Lula evitará assuntos polêmicos com papa, diz porta-voz

Embora tenha escolhido a família e a juventude como temas que discutirá com o papa Bento XVI, cheap durante encontro reservado marcado para quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pretende falar em assuntos polêmicos como a legalização do aborto e o uso de preservativos. O porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, disse que a inclusão ou não desses dois assuntos “vai depender da dinâmica da discussão”. Segundo o porta-voz, “não há a intenção do presidente” em abordar essas questões.

O presidente, acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia, terá uma reunião de cerca de 50 minutos com o papa, às 11h de amanhã, no Palácio dos Bandeirantes. A parte final do encontro será aberta para o papa cumprimentar parentes do presidente e o governador de São Paulo, José Serra. Amanhã, o presidente receberá o papa na Base Aérea, às 16h30, e fará um discurso de boas vindas.
Segundo o porta-voz da presidência, o presidente Lula “tem especial interesse em (abordar no encontro com o papa) temas como a desintegração da família e os programas voltados para a juventude”.

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Manifestação

Enquanto Baumbach anunciava no Palácio do Planalto a agenda do presidente Lula com o papa, na véspera da chegada do Pontífice, manifestantes ocupavam a Praça dos Três Poderes, para protestar contra a declaração do presidente Lula feita na véspera de que tem “duas posições” em relação ao aborto. Em entrevista a rádios católicas, o presidente declarou-se contra a legalização do aborto, mas disse que o tema não pode ser ignorado pelo governo e deve ser tratado como uma questão de saúde pública.

Os manifestantes eram na grande maioria integrantes de grupos cristãos, tanto católicos quanto evangélicos. No início da noite, uma comitiva foi recebida pelo vice-presidente, José Alencar. Os praticantes religiosos entregaram a autoridades do Executivo e do Legislativo um documento intitulado Carta de Brasília contra a Legalização do Aborto no Brasil, em que lançam o manifesto público “Grande clamor aos céus contra a legalização do aborto no Brasil”.

Na carta, 14 instituições classificam o aborto como “extermínio de uma vida humana” e uma “clara violação à vontade de Deus” e criticam o governo pela vigência da lei que permite o aborto em caso de estupro, pela “falta de um programa nacional de valorização da vida desde a concepção” e pela “omissão em não identificar e não investigar quais os verdadeiros interesses dos grupos que patrocinam campanhas pela legalização do aborto no Brasil”. A veemente condenação do aborto é um dos temas prioritários do papa nesta viagem ao Brasil, segundo informação divulgada pelo Vaticano.

Viagem Pastoral

O porta-voz explicou que a viagem de Bento XVI “é de natureza pastoral, não é de Estado nem oficial” e, por isso, não serão assinados documentos entre os governos do Brasil e do Vaticano. Baumbach confirmou, no entanto, que Brasil e Vaticano avançam nas negociações para assinar um acordo conjunto em que serão tratados vários temas, não detalhados pelo porta-voz. O governo brasileiro chama o documento de um “acordo-quadro” e o Vaticano, de “concordata”. “Está havendo uma negociação bem encaminhada, mas a assinatura não será desta vez”, explicou Baumbach.

Depois do encontro fechado com o papa, o presidente Lula vai carimbar os dois primeiros selos da série comemorativa da visita de Bento XVI lançada pelos Correios. O papa e o governador Serra serão presenteados com os selos. O presidente voltará a Brasília na tarde de quinta-feira. O papa ficará no Brasil até domingo.

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