Vanessa prioriza saúde e defende pai Leonel

Enquanto a oposição tenta ligar seu nome ao do pai, Leonel Damo, Vanessa garante que não tenta esconder o parentesco com o ex-prefeito e reforça ter independência política. “Amo meu pai, me orgulho dele, mas somos pessoas públicas diferentes”.

A candidata à Prefeitura de Mauá pelo PMDB, Vanessa Damo, foi a entrevistada desta sexta-feira (27) do RDtv. A deputada estadual afirmou que, caso eleita, terá como principal meta melhorar a qualidade dos atendimentos da área da saúde. Levar uma unidade do Poupatempo de serviços à cidade e sanar o problema da dívida pública – que ultrapassa a marca de R$ 1 bilhão – também integrarão o plano de governo da prefeiturável.

Entre as propostas para a saúde estão a entrega de cinco UBSs (Unidades Básicas de Saúde) com atendimento 24 horas, ampliar a contratação de médicos e informatizar o sistema. “Com um sistema integrado é possível que os equipamentos públicos tenham o histórico do paciente, o que fará com que o atendimento seja mais rápido e mais efetivo”, explica.

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A candidata pretende ainda implantar o chamado Convênio Municipal Gratuito de Saúde, onde a Prefeitura firmará parcerias com a rede privada de saúde para garantir atendimento e realização de exames caso a rede municipal e estadual não consiga atender toda a demanda. “Isso evitaria que pessoas demorassem anos para conseguir realizar um exame”, defende.

Vanessa garante ainda que o município terá uma unidade do Poupatempo (atualmente São Bernardo é a única cidade do ABC a contar com este equipamento público) e trabalhará para que Mauá tenha delegacia seccional e IML (Instituto Médico Legal).

A peemedebista diz ainda que contará com o apoio do presidente nacional da sigla e vice-presidente da República, Michel Temer, para conseguir renegociar a dívida pública do município, que atualmente ultrapassa a marca de R$ 1 bilhão.

Enquanto a oposição tenta ligar seu nome ao do pai, Leonel Damo, Vanessa garante que não tenta esconder o parentesco com o ex-prefeito e reforça ter independência política. “Amo meu pai, me orgulho dele, mas somos pessoas públicas diferentes”.

Confira os principais trechos da entrevista:

RD: Quais suas ações prioritárias para Mauá caso você seja eleita?
Vanessa Damo:
A maior reclamação da população tem relação com a saúde. Postos sem medicamentos, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) sem médicos, Hospital Nardini sem pronto-atendimento, tudo isso causando um caos na cidade toda. Queremos colocar médicos com cartões de identificação de atendimento para que possamos fiscalizá-los, precisamos implantar mais cinco UBSs (Unidade Básica de Saúde) com atendimento 24 horas. Os pronto-atendimentos foram fechados e encaminharam as pessoas para as três UPAs da cidade, mas não foi feita uma boa gestão e as pessoas não encontram médicos nestas UPAs. Uma cidade com quase 500 mil habitantes não está encontrando atendimento médico na cidade. Vamos fazer o atendimento nas cinco UBSs, fortalecer o atendimento nas demais e fazer a informatização entre todas as unidades de Saúde. Hoje não há esta integração, não há informatização. Se a pessoa faz uma ficha em um posto e é encaminhado para o Nardini, perde-se todo o histórico, tem que voltar e fazer toda a parte da ficha médica novamente. Com informatização acaba sendo tudo mais rápido.

RD: Então a saúde é o ponto principal do seu plano de governo?
Vanessa:
É o principal, tanto que estamos estudando um projeto inovador que é a integração da rede municipal e estadual com as clínicas particulares, que é o que chamamos de Convênio Municipal Gratuito de Saúde. Vamos fazer a regulação de vagas atender com mais dinamismo. Há pessoas que esperam exames há mais de três anos. Então vamos criar esta informatização, fazer a regulação enxergar as vagas na rede municipal e, não tendo estas vagas, encaminhar as pessoas para o AME (Ambulatório Médico de Especialidades – equipamento do Governo Estadual). Se a AME estiver saturada também, vamos criar esta parceria com rede particular onde o munícipe que não conseguiu atendimento da rede pública possa ser atendido pela clínica médica e a Prefeitura pagará esta despesa. Isso já acontece em outras cidades e acreditamos que seja algo inovador para Mauá.

