ABC - quarta-feira , 19 de março de 2025

Produtores desistem de espetáculos em SBC por postura radical da Prefeitura

Únicas faixas que a prefeitura não retira são as que ficam fixadas no gradil que cerca o teatro Lauro Gomes. (Foto: Google)

Os produtores culturais que atuam na região têm evitado trazer espetáculos de teatro ou musicais para São Bernardo por causa da fiscalização que arranca todas as faixas de divulgação das apresentações. Os empresários do ramo dizem que acumulam prejuízos com a perda das faixas e com baixa lotação dos teatros, resultado da dificuldade para divulgação dos eventos.

O produtor cultural Jorge Abud diz que evita trazer espetáculos para não ter prejuízos. “Eu não estou levando para São Bernardo porque a gente passa vergonha com o elenco, o público não vem porque não tem divulgação. As mesmas peças que eu faço em Santo André ou São Caetano lotam. São Bernardo já foi modelo de cultura, já fiz grandes espetáculos no Teatro Lauro Gomes, agora não dá mais; a gente coloca a faixa num dia e o dia seguinte eles arrancam. Fui tentar recuperar algumas delas e fui muito maltratado”, diz o produtor.

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Abud conta que já fez inúmeros espetáculos com artistas de peso em São Bernardo no passado e que de 2024 para cá, a prefeitura adotou a postura de arrancar as faixas o que tem prejudicado o setor. “Eu já trouxe Tom Cavalcante, Fafá de Belém… mas atualmente não faço mais porque a gente passa vergonha com artistas deste nível com metade da casa vazia, fora o prejuízo que a gente tem. Deixei de trazer Ney Matogrosso para a cidade porque não quero passar essa vergonha. O pior é que a cidade tem demanda, a população consome cultura, o problema é a prefeitura. Não sei porque fazem isso com nossas faixas, vão alegar o programa cidade Limpa, mas Santo André e São Caetano também têm esse programa e lá podemos por nossas faixas”, explica. “Em Santo André tem um modelo de faixa de 3m x 0,70m com um logo da prefeitura na lateral. É só regulamentar isso que a gente cumpre a norma”, completa Abud.

O também produtor cultural, Dorival Oliveira, disse que também já tomou prejuízos com espetáculos no Teatro Lauro Gomes. “Estou com dificuldades de vender porque eles (prefeitura) tiram nossas faixas. Antes permitiam, mas desde o ano passado está assim, a gente coloca e não dá nem um dia eles tiram. Como estão fazendo isso eu vou dar um tempo deste teatro infelizmente. Todo o ABC permite faixas, só São Bernardo anda na contramão. Eu perdi cerca de 80 faixas e cada uma me custa R$ 63,80. Só de faixas meu prejuízo está em R$ 5 mil. Fora isso tem os lugares da casa que não vendem. A gente arca com a locação do teatro, toda a infraestrutura do espetáculo e a gente vive da venda de ingressos. A população é muito acostumada a saber dos espetáculos pelas faixas, sem essa divulgação o público diminui e muitas vezes, nós produtores, não conseguimos nem empatar, acabamos tendo prejuízo”, destaca.

Oliveira está com um espetáculo infantil no Lauro Gomes, a peça Moana 2, no dia 23/02 e as vendas não vão bem. “Em todos os lugares vai bem, menos em São Bernardo porque tiraram nossas faixas, por causa desse radicalismo. Já mandei e-mail para a secretaria de cultura para falarem com a fiscalização, mas parece que não estão nem aí, o negócio deles é receber pela locação do teatro e mais nada”, finaliza o produtor.

Os produtores ouvidos pelo RD relataram que além da perda dos espetáculos a economia da cidade também sofre, já que o público que compra ingresso também aproveita para consumir no comércio local, como bares, restaurantes e estacionamentos.

A Prefeitura de São Bernardo foi procurada para falar sobre o assunto mas, até o fechamento desta matéria, não se posicionou. Esta matéria será atualizada caso a administração municipal se manifeste.

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