Paulinho Serra refuta Salles como terceira via e oferece voto de confiança ao PT

O próprio presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, declarou em diversos jornais que minha candidatura foi estuprada, se estupro não for perseguição, eu não sei o que é.

Vereador eleito mais votado de Santo André nas eleições de 2008, Paulinho Serra (PSD) afirmou nesta quinta-feira (26/07) que seu antigo partido, o PSDB, se ‘apequenou’ no contexto regional. Segundo Serra, este foi um dos principais fatores que o levaram a deixar a legenda, além de ter sido preterido na escolha do candidato tucano a prefeito do município.

“Tenho gratidão ao PSDB, pois foi o partido que me trouxe projeção e reconhecimento, mas este sentimento se mistura à decepção porque a sigla se apequenou na região e preferiu assumir o papel de coadjuvante, encabeçando apenas uma candidatura em todo o ABC”, disse. A declaração foi concedida em entrevista ao RDtv.

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Entre outros assuntos, Serra também falou sobre as eleições na cidade e sobre seu futuro político “Não considero a chapa do candidato Raimundo Salles (PDT) como uma terceira via legitima, pois não houve construção no processo de formação da chapa. Já meu apoio ao Carlos Grana (PT) é baseado em um voto de confiança de nosso grupo nas suas propostas e ideias. Espero participar efetivamente de seu governo para tirar os planos do papel”, projetou.

Confira abaixo, trechos da entrevista:

RD: Por que você saiu do PSDB?
Serra:
Tenho sentimento de gratidão ao PSDB, pois cheguei a um bom nível de reconhecimento e projeção graças ao partido, mas ao mesmo tempo isso se mistura a um sentimento de decepção, porque a legenda se apequenou. Continuo a admirar as figuras do PSDB e não deixei de acreditar em muitas ideias, mas no sentido político o partido não reflete mais o que a sociedade espera dele em nossa região. Temos sete cidades no ABC e apenas em Rio Grande da Serra foi confirmada a candidatura própria. Existiam alternativas viáveis, mas o que prevaleceu foram projetos pessoais. Em Santo André, não compreendo o que aconteceu, já que o partido passou o tempo todo pregando que a administração de Aidan Ravin (PTB) era a melhor para a cidade, e de uma hora para outra decidiu apoiar outro candidato sem nenhuma satisfação à sociedade.

RD: Você acha que o PSDB cometeu um erro ao apoiar a candidatura do Raimundo Salles (PDT)?
Serra:
Eu acredito que sim, não pelo candidato, mas pelo projeto. Existiam apenas duas correntes dentro do partido, uma que defendia a candidatura própria e outra interessada no apoio ao atual prefeito Ravin. Trocar em 48h todo o processo que foi discutido por um ano e meio por uma opção que eu enxergo como coadjuvante não tem o menor sentido. Não sei quais foram os motivos, mas não considero legitimo, pois não houve a construção deste processo de aliança.

RD: O PSDB sempre foi um adversário histórico do PT, como explicar ao seu eleitor que hoje você apoia o projeto petista?
Serra
: Temos que esclarecer que não é fácil explicar e que o sistema partidário do País é muito confuso. Procuramos um partido novo, que ideologicamente compartilha de nossas ideias, mas que já estava comprometido com o projeto do Grana, justamente por entender que este é o projeto mais novo, mais dinâmico e com melhores propostas, independentemente da questão partidária que realmente é muito bagunçada. Em Santo André, por exemplo, PT e PTB serão adversários, já em São Bernardo o vice da chapa de Luiz Marinho (PT) será novamente o Frank Aguiar (PTB). Estamos unidos pelo bem da cidade.

RD: Você acha que o Grana é a melhor opção para a cidade se desenvolver?
Serra:
Vamos dar um voto de confiança ao candidato, baseado em propostas e projetos que construímos durante as caravanas que fizemos enquanto era pré-candidato. Ele, inclusive, já se comprometeu com alguns itens para tirar algumas destas iniciativas do papel.

RD: Então quais seriam estes pontos?
Serra:
Para começar, pretendemos retomar algumas políticas públicas do saudoso prefeito Celso Daniel, já que em matéria de gestão a cidade não apresenta nada há dez anos. Investir no Eixo Tamanduateí, que é fundamental para o planejamento estratégico do município, com a construção de dois equipamentos importantes que o atual governo não conseguiu tirar do papel: o polo tecnológico, que é uma incubadora de novas tecnologias que será instalado na avenida dos Estados, e o Poupatempo de serviços e documentos, que já está liberado pelo Governo do Estado, mas que também não foi concluído. Outra questão é relacionada ao trânsito. Temos um cenário muito ruim e sem alternativas, resultado da falta de grandes obras na última década. Temos como compromisso pontual construir um viaduto que cruze o rio Tamanduateí e ligue ao 2° subdistrito sem a instalação de semáforos.

RD: E para a segurança?
Serra:
Temos como proposta efetiva a implantação da chamada Ronda Comercial, que será realizada nos cerca de 80 corredores comercias que a cidade possui. A ideia é ter a Guarda Municipal presente nestes locais e dar respaldo jurídico para que eles possam atuar com poder de polícia. Além do projeto Banho de Luz, que pretende melhorar a iluminação do município, ao trocar as lâmpadas atuais por outras de LED, que iluminam muito mais e ajudam a diminuir os valores pagos.

RD: Há um acordo para fazer parte do governo petista, caso o Carlos Grana seja eleito?
Serra:
A intenção é essa. Estamos dando um voto de confiança ao Carlos Grana, baseado em suas propostas, pois acreditamos que seja o melhor para Santo André. Se a população também entender assim, nós vamos contribuir para tirar as propostas do papel. Temos essa missão e não precisamos ocupar determinado cargo para colaborar neste sentido.

RD: Qual é seu futuro político a partir do ano que vem? Por outro lado o PSDB deve entrar com algum recurso na Justiça Eleitoral para requerer o seu mandato, como você reage?
Serra:
Em relação ao mandato, estou bem tranquilo. A lei eleitoral prevê três hipóteses para que o partido não possa sair vitorioso nesta questão, e uma delas é a perseguição partidária. O próprio presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, declarou em diversos jornais que minha candidatura foi estuprada, se estupro não for perseguição, eu não sei o que é. O coordenador regional, William Dib, continua a me processar mesmo eu tendo pedido desculpas e retirado tudo que disse no calor do momento de nossa discussão. Houve um grande conluio contra a nossa candidatura, porque contrariava interesses pessoais e isso vai ser mostrado.

RD: Você deixou de lado seu projeto pessoal de ser prefeito da cidade?
Serra:
Não colocaria como projeto pessoal, é um projeto de um grupo e, mais do que isso, um projeto da cidade, que já nos enxergava como uma boa novidade que surgia. Tenho apenas 39 anos e tenho bastante tempo para consolidar isto. 

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