
Dois assuntos estão entre os mais frequentes nas redes sociais de moradores do ABC nos últimos dias: a chuva que causa enchentes e a falta de água. Há casos de moradores que estão há três dias sem água. A Sabesp diz que o problema é causado pelo alto consumo. Há relatos de falta de água em Mauá, Diadema, mas é em São Bernardo onde ocorrem mais relatos de problemas no abastecimento.
Romário Firmino, morador do Jardim Calux, em São Bernardo, diz que está no terceiro dia sem água. “Eu moro aqui a minha vida inteira, há 30 anos, e só tem piorado. A nossa conta aumentou muito de valor, pois a gente pagava tarifa social, aí a prefeitura fez a escritura dos terrenos e a Sabesp tirou a tarifa social, pagamos mais e temos menos água”, reclama. Na casa de Firmino são quatro pessoas e há apenas uma caixa de água que ainda é dividida com outra casa. “Quando acaba são duas famílias em água, quem tem carro consegue ir até a fonte e pegar galão de água para cozinhar quem não tem tem que sar seu jeito. Aqui banho de canequinha virou regra”, comenta o morador.
No bairro Batistini, também em São Bernardo, Eduardo Silva Santana, conta que todas as noites sua casa fica sem água. Segundo ele a entrada e água seca por volta das 19h e o abastecimento só volta na manhã seguinte, porém nos últimos dias os intervalos foram muito maiores. Ele conta que no sábado (08/02) às 16h já não havia mais água que só voltou no fim da tarde do domingo (09/02), ou seja, mais de 24 horas depois. Ele mora com a esposa e dois filhos pequenos.
No Parque das Garças, na região do Alvarenga, o mesmo problema de ficar sem água à noite, mas há situações em que o abastecimento leva dois dias até ser normalizado o que deixa os moradores dependentes unicamente do que há reservado nas caixas. “Na casa da minha mãe são quatro pessoas e tem duas caixas de água que dão para dois dias, mas tem vezes que demora esse tempo para voltar. No verão é pior, sempre tem uma obra da Sabesp que interrompe o abastecimento”, diz Patrícia da Silva Souza. Os pais dela moram na rua Kiwi, frequentemente afetada pelo desabastecimento.
Patrícia conta que o pai preparou um sistema para captar e armazenar água da chuva que é usada para lavagem das áreas externas da casa, tudo com o intuito de poupar água tratada para higiene e para preparo da alimentação. A família já fez chamados para a Sabesp, sem sucesso na solução do problema
Marcos Miranda, o Marcão, presidente a Cufa (Central Única das Favelas) de São Bernardo, conta que o problema é muito sério na cidade e que atinge várias comunidades e bairros inteiros. Ele cita os bairros Capelinha e Riacho Grande como outros que também estão sofrendo com a falda de água.
Em curta nota enviada ao RD, a Sabesp diz que a alta no consumo é culpada pelas interrupções no abastecimento. “A Sabesp informa que o abastecimento da região apresentou intermitência no abastecimento em função do alto consumo relacionado às altas temperaturas. A Sabesp realizou manobras de contingência para atendimento aos locais mais críticos. Uma equipe vistoriou os endereços citados e constatou abastecimento normalizado”, diz a companhia sobre os caso dos bairros Batistini e Calux relatados pela reportagem.