Historicamente reconhecido por sua importância na indústria de transformação, o ABC enfrenta momentos de reflexão sobre os caminhos para recuperar seu protagonismo econômico. Diante de desafios como a competitividade global, a modernização tecnológica e a falta de integração entre os municípios, o planejamento conjunto e a inovação surgem como elementos essenciais para impulsionar o desenvolvimento econômico regional.
Para Norberto Perrella, diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), regional de Santo André, que abrange Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, a falta de colaboração entre os municípios impede o fortalecimento econômico e dificulta a recuperação plena do setor industrial. “Apesar de termos um passado de protagonismo na indústria de transformação, o ABC ainda não planeja adequadamente o futuro. As cidades competem entre si, e isso prejudica o trabalho coletivo necessário para o crescimento. A falta de integração nos deixa despreparados para desafios atuais, como a mobilidade urbana e a atração de novos negócios para a região”, comenta em entrevista ao RDtv.
A indústria da região, segundo ele, iniciou 2024 com dificuldades, mas apresentou uma recuperação significativa a partir do segundo trimestre, sobretudo no setor de transformação. Entretanto, o dirigente alerta que a concorrência com outros estados e países exige modernização e inovação para a região voltar a ser competitiva.
“O mercado não espera por ninguém. É dinâmico e está em constante mudança. A eletrificação dos transportes e as transformações tecnológicas são apenas alguns dos exemplos. Precisamos de uma nova indústria, planejada e adaptada para o futuro, mas isso só será possível com união entre os municípios e ações concretas”, explica.
Entre as ações de destaque realizadas em 2024, Perrella menciona a aproximação do Ciesp Santo André com startups e a comunidade ABC Valley, que integra empresários tradicionais às novas soluções tecnológicas. Para 2025, o objetivo será ampliar esse processo e fortalecer parcerias regionais, como a colaboração com o Ciesp São Bernardo.
“Falar de inovação não pode ser apenas literatura. Nosso papel tem sido trazer a inovação para a prática, promovendo resultados reais para as empresas. Vamos continuar conectando empresários e startups, criando oportunidades para que pequenos e médios negócios da região se modernizem e se tornem mais competitivos”, diz o diretor.
Perrella também destaca a necessidade de qualificar a mão de obra da região para atender às novas demandas do mercado, pois o custo elevado da mão de obra no Brasil é um dos fatores que dificultam a competitividade, mas acredita que a qualificação traz retornos positivos para a cadeia econômica.
Desafios para 2025
Sobre a reforma tributária, o dirigente avalia que, embora seja necessária para simplificar o ambiente de negócios, os efeitos serão sentidos a longo prazo. Também reforça a importância de criar um ambiente propício à atração de empresas tecnológicas e estáveis, que impulsionem o desenvolvimento local.
“A carga tributária é um desafio para a indústria, mas, mais do que isso, precisamos de políticas locais que incentivem a inovação e o crescimento sustentável. O ABC tem potencial, mas precisamos trabalhar integradamente para explorar nossas vocações econômicas e retomar o protagonismo industrial”, explica.
Para 2025, o Ciesp Santo André planeja continuar com as iniciativas de aproximação com startups e entidades locais, além de fortalecer a interlocução com prefeitos recém-eleitos para alinhar projetos em prol do desenvolvimento regional.