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João Alves Pereira, morador de São Bernardo, é exemplo vivo de superação e resiliência. Nascido em 7 de janeiro de 1910, ele completou 114 anos e carrega uma história que atravessa gerações. Com lucidez e carisma, compartilha memórias de uma vida marcada por desafios, conquistas e momentos de felicidade.
Natural de Itajuípe, na Bahia, João perdeu o pai ainda criança e foi criado pela avó de criação. Apesar do acolhimento, sua infância foi marcada por violência. Ele relembra os maus-tratos que sofreu: “Ela era escrava, apanhava, e depois queria fazer o mesmo comigo.” Aos 9 anos, cansado do sofrimento, fugiu de casa e passou a se criar sozinho.
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Ainda menino, João começou a trabalhar em uma padaria. Após cometer um erro no serviço, foi agredido pelo patrão com uma viga de madeira. “No outro dia, fui embora e comecei a trabalhar por conta própria”, conta.
No entanto, o momento mais especial de sua vida foi o encontro com sua primeira esposa. João trabalhava em uma fábrica e, ao voltar para casa um dia, chamou a atenção de uma jovem que o viu passar. “Passei nu da cintura para cima, com uma machadinha nas costas. A moça perguntou ao pai dela quem eu era, e ele respondeu: ‘É o chefe do trabalho, o maior homem da firma.’ Uns dias depois, ela começou a namorar comigo. Foi minha felicidade, tudo que era ruim acabou”, diz ele, com brilho nos olhos.
Mesmo com a idade avançada, João mantém o espírito jovem e suas paixões intactas. Adora ouvir rádio e, principalmente, acompanhar os jogos do Corinthians, seu time do coração. “Eu gosto de todo jogo, mas o melhor é o corintiano”, afirma com entusiasmo. Curiosamente, João é mais velho que o clube, fundado em 1º de setembro de 1910, nascendo pouco mais de sete meses antes, o que o torna um torcedor verdadeiramente histórico.
Com 114 anos, João está muito próximo de ser a pessoa mais velha do Brasil. O título atualmente pertence a uma senhora de 116 anos, residente em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ainda assim, João é um dos poucos brasileiros que pode dizer ter vivido um século inteiro e mais uma década.
Ele é testemunha de grandes eventos no Brasil e no mundo. Viveu a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, viu a chegada do rádio e da televisão ao país, acompanhou o golpe militar de 1964, as mudanças de moeda e até as primeiras eleições diretas para presidente.
Quando perguntado sobre o segredo para viver tanto e com tanta vitalidade, João é direto: “É minha família. Minha neta, meus filhos, dão saúde, comida e me levam para tudo quanto é canto.” Ele também aprecia o reconhecimento por ser o morador mais velho da região, algo que o enche de orgulho.
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