
O prefeito de Diadema, Taka Yamauchi (MDB), anunciou, nesta segunda-feira (27), que o governo municipal tem dívidas que, somadas, podem chegar a R$ 4,2 bilhões, entre as quais R$ 2,5 bilhões já estão consolidadas. Para agravar ainda mais o cenário de caos nas finanças apontado pelo emedebista, a projeção atualizada de receita aos cofres públicos em 2025 é de apenas R$ 1,3 bilhão, menos da metade dos R$ 2,9 bilhões, estimados no Orçamento montado pela gestão do ex-prefeito José de Filippi Júnior (PT).
Em coletiva de imprensa para destacar as ações prioritárias nos 100 primeiros dias de governo – que serão completados em 10 de abril -, Taka, acompanhado pelos secretários municipais José Luiz Gavinelli (Finanças) e Kiko Teixeira (Administração e Gestão de Pessoas), criticou o que considerou uma transição “quase inexistente” entre um governo e outro. Seguindo as contestações à gestão petista, o prefeito afirmou que os dados fornecidos e disponíveis no site estão imprecisos e que houve esvaziamento de informações na Prefeitura, antes da nova administração.
“Nossa principal dificuldade é encontrar um equilíbrio financeiro, porque a dívida de Diadema pode chegar a R$ 4,2 bilhões, com R$ 2,5 bilhões já constatados, e um desequilíbrio entre sua receita e despesas em quase R$ 411 milhões anuais. Além disso, a gente está falando de um Orçamento subdimensionado. Na Câmara Municipal, houve números (aprovados) na ordem de R$ 2,9 bilhões, e a gente sabe que o Orçamento real, apurado, é de R$ 1,335 bilhão”, disse o emedebista.
Segundo Gavinelli, dos R$ 2,5 bilhões em passivos consolidados, estão R$ 1,2 bilhão do Ipred (Instituto de Previdência do Servidor Municipal de Diadema), R$ 92,7 milhões de dívidas de curto prazo, renegociações junto ao governo federal em R$ 851,3 milhões, demais débitos em R$ 347,2 milhões (que inclui precatórios). O secretário de Finanças classificou o cenário financeiro como “caótico”, visto que Diadema consegue pagar até 70% de suas despesas atuais, isso sem englobar os valores acima.
O governo projeta um passivo de até R$ 4,2 bilhões por meio de valores ainda não empenhados, que serão levantados nos próximos dias. Até lá, o Paço já aplica contingenciamento de 35% sobre a planilha de gastos, além de medidas da Comissão de Saneamento das Contas Públicas e do comitê para reunir empresas, a fim de negociar os valores de resto a pagar, que são de R$ 45,9 milhões de serviços prestados não quitados, e outros R$ 31,8 milhões ainda sob análise.
O cenário mais grave é do Ipred, que tem capacidade própria de honrar seus compromissos, de acordo com Gavinelli, até o primeiro trimestre de 2025. “Isso é decorrente da falta de contribuição do município (Prefeitura) nos últimos anos, porque usaram o patrimônio (da autarquia) para pagar despesas e deixaram de fazer os repasses. A partir de março, o Ipred não tem condições de pagar suas aposentadorias e pensões. O município precisará complementar o valor para poder honrar esses compromissos”, disse.
Perante tal cenário, Taka apontou para pedido de auxílio ao Estado e União com intuito de seguir com o que foi projetado no seu programa de governo: “Vamos buscar alternativas junto aos governos estadual e federal, para incrementar o orçamento, a fim de cumprir na integralidade o nosso plano de governo. É uma busca incessante, claro que somos prejudicados pelo contingenciamento de 35% para que caiba na nossa realidade atual, nesse desequilíbrio de R$ 411 milhões anuais. Mas vamos seguir pleiteando programas e recursos, principalmente na área da Saúde”.
100 dias
Em meio ao cenário desolador, segundo Taka, foi apresentadas ações que serão prioridades nos 100 primeiros dias de gestão em Diadema. Entre as medidas, estão 15 novos leitos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Centro, mutirão para reduzir filas de espera na Saúde e combate à dengue. Também estão no escopo medidas de Segurança Pública, Educação, zeladoria e obras.