
Os passageiros de transporte coletivo do ABC pagam uma das tarifas mais caras do Brasil e seis cidades superam os preços em 20 capitais brasileiras, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS), por exemplo. Quando se trata de valor unitário em dinheiro nas linhas municipais de ônibus de São Bernardo, Ribeirão Pires e Santo André, – nas duas últimas, a partir de 6 de janeiro -, a cobrança ultrapassa 24 capitais. A alegação para os custos aplicados na região é de que as prefeituras não pagam subsídios às concessionárias.
No ABC, somente São Caetano tem gratuidade integral sobre o valor das passagens por meio de compensação tarifária. Enquanto isso, os usuários das linhas municipais em seis cidades pagam, considerando preços unitários em dinheiro, R$ 5,95 em São Bernardo, e, a partir desta segunda-feira (6), R$ 5,90 em Santo André e R$ 6,00 em Ribeirão Pires, seguido de Mauá (hoje R$ 5,00, mas a cobrança será de R$ 5,50 a partir de 15 de janeiro), R$ 5,50 nos itinerários de Diadema e R$ 5,00 em Rio Grande da Serra.
Tal cenário faz com que a cada ano, prefeituras e as empresas negociem os novos custos, muitas vezes se tornando difícil chegar a um consenso. É o caso de Ribeirão Pires, onde o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) teve de mediar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) entre Paço e concessionária para garantir equilíbrio ao sistema de transporte público na cidade. Desse modo, o valor em dinheiro no embarque passará de R$ 5,50 para R$ 6,00. Quem tem o cartão Bus Fácil, desembolsará de R$ 4,85 para R$ 5,40 por viagem.
Somente capitais como Florianópolis (SC), onde o embarque custa R$ 6,90, e Porto Velho (RO) e Curitiba (PR), com tarifas de R$ 6,00, superam os maiores valores aplicados nos sistemas municipais de transporte público do ABC. Por outro lado, Rio de Janeiro (R$ 4,70), Porto Alegre (R$ 4,80), Belo Horizonte (R$ 5,75), Salvador (BA, R$ 5,60) e Brasília (DF, R$ 5,50) têm custos menos onerosos por trajeto.
Em São Paulo, o custo de uma viagem para as 1.319 linhas municipais, gerenciadas pela SPTrans, saltará de R$ 4,40 para R$ 5,00 na próxima segunda-feira, porém, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) chegou aplicar, no ano passado, R$ 6,7 bilhões em compensação financeira às empresas de ônibus, quantia semelhante à totalidade do maior orçamento da região, que é São Bernardo.
A Capital aplica a tarifa zero aos domingos, exemplo seguido por Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que estendem o benefício aos feriados.
Exceção à regra, São Caetano prevê R$ 37 milhões pela tarifa zero em 2025
Com mais de um ano de Programa Tarifa Zero, São Caetano gastará para manter o benefício R$ 37 milhões ao longo do ano. De acordo com o governo municipal, desde o início da gratuidade, o número de passageiros praticamente triplicou, passando de 25 mil para 74 mil por dia.
Entretanto, a realidade em São Caetano é diferente dos outros municípios do ABC. Menor em território, com apenas 15 quilômetros quadrados, a cidade conta com o quarto maior orçamento da região, projetado em R$ 2,6 bilhões – atrás apenas de São Bernardo, Santo André e Diadema. Em comparação populacional, o município é o quinto, com 165,6 mil moradores, segundo o Censo 2022. Ribeirão Pires tem 115,5 habitantes e um orçamento previsto de R$ 579 milhões.
Santo André
Com 49 itinerários municipais que percorrem cerca de 1.596.648 quilômetros por mês, Santo André não tem estudos para implantação de Tarifa Zero, neste momento. Essa medida, segundo a administração municipal, necessita, inicialmente, de um estudo aprofundado de impacto econômico-financeiro. O governo citou ainda o benefício do Bilhete Único Andreense, que permite a utilização de até três linhas de ônibus em um período de 1h30 em dias úteis, e por 2 horas aos sábados, domingos e feriados com o pagamento de apenas uma tarifa.
São Bernardo
Por meio de nota, a Prefeitura de São Bernardo informa que a média percorrida pelas linhas municipais é de 80 mil quilômetros por dia útil, somando as 66 linhas em operação no município. Segundo a administração municipal, há a intenção de promover a tarifa zero nas passagens de ônibus municipais aos domingos e feriados. Com relação ao valor da tarifa, assim como a questão de subsídios, segue em estudo e negociação.
O RD procurou outras prefeituras da região, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.