
Um grupo de 10 vereadores, incluindo o presidente da Câmara de Diadema, Rodrigo Capel (PSD), anunciou, nesta quinta-feira (06/02), independência em relação ao governo do prefeito Taka Yamauchi (MDB). Com essa nova configuração, o emedebista passa a contar com uma base aliada de apenas seis dos 21 parlamentares, número insuficiente para garantir a aprovação de projetos. Enquanto isso, o PT, que se declara oposição, ocupa cinco cadeiras no Legislativo.
Liderado por Capel, o novo bloco inclui outros oito vereadores eleitos na chapa encabeçada pelo ex-prefeito José de Filippi Júnior (PT) na eleição municipal do ano passado: Dequinha (PSD); Lucas Almeida, Laureto do Água Santa e Gilson Moura (União Brasil); Talabi e Zé do Bloco (PV); Cicinho e Jerry Bolsas (PSB). O grupo é completado por Boquinha (Republicanos), que integrou a aliança do então candidato a prefeito Gesiel Duarte (Republicanos).
O presidente do Parlamento afirmou que adotará uma postura mais crítica em relação ao governo neste início de legislatura. “Esses 10 vereadores se reuniram e formaremos uma posição muito mais independente em relação ao Executivo, muito mais crítica, até para que possamos compreender qual caminho o governo seguirá nos próximos meses. Pelo zelo à população, tomaremos essa postura”, pontuou.
Um exemplo citado por Capel foi o anúncio feito pelo próprio Taka no fim de janeiro sobre a situação financeira da Prefeitura. Acompanhado pelo secretário de Finanças, José Luiz Gavinelli, o prefeito afirmou que o governo enfrenta dívidas que podem chegar a R$ 4,2 bilhões, das quais R$ 2,5 bilhões já estariam consolidadas. Ele também destacou que o orçamento previsto para este ano é de R$ 1,3 bilhão, em vez dos R$ 2,9 bilhões aprovados pelos vereadores no ano passado.
Entretanto, segundo Capel, o governo ainda não tomou a iniciativa de prestar esclarecimentos ao Legislativo. “Sobre as dívidas que ele (Taka) menciona, a Câmara até hoje não recebeu nenhum documento oficial que detalhe esses valores. O papel desse grupo será solicitar esses documentos para termos acesso a essas informações, pois muitas questões são divulgadas na internet e nas redes sociais, e ficamos sem respaldo”, disse.
De acordo com os vereadores do bloco, passados 37 dias desde a posse do novo governo, não houve diálogo por parte de Taka para a construção de uma base governista no plenário. Por essa razão, a base aliada se restringe a Cabo Angelo e Fernanda Durães (MDB); Companheiro Sérgio e Juninho do Chicão (PP); Márcio Júnior (Podemos) e Ronaldo Meira (Solidariedade).
Líder do governo reconhece dificuldades
O líder do governo, Juninho do Chicão, reconheceu que Taka não conta com sequer um terço do Parlamento ao seu lado. Apesar do cenário desfavorável, o vereador garantiu que segue dialogando com o bloco independente e afirmou que Gavinelli comparecerá ao Legislativo para prestar esclarecimentos sobre a situação financeira da Prefeitura.
“Acredito que, a partir do momento em que esta Casa compreender, de forma unânime, a realidade que Diadema enfrenta, poderemos construir um caminho mais equilibrado. O nosso secretário de Finanças virá apresentar a situação financeira e, assim, vamos fortalecer esse elo de transparência. Claro que a formação da base passa pela concessão de espaços no governo, mas é importante que os vereadores estejam comprometidos com o projeto de recuperação financeira de Diadema”, afirmou.
CPI é sugerida por petista
Durante o uso da tribuna, Josa Queiroz (PT) sugeriu a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para averiguar os números apresentados por Taka e Gavinelli sobre as dívidas herdadas. Segundo o petista, as afirmações apresentadas pela administração municipal precisam passar por melhor apuração no Legislativo.
“Eu dei uma contribuição para que a gente já inicie neste período do novo governo sem muito achismo. Porque a gente tem percebido nestas últimas semanas que tudo é falado e não se apresenta concretamente nada. A apuração das dívidas é muito necessária, porque falar que o município tem R$ 2 bilhões de dívidas e que podem chegar a R$ 4,2 bilhões, é uma afirmação muito séria”, analisou.
Taka marca presença em sessão
Logo no início da abertura da nova legislatura, Taka compareceu ao Parlamento para saudar os vereadores. Na tribuna, o prefeito citou nominalmente cada um dos 21 parlamentares e falou em uma relação de transparência entre os poderes. “Passamos por desafios significativos, mas também temos muitas oportunidades pela frente. O caminho para o progresso exige esforço conjunto, diálogo e dedicação. A cidade conta com todos nós para fortalecer suas estruturas, aprimorar os serviços públicos e garantir que todos os cidadãos tenham qualidade de vida”, discursou.