RD: Hoje a cidade não tem capacidade de investimento, já que a dívida pública ultrapassa a marca de R$ 1 milhão. Como resolver esta questão?
Vanessa:
Já tivemos um encaminhamento do vice-presidente da República, Michel Temer, e a Caixa Econômica Federal será nossa ponte, o Michel fará esta intermediação. Mauá já pagou esta dívida. Na verdade, esta dívida foi contraída na década de 1980, numa época de inflação galopante. Infelizmente a cidade tem cerca de R$ 3 milhões por mês retido para pagamento da dívida, isto é prejudicial para a cidade. Temos de mostrar que a dívida já foi paga, que os juros foram abusivos e que precisaremos de um caminho político para negociação disso. Há um compromisso do vice-presidente para nos ajudar nisso para que consigamos nos livrar dela e retomar o crescimento da cidade.

RD: Quais seus projetos para as áreas de risco? Quais as ações preventivas nestas áreas?
Vanessa:
Vamos implantar projetos habitacionais em parceria com o governo estadual e também com o governo federal. No ano passado tivemos fortes chuvas onde cinco pessoas morreram e outras ficaram desabrigadas e conseguimos um amparo da Defesa Civil do Estado com doações de alimentos e cobertores. Mas isso é algo que não pode ser ignorado nem tratado com frieza. Vamos fazer um mapeamento das áreas de risco e buscar verbas para garantir casas seguras. Acredito que Mauá precisaria hoje de mais de cinco mil moradias, mas seria prematuro falar isso sem uma pesquisa, por isso vamos fazer o mapeamento.

RD: Você pretende trazer equipamentos públicos para a cidade seja mais independente e não precise de outros municípios?
Vanessa:
Com quase 500 mil habitantes, Mauá não pode depender de outros municípios. É o caso da delegacia seccional da Polícia Civil, que dependemos de Santo André. Conversamos com o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, sobre a dificuldade e principalmente da demanda. Mauá comporta uma delegacia e ele falou que nos dará prioridade. Quanto ao IML, já temos um local, na frente do cemitério do Santa Lídia. Hoje o corpo da pessoa que mora em Mauá vai para Santo André e, quando volta, muitas vezes já está na hora do enterro. Vou conseguir novamente o Poupatempo fixo para Mauá, hoje só há em São Bernardo. Eu havia conseguido isso no passado para a cidade, conseguimos aprovação do terreno, fizemos vistorias, começamos a tramitação para a doação do terreno, mas houve troca de gestão na cidade, não houve uma continuidade e Mauá perdeu o Poupatempo. Sei como conquistar, é um investimento de mais de R$ 50 milhões, mas temos demanda para isso.

RD: Como será a relação com o governo federal? Como você vai buscar recursos?
Vanessa:
Comigo Mauá não perderá recursos, verbas ou projetos. Acho que golpes e picuinhas políticas prejudicam o desenvolvimento da cidade. Tenho ótimo relacionamento com o governo do estado, sou deputada da base aliada do governo, mas também tenho uma ponte muito grande com o governo federal, que é o Michel Temer. O bom gestor não é aquele que escolhe projeto ou verba, mas sim aquele que representa a cidade como um todo. Vou continuar meu bom relacionamento com ambos para poder ajudar a cidade de Mauá.

RD: Como será seu comportamento com relação ao Consorcio Intermunicipal caso seja eleita?
Vanessa:
O prefeito que achar que vai conseguir trabalhar isoladamente para a população está com visão equivocada. Hoje a pessoa mora em uma cidade, trabalha em outra, usa o transporte público ou saúde da cidade vizinha, então as lutas devem ser conjuntas, a integração é importante e o Consórcio tem papel fundamental nisso. Teremos atuação muito ativa no Consórcio.

