das Pessoas com Deficiência.
Em entrevista ao RDtv, Ingrid Frohlick, secretária adjunta da Pasta, afirmou que o objetivo principal da feira é oferecer protagonismo a uma parcela da população historicamente invisibilizada. “É uma iniciativa inédita para dar visibilidade a quem raramente tem espaço. Estamos falando de mães e pessoas atípicas que enfrentam dificuldade para formalizar o trabalho. Muitas vezes, o cuidado é integral e solitário. Esta feira reconhece esse esforço e transforma o cuidado em protagonismo”, diz.
Estrutura e histórias
Ao todo, a Prefeitura disponibiliza 20 barracas gratuitamente. Podem participar famílias, coletivos e profissionais autônomos com vínculo à temática da deficiência, expondo produtos artesanais, livros, comidas ou ações próprias.
Ingrid ressalta que cada expositor leva consigo uma trajetória. “Não é só produto, são histórias. Cada barraca representa um percurso, uma trajetória de resistência. Digo que, sem os coletivos, não haveria luta pelos direitos”.
A feira contará com medidas de acessibilidade, pensando no conforto dos participantes. “Montamos a feira como qualquer outra em praça pública, mas com intérprete de Libras, abafadores de som e estímulos reduzidos. Muitas mães e cuidadores já têm o hábito de levar seus filhos a ambientes assim, então isso facilita a adaptação”, comenta.
Desafios da inclusão
Apesar do avanço com a criação da Secretaria, os desafios para implementar políticas públicas ainda são muitos. “Não posso deixar de reconhecer o trabalho das associações e do terceiro setor, mas essa população permanece invisível. Não é só a questão financeira ou de acesso. São diversas dificuldades. A expectativa de vida aumentou, e agora precisamos pensar em quem cuidará das pessoas com deficiência quando os pais envelhecerem”, pontuou.
Atualmente, Mauá estima ter cerca de 35 mil pessoas com deficiência, com base nos dados do IBGE. A Pasta já elabora um censo próprio, com previsão de conclusão até o fim do ano. “Queremos definir nossos indicadores nas áreas de saúde e educação para planejar políticas públicas reais. Não basta ter leis e acessibilidade física. Precisamos de dados concretos para direcionar nossas ações”, explica Ingrid.
Apoio entre secretarias e metas para os próximos anos
Segundo Ingrid, outras secretarias da gestão municipal apoiam as ações da nova Pasta. “A receptividade tem sido incrível. Isso fortalece o planejamento e garante mais efetividade nas ações”. Além da feira e do censo, outras iniciativas avançam. A Pasta já organiza diretrizes legais que devem orientar os próximos três anos. “Já definimos metas para este ano, como pinturas voltadas à mobilidade urbana e projetos que ampliem a acessibilidade nas vias públicas”, diz.
A participação na feira é gratuita, mediante autorização para uso do espaço público, sem repasse de recursos. Os interessados devem apresentar documento com foto, comprovante de residência, descrição da atividade que desejam expor e comprovação do vínculo com a temática, por meio de laudos, declarações ou participação em projetos.