
Quando parecia ser um sábado (11/01) como qualquer outro, o prefeito de Rio Grande da Serra, Akira Auriani (PSB), agitou as redes sociais ao publicar uma nota indicando que houve, na gestão da antecessora Penha Fumagalli (PSD), um esquema de propina, dentro da própria Prefeitura, gerenciado por um vereador. Mesmo sem citar nomes, o recado teve endereço claro ao parlamentar Marcos Tico (Republicanos), que rebateu as acusações, afirmou inocência e que vai processá-lo.
Pela sua página no Facebook e Instagram, Akira publicou uma nota, em que declarou que está arrumando a administração municipal e que casos de corrupção não vão se repetir em seu governo. “Estamos colocando a casa em ordem e arrumando a bagunça que pessoas irresponsáveis e sem compromisso com a coisa pública deixaram. Mas uma coisa posso garantir: no meu governo, não vai ter vereador usando a secretaria como balcão de negócios para cobrar propina”, disparou.
Em seguida, o prefeito enviou mais uma nota, desta vez à imprensa: “Nossa gestão é pautada na seriedade e na transparência para com a população de Rio Grande da Serra. Quando nós vimos um parlamentar, que fez parte de toda a bagunça da gestão anterior, inclusive acompanhou o endividamento da cidade, falando que estamos dando desculpas ao falar da dívida, isso mostra que estamos no caminho certo. É o que eu tenho dito: estamos colocando a casa em ordem e não vamos mais aceitar o que acontecia no governo passado”.
A referência é para Tico, que seria o responsável pela indicação de Kléber Avelino de Oliveira, como secretário de Obras e Planejamento, na gestão de Penha. Tanto o parlamentar quanto o responsável pela Pasta foram alvos de acusações de corrupção, por meio de captação ilícita de recursos financeiros. O secretário não resistiu às denúncias e caiu, enquanto que o parlamentar chegou a se afastar da função por um breve período.
Ao RD, Tico classificou a nota de Akira como “oportunista” e atribuiu o posicionamento como uma vingança, por ter criticado o prefeito, ao atribuir à fragilidade da gestão anterior como desculpa para não avançar nas políticas públicas da cidade. “Primeiro que o prefeito foi oportunista, porque fui vítima de uma armação de um processo político. Fiz o maior programa de recapeamento na cidade ao lado do (deputado estadual) Atila Jacomussi (União Brasil) e ele começou a me perseguir”, disse.
Em abril do ano passado, Tico foi alvo de um pedido de cassação apresentado pelo vereador Marcelo Akira (Podemos), baseado nas denúncias de corrupção feitas pelo empresário Abias Rodrigues, que atribuiu ao acusado a operação que previa pagamentos ilícitos para liberação e execução de obras por empreiteiras. Entretanto, por sete votos a cinco, o requerimento foi rejeitado e Tico teve caminho livre para a sua reeleição meses depois, com 651 votos.
Tico era um possível nome para a disputa pela Prefeitura de Rio Grande da Serra, na sucessão de Penha, porém, as denúncias inviabilizaram a sua presença no pleito. Segundo o vereador, as acusações foram uma armação política para tirá-lo da eleição majoritária e fragilizar ainda mais o governo da então prefeita.
“Fui vítima de uma situação com um empresário que tinha dívidas comigo com coisas pessoais, e isso está no inquérito como provas, enquanto tramita em segredo de Justiça. E o prefeito Akira decidiu jogar fora das quatro linhas. Em apenas dez dias de mandato, ele já está com esse comportamento imaturo. Isso me deixa apreensivo quanto ao futuro da cidade e espero que ele tenha uma postura diferente”, afirmou o parlamentar.
Tico explicou que já acionou o seu advogado para tratar da acusação do prefeito, que vai adicionar o episódio no inquérito, que tramita em segredo de Justiça. O RD também procurou Penha, porém, não teve retorno até o fechamento desta matéria.