RD: A mobilidade urbana passa por esta questão?
Vanessa:
Conseguimos o viaduto de Capuava, a interligação da avenida do Estado até o complexo JK, que interliga a Jacu Pêssego com o trecho sul do Rodoanel. É uma reivindicação de mais de 20 anos de Mauá, as pessoas não aguentavam mais ficar esperando a cancela do trem para passar. Parte desta obra passa por Santo André, vai ajudar Mauá, mas toda a região também, então já é um exemplo de trabalho conjunto.

RD: Você é coordenadora do PMDB no ABC. Como o partido está na região?
Vanessa:
O PMDB é um partido muito forte em Brasília e em âmbito nacional, mas que passa por uma reestruturação, uma renovação em São Paulo. Nosso trabalho veio justamente para poder fazer com que várias candidaturas fossem alavancadas. Hoje nós temos mais de 200 candidatos a prefeito no Estado em São Paulo e há mais de 200 candidaturas a vice-prefeito, estamos levantando a história do partido, atraindo novas lideranças e olhando a política com mais humanidade. Aqui no ABC temos a minha candidatura em Mauá, a do Saulo Benevides em Ribeirão Pires, o Paulo Pinheiro em São Caetano e em Santo André temos o Nilson Bonome. Nas outras cidades temos articulado para que tenhamos posição de visibilidade e de trabalho pela população. É uma sigla que ficou um pouco esquecida na região por um tempo, então é algo de grande responsabilidade, mas a aceitação tem sido positiva e o partido tem se renovado.

RD: O número de mulheres na política, após a eleição da presidente Dilma Rousseff, tem crescido. Como você analisa isso?
Vanessa:
Fiquei muito contente com o cenário do ABC com relação às candidaturas femininas. Quando eu entrei na política, há oito anos, ainda não havia a presidente Dilma, que de fato incentivou muitas mulheres. Antes havia mais preconceito, pois o meio político era muito masculino. Precisamos de homens e mulheres juntos para construir uma nova realidade, mas não podemos ter a ausência feminina nas tomadas de decisão, pois a mulher tem uma sensibilidade diferenciada. Hoje em Mauá são quase cinco mil crianças aguardando uma vaga em creche, talvez tenha chegado neste número por conta de ter a falta deste olhar da mãe, que enxerga a mulher que vai trabalhar fora e que precisa de creche.

RD: Um assunto recorrente na oposição é a figura do seu pai como ex-prefeito, que de certa forma não teve uma avaliação muito positiva. Dizem que você quer escondê-lo na sua campanha. Como você responde a essas críticas?
Vanessa
: São críticas infundadas, nunca escondi meu pai, tenho orgulho dele, o amo muito, foi um dos melhores prefeitos do Estado na década de 1980, mas eu construí meu próprio caminho. Quero ser reconhecida pelo meu trabalho, quero ser questionada pelas minhas atividades, quero debater meus projetos. Apesar de amar muito meu pai, ele é uma pessoa pública e eu sou outra. Não estou escondendo ele. O filho que renega o pai ou a mãe não está dentro daquilo que é correto, que é o laço familiar. Estou indo para a quarta eleição e já mostro independência neste sentido.

RD: Seu plano de governo já está pronto?
Vanessa
: Nosso plano de governo está sendo feito, é o documento mais importante da campanha e do mandato, pois ele é a diretriz do mandato, é de lá que vamos tirar as metas que deverão ser cumpridas, todas as cobranças que faremos ao secretariado, dentro de reivindicações da sociedade. Existe uma linha básica protocolada no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas a formação do meu plano está sendo feita com a população e com representantes da sociedade civil organizada para que tudo seja possível de ser colocado em prática, pois é um compromisso. Quando ele estiver completo (ainda não temos data para isso), será divulgado.

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