ABC - domingo , 16 de março de 2025

Mulher é presa em Diadema por vender imagens íntimas da filha de 8 anos

Mulher foi presa pelos policiais da DDM de Diadema. (Foto: Reprodução/Tv Record)

Uma mulher de 40 anos foi presa na quinta-feira (19/12) pelos policiais da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Diadema, acusada de vender fotos íntimas da própria filha, que tem apenas oito anos de idade a um pedófilo. O homem que chegou a fazer vários pagamentos, total de R$ 400 em apenas dois dias, em troca de fotos da menor, já foi identificado e é procurado pela polícia.

A mulher, que vivia com a filha no bairro Campanário, é mãe de outras duas adolescentes, que não vivem com ela e não há indícios de que elas tentam sido vítimas de algum tipo de abuso. A acusada foi indiciada com base em vários artigos do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que envolvem fotografar e vender conteúdo de pornografia infantil. Já o homem é acusado de pedir, comprar e armazenar conteúdo. Ele tem 43 anos, já foi identificado, mas ainda não foi localizado. A polícia espera que ele se entregue nas próximas horas. O pai da criança, que fica dias fora de casa a trabalho, soube da situação pela rede social e se apresentou para cuidar da filha.

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A prisão da mulher só foi possível graças a preocupação de pessoa que acabou por encontrar o celular que a acusada perdeu. Essa pessoa encontrou as conversas em aplicativo de mensagens e resolveu publicar no status da própria acusada os prints da conversa com o pedófilo e as fotos, bem como a negociação financeira, feita através de PIX. O material chegou até o conselho tutelar e à direção da escola onde a criança estuda, que acionaram a polícia.

Segundo a delegada titular da DDM de Diadema, Renata Cruppi, o pedófilo não chegou a ter contato com a criança, porém, nas conversas a mãe demonstrou que queria apresentar a filha a ele. “Se não tivéssemos alcançado ela em tempo, poderia ter ocorrido um crime mais sério”.

“O homem pedia fotos em poses determinadas, como da criança sem blusa ou só de calcinha, a mãe fazia e ele pagava através de PIX. Foi muita ousadia e coragem da pessoa que achou celular e resolveu expor tudo isso, graças a essa pessoa toda a rede de proteção foi acionada”, explicou a delegada. A mãe foi encontrada em casa, mas resistiu à prisão e precisou ser contida pelos policiais civis para ser levada até a DDM. A mulher passou por audiência de custódia e a prisão preventiva foi ratificada pela Justiça.

Escalada

Os números dos crimes contra menores e violações de direitos cresceram em 2.024. Dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, mostram alta de 54,25% nas violações dos direitos de crianças e adolescentes. De janeiro a novembro do ano passado foram 18.964 violações denunciadas contra 29.251 no mesmo período deste ano.

Esses números refletem os casos que chegam às delegacias de polícia, só na DDM de Diadema em um mês de trabalho foram realizadas seis prisões de pessoas acusadas de crimes contra menores. “Os pais e responsáveis devem dar mais credibilidade ao que a criança fala. Qualquer indício deve ser informado, muitos pais dizem que não acreditam no que ouvem  e depois se apura que de fato aquilo estava acontecendo. Então é melhor apurar e, mesmo que ao fim não se encontre nada, é melhor do que deixar a criança correr o risco”.

A alta de situações de violação de direitos e crimes contra menores é fruto de poucas ações de conscientização, segundo analisa a delegada. “2024 teve poucas ações de ensino e de divulgação dos direitos e canais de denúncia, tanto em relação à mulher como em relação à crianças e adolescentes, isso impacta nos números. É preciso ter o conhecimento antes de se tornarem vítimas”, aponta Renata.

Para o advogado, ex-secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ariel de Castro Alves, o caso da mulher presa em Diadema ilustra um quadro de falta de campanhas e de uma escalada de violência que é impulsionada pela internet por onde trafegam pedófilos. “2024 foi um ano emblemático, no qual ficou evidente que a região e o País enfrentam uma escalada de violência contra as crianças e adolescentes, impulsionada pela internet e pelas redes sociais, que ampliaram as formas e meios de crimes e violações aos direitos das crianças e adolescentes”, aponta o especialista na área que é também presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) subseção de São Bernardo e membro da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB paulista.

Segundo Alves a falta de aparelhamento da rede de proteção também não ajuda a baixar os índices. “Temos um sistema de proteção extremamente frágil e precário para enfrentar os crimes e violações, com falta de setores especializados em crimes cibernéticos na Polícia Civil, sem nenhuma delegacia especializada da criança e do adolescente no Estado de São Paulo e no ABC e com conselhos tutelares funcionando precariamente, alguns deles até com dificuldades de acesso a internet”, completa.

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