O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sancionou a lei que proíbe o uso de celulares, tablets e computadores em escolas públicas e privadas no Estado. Publicada no Diário Oficial desta sexta-feira (06/12), a medida entra em vigor em 30 dias e gera discussões sobre seus possíveis impactos no ambiente escolar e na educação, tanto pelo lado dos apoiadores da decisão que restringe o uso das tecnologias na escola, quanto aos que acreditam que a resolução foi premeditada.
Em entrevista ao RDtv, Ednilton Santa Rosa, professor doutor do curso de Psicologia do Centro Universitário Fundação Santo André, acredita que a decisão foi tomada abruptamente e sem um diálogo amplo com a sociedade. “Estamos lidando com um elemento central da vida moderna, a tecnologia. A proibição sem consulta pública ou campanhas de conscientização gera mais problemas do que soluções”, comenta.
Santa Rosa destaca que o uso excessivo de celulares em sala de aula, especialmente para redes sociais ou jogos, é prejudicial ao aprendizado. Contudo, argumenta que a tecnologia também tem papel educativo e que o uso deve ser regulado, não proibido.
“Até pouco tempo, muitas escolas incentivavam o uso de dispositivos móveis para atividades pedagógicas. Agora, com a proibição, o que antes era permitido se torna um problema. Isso causa confusão para os estudantes e professores e na realidade vira motivo de confrontos entre as partes”, ressalta o psicólogo.
‘Melhor é campanha educativa’
A nova legislação exige que escolas desenvolvam canais de comunicação com os pais e estabeleçam regras claras para o armazenamento dos aparelhos durante as aulas. Segundo o especialista, quando algo é proibido, surgem formas de burlar a regra, como incluir outros dispositivos ou estratégias para manter o celular escondido. Como sugestão, diz que promover campanhas educativas que ensinem o uso consciente da tecnologia é uma das saídas.
A preocupação também se estende a estudantes que dependem de dispositivos para acessibilidade, como aqueles com deficiência que utilizam aplicativos ou softwares de apoio. Para Santa Rosa, a falta de discussão ampla pode levar a efeitos colaterais graves. “Estamos tirando a responsabilidade de quem deveria educar sobre o uso correto dos aparelhos e transferindo para uma regra que pode ser vista como punitiva”, adverte o professor.
Segundo a sanção, será permitida a utilização dos dispositivos para fins pedagógicos, no acesso a conteúdos digitais ou a ferramentas educacionais, e quando houver necessidade de auxílio tecnológico para alunos com deficiência. Os eletrônicos serão suspensos no intervalo entre as aulas, recreio e atividades extracurriculares.
Apesar da decisão vir da esfera governamental, Santa Rosa acredita que o papel da escola é orientar os jovens sobre a tecnologia de forma crítica e consciente, sem a necessidade de criar disciplinas específicas para isso. “A tecnologia tem muitos benefícios, mas também apresenta desafios. Cabe às escolas e famílias trabalharem juntas para estabelecer limites saudáveis, tanto em casa quanto na escola”, recomenda.