
Desde pelo menos sexta-feira (20/12) que a situação do já complicado atendimento do Hospital Público de Diadema piorou. Tumultos, macas espalhadas pelos corredores do andar térreo demonstram a condição caótica do local. O que contribuiu para o agravamento da situação foi a quebra de um dos dois elevadores, justamente o único que tem tamanho para transportar pacientes em macas, o que dificultou a movimentação dos doentes, funcionários e até da alimentação dos internos. O equipamento permanecia quebrado até esta segunda-feira (23/12), apenas um elevador menor funcionava.
Pacientes ouvidos pelo RD reclamaram da sensação de sentirem-se ilhados dentro do hospital, porque pacientes que precisavam descer dos quartos para fazerem exames, não podiam, e também quem entrou pelo Pronto Socorro teve que ficar em macas no térreo porque não havia como subir. Vídeos e fotos produzidas por familiares de pacientes e que a reportagem teve acesso mostram dezenas de macas com pacientes e ao lado seus acompanhantes nos corredores do andar térreo. Nos consultórios e na recepção muitas pessoas buscavam atendimento, tanto que a GCM (Guarda Civil Municipal) esteve no hospital após um tumulto, na manhã desta segunda-feira (23/12).
Raquel Macedo Sebastião, acompanhava o filho V.L.S.S., de 17 anos, que sofreu uma queda de moto. Ele está desde sexta-feira aguardando transferência via Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) para um hospital do Estado para fazer uma cirurgia. O menor quebrou a perna. “Meu filho precisa de cirurgia para colocar platina. Antes ele precisa fazer uma tomografia, mas ele não consegue descer porque o elevador que cabe a maca está quebrado”, lamentou.
Deise Alves de Oliveira acompanha o marido também vítima de um acidente de moto e igualmente com a perna fraturada. Ela tem passado as noites em uma cadeira de plástico com assento quebrado e remendada com esparadrapo. O marido dela, Daniel Lopes de Oliveira, de 38 anos, quebrou a tíbia e também aguardava uma transferência, sem poder subir para o quarto ele é um em dezenas de pacientes amontoados pelos corredores do térreo. “Aqui estamos junto a pacientes com diversos tipos de doenças e até pacientes psiquiátricos, por isso a gente já tinha que estar no quarto, mas não tem como subir. O pior é que a transferência demora demais e a gente não vê empenho dos funcionários no sentido de cobrar o Cross para levar ele para o Hospital Serraria (que fica em Diadema) ou o Mário Covas (Santo André).

Os pacientes relataram ainda que o problema no elevador do Hospital Municipal de Diadema fez com que algumas pessoas ficassem sem alimentação. Perto do meio-dia, pacientes de alguns andares não teriam recebido o café da manhã.
O problema dos elevadores do hospital é tão antigo quanto outros problemas estruturais do prédio que, apesar de ter sido construído para ser um hospital, tem uma concepção muito antiga, o prédio data de 1974. Tanto é que várias administrações tentaram soluções para transferir o hospital público daquele prédio que pertence ao INSS. O local atende uma demanda muito grande de pacientes, só pelo pronto socorro passam mensalmente 14 mil pessoas.
Procurada, a prefeitura de Diadema não se pronunciou até o fechamento desta reportagem. Já a secretaria Estadual da Saúde, informou que o paciente Daniel foi transferido para o Hospital Estadual de Diadema na tarde desta segunda-feira (23/12) e que ele passará por avaliação e exames pré-operatórios. Já V.L.S.S, segundo a secretaria, não apresentou condições clínicas para remoção e transferência seguras, precisando ficar na unidade de origem até que seu quadro geral estabilize. A mãe, contou que o filho apresentou um coágulo no pulmão e ainda vai ficar mais um tempo no Hospital Público de Diadema para se recuperar e só depois será transferido para cirurgia.