
Munícipes que integram projetos esportivos em Diadema foram até o Legislativo nesta quinta-feira (06/03), e protestaram pelo corte de 35% nos valores que seriam destinados para os vencimentos dos coordenadores, que foram exonerados. O projeto Água Viva e as Escolinhas de Futebol foram parte dos alvos. Governistas e oposicionistas travaram uma disputa de narrativas sobre os motivos que levaram a essa queda de investimento. Uma reunião na Secretaria de Esportes e Lazer foi marcada para essa sexta-feira (07/03) para tentar resolver tal situação.
A idealizadora do Projeto Água Viva e agora ex-coordenadora, Rafaela Silveira, afirmou na tribuna que foi desligada há uma semana junto com outros profissionais. Em solidariedade, os professores que seguiriam com as aulas ministradas no Clube Mané Garrincha também deixaram o projeto.
“Fico triste, pois apesar de tudo isso, de a gente ter se dedicado, alguns vereadores, além de não ter dado a importância, fizeram vídeos fazendo chacotas e tudo mais, e eu espero ter uma resposta deles sobre isso.”, disse Rafaela ao reclamar de vídeos divulgados pelo vereador Cabo Angelo (MDB) e o líder de governo Juninho do Chicão (PP).
“O que estamos pleiteando aqui não é o cargo, não é a demissão de pessoas, não é essa a discussão aqui? É o projeto. Como eu reduzo o projeto em 35% e como ele vai atender a mesma quantidade de alunos, com a mesma qualidade e a mesma quantidade de professores?”, questionou Rafaela. O Projeto Água Viva, até o final do ano passado, atendia a mais de 2 mil pessoas.
João Batista, coordenador das Escolinhas de Futebol, também reclamou do corte. “Eu fico triste, pois estou falando de um projeto que eu escrevi e agora estão falando que nós coordenadores, por questão de salário (são exonerados)”, disse o educador físico que reforçou suas credenciais no Conselho Regional de Educação Física e seu histórico, pois foi o fundador do projeto.
Governistas e Oposicionistas trocam farpas em meio a manifestação
Os dois depoimentos na tribuna da Câmara de Diadema geraram um embate entre governistas e oposicionistas. A possibilidade do corte de cargos ter origem em uma disputa partidária que cria uma espécie de “terceiro turno” na cidade chegou a ser citada durante o evento. A base do governo aproveitou para se defender das acusações de falta de respeito com os profissionais.
“Não houve sinalização de que o projeto (Água Viva) irá acabar. Houve um desligamento de algumas pessoas, por aquele momento o secretário entender como uma questão de economicidade do município, diante de várias intervenções que ele está fazendo em outras secretarias inclusive. O salário de R$ 6 mil (dos coordenadores) poderia ser encaminhado para outras coisas.”, disse Angelo.
“Rafaela, respeito o seu trabalho. Como respeito o seu trabalho, também tenho que respeitar os meus eleitores. Eu fui chamado, porque no sábado não tinha professor lá no Clube Mané Garrincha. A gente respeita o trabalho de todos, as pessoas têm que respeitar o trabalho da gente. Eu fui eleito vereador dessa cidade e a população me chamou para dizer que no Clube Mané Garrincha, no sábado, não tinha professor lá. Eu fui lá e não tinha professor lá. O que vou fazer? Eu não vou me omitir.”, disse Juninho do Chicão.
Uma reunião foi marcada na Secretaria de Esportes e Lazer nesta sexta-feira (07/03), às 14h, para tratar sobre o assunto. O encontro estava marcado antes mesmo da manifestação na Câmara. Os vereadores que estão na comissão de Esportes também vão participar da conversa.
“Essa reunião tem que ter objetivo. O que está acontecendo de fato? Nós temos dois projetos, o Água Viva e a Escolinha de Futebol, que está tendo interferência, sim, no plano de trabalho e nas atividades pelos quais esses projetos foram contratados. A discussão não é de ordem técnica. A Rafaela não foi avaliada tecnicamente pelo seu trabalho. O Batista não foi avaliado tecnicamente pelo seu trabalho. Foram avaliados por suposta posição política que ambos tiveram durante o processo eleitoral. É disso que se trata.”, disse Josa Queiroz (PT).