O empresário André Caparroz, anunciado pelo prefeito eleito de Rio Grande da Serra, Akira Auriani (PSB) como futuro secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, diz que a cidade, que tem a menor arrecadação da região pode usufruir do seu potencial para o turismo, já que seu território está 100% em área de proteção aos mananciais, e, ao mesmo tempo, atrair empresas de tecnologia que tem uma atividade de baixo impacto ambiental, mas de bom valor agregado e com bom potencial para geração de empregos.
Em entrevista ao RDTv, nesta segunda-feira (09/12), Caparroz falou dos desafios, dos planos e do início do planejamento para a futura administração e de agendas que estão sendo feitas visando já começar a gestão com algumas ações pontuais. “É um desafio muito grande porque a gente entende a expectativa da população e sabe a responsabilidade que a gente carrega. Ficamos entre Paranapiacaba e Ribeirão Pires, passam por aqui cerca de 4 mil turistas e a arrecadação para Rio Grande da Serra é zero. Então a gente já mapeou alguns pontos para que a cidade seja atrativa para esses turistas e vamos dar andamento já a partir do primeiro ano de governo”, disse em relação ao investimento no turismo.
A prioridade da pasta de Desenvolvimento Econômico é buscar alternativas para que a cidade arrecade mais para os investimentos necessários, mas Caparroz admite que quem mora em Rio Grande da Serra tem também muitas carências e a prefeitura terá que atender essas demandas primeiro. “Primeiro tem que atender os moradores com saúde, asfalto e educação. Como falar de turismo se a cidade não que não tem remédio na UPA? A gente tem reuniões pontuais e estamos bem alinhados, o Turismo faz parte do todo, a gente entende que é um dos maiores potenciais e é tratado com importância, mas antes precisa ter uma estrutura para a cidade”, destaca o futuro secretário.
Caparroz já citou uma das iniciativas; o projeto Escola Sem Muros, através do qual os alunos terão aulas sobre a história da cidade, sendo que algumas destas instruções serão dadas pelos professores nos locais turísticos e marcos da história do município. “Para as pessoas de Rio Grande da Serra retomarem a autoestima precisam conhecer os valores e se apropriar da sua história. No projeto Escola Sem Muros todas as escolas municipais vão ter, dentro da grade, uma matéria que fale da cidade, vamos fazer visitas com a meninada contando a história da visita do papa, da maior pedreira da América Latina, ou seja, fazendo esse trabalho da base. Fora isso teremos um projeto para o Natal, uma corrida maluca, tudo voltado para o turismo, sem deixar de olhar a cidade com cuidado e atender a nossa população”.
Em parceria com a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Rio Grande da Serra, Caparroz diz que diversos eventos terão uma estrutura maior para garantir público, arrecadação e movimento para o comércio da cidade. “A associação já tem marcada uma corrida para o Dia das Mulheres e nós vamos aproveitar todo o potencial que pudermos e focalizar no desenvolvimento econômico. A arrecadação da cidade é muito baixa e, para mudar isso, vamos transformar os eventos que temos hoje em grandes eventos. O Teixeirão, por exemplo, o nosso estádio, a ideia é que depois do torneio de futebol tenha banda, dança, ou seja, vamos aproveitar esse público para gerar receita para a cidade. Tem que maximizar os eventos para tirar receita e também fazer essa cultura para a cidade”.
Rio Grande da Serra não conseguiu o título de Município de Interesse Turístico (MIT), o que lhe garantiria verba para projetos nesta área. Caparroz disse que resolver isso é uma das prioridades do próximo governo. “A minha expectativa é que consiga dar entrada no ano que vem. Já estamos costurando para resolver as pendências e ver o que pode ser apresentado para não perder mais um ano nessa pendência. Eu acho uma tristeza não ter a cidade não ter conseguido o MIT que traz a possibilidade de arrecadar mais com projetos”, destaca.
Tecnologia
Atrair empresas de ponta para uma cidade onde o potencial construtivo é pequeno, dada a condição de estar em área de proteção ambiental, não é fácil, mas o futuro secretário de Desenvolvimento Econômico vai focar nas empresas de tecnologia cuja atividade tem baixo impacto ambiental, bom valor agregado e potencial de geração de empregos. Para isso cursos de formação profissional serão necessários para garantir o preenchimento destes postos de trabalho.
“A gente não pode se fechar em Rio Grande da Serra, claro que vamos buscar empresas para gerar empregos e arrecadação de impostos. Um dos nossos pilares para o desenvolvimento econômico é o de tecnologia, queremos fazer cidade interessante para as empresas dessa área. Já conversamos com o Márcio França (ministro do Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte) e queremos estruturar a cidade para tecnologia. Somos uma cidade 100% em manancial então fica difícil para a indústria e essas são as que mais trazem resultados com baixo impacto. Vamos ser uma cidade atraente para as empresas de tecnologia”, aponta o futuro secretário municipal. “O Márcio França vai dar apoio a hubs de tecnologia para entender quais as demandas das empresas, hoje temos vagas de empregos não preenchidas por falta de capacitação, então vamos entender o que as empresas estão precisando”.
Carbono
Com potencial para a obtenção de créditos de carbono a cada ação visando preservar o meio ambiente e também podendo até receber os royalties por produção de água, Rio Grande da Serra pode reverter a situação de baixa arrecadação, na opinião de Caparroz. “Rio Grande tem potencial muito grande neste sentido vejo com bons olhos essa questão dos créditos de carbono, assim como também os royalties de compensação para a questão da água. Esses pontos, que nunca foram atacados, a gente não vai deixar de olhar”, disse ao RDTv.
A busca de emendas, viagem para Brasília e a conversa com membros do governo estadual já estão acontecendo. “Essas portas que estamos conseguindo abrir no governo estadual e federal vão dar alguma força em projetos e emendas. A gente já conversou com várias pessoas do turismo e estou em contato com a assessoria do governador Tarcísio (de Freitas – Republicanos). Nós não estamos parados, mas é situação delicada essa, pois ainda não posso falar como secretário, mas também não posso ficar de braços cruzados. Estamos entendendo como funcionam as coisas, como essa questão do MIT, e fazendo algo para tentar agilizar alguma coisa. Já tem viagens marcadas para Brasília em janeiro e aí vai ficar mais fácil para falar”.
Por fim, Caparroz diz que há pouco diálogo com a equipe da prefeita Penha Fumagalli (PSD), para a transição de governo. “Fomos proibidos de falar com o secretário. A gente fica triste porque não está aqui para fazer nome, precisamos fazer processos para a cidade, quero que esse meu legado transcenda o mandato e para quando eu não estiver mais no governo”, disse em tom de crítica a atual gestão.