Com o aumento de turistas durante as festas de fim de ano, as praias do Litoral registraram um surto de viroses que impacta os sistemas de saúde de diversas regiões. Em cidades como o Guarujá, a contaminação está associada tanto à alta circulação de pessoas quanto a possíveis falhas no tratamento de esgoto e na manipulação de alimentos. De acordo com o infectologista Juvencio Furtado, professor de infectologia do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), compreender as causas e adotar medidas preventivas é essencial para evitar novos casos.
Em entrevista ao RDtv, Furtado destaca que as chamadas enteroviroses, comuns nesta época do ano, são infecções que afetam o trato gastrointestinal e frequentemente atingem crianças, idosos e pessoas com baixa imunidade. “As viroses são causadas por vírus, bactérias ou até toxinas presentes na água, ou nos alimentos. Por vezes, falhas no sistema de esgoto ou na manipulação de alimentos contribuem para a disseminação”, explica.
Os surtos geralmente têm origem em contaminação hídrica ou alimentar. Segundo Furtado, a água não tratada, resíduos mal descartados e alimentos perecíveis expostos por longos períodos são os principais agentes de transmissão.
Ainda assim, não há uma única causa para os casos recentes. O especialista explica que os agentes infecciosos variam, e tudo deve ser investigado: pode ser um vírus, uma bactéria ou até toxinas já presentes no alimento.
Os sintomas de viroses costumam surgir rapidamente, entre 24 e 48 horas após o contato com o agente infeccioso, e incluem febre, diarreia, vômitos e dores abdominais. As gastroenterites virais são autolimitadas, duram cerca de três dias e, em geral, não requerem tratamentos complexos. Mas é necessário atenção a casos de desidratação ou febre persistente. Já as contaminações bacterianas ou por toxinas apresentam períodos de incubação mais longos e sintomas mais severos, dependendo do perfil imunológico da pessoa.
Prevenção
A higiene é a principal aliada na prevenção de viroses. Lavar bem as mãos, consumir água potável ou industrializada e evitar alimentos perecíveis mal armazenados são algumas das recomendações do infectologista. “Cuidado redobrado com alimentos úmidos, como maionese, que estragam rapidamente em temperaturas altas e quando exposta por longos períodos”, diz o infectologista.
A alta na procura por atendimentos em hospitais e UPAs do ABC demonstra a gravidade do surto e a necessidade de campanhas preventivas, além de se alertar para os riscos das praias impróprias para banho, frequentemente identificadas por placas de aviso. “Não devemos banalizar a virose. Cada caso deve ser analisado para identificar e controlar suas causas. Com os cuidados certos, é possível minimizar o impacto na saúde pública”, comenta Furtado.