Auricchio avalia mandato e rebate críticas à saúde e habitação

O prefeito Auricchio concede entrevista ao RDtv, apresentado por Airton Resende

O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), afirmou nesta segunda-feira (23), que seu último mandato frente à Prefeitura terminará com a realização de até 90% das ações prometidas em seu plano de governo. A declaração foi dada em entrevista concedida em seu gabinete ao RDtv e fez parte do balanço realizado pelo político que agora vive a expectativa de eleger Regina Maura como sua sucessora no Executivo da cidade. “Alcançamos entre cerca de 90% de nosso plano de governo. Tivemos todas as frentes atacadas, algumas com mais e outras com menos êxito”, relatou.

Auricchio também rebateu críticas relacionadas às áreas da saúde e habitação, fazendo questão de explicar os problemas de cada uma delas. “É necessário entender que uma década atrás a saúde pública era compartilhada ou minimamente exigida do governo municipal. É um processo novo que ainda apresenta dificuldades estruturais e necessita de avanços, mas eu desafio qualquer crítico a dizer que estamos falhando por falta de investimento ou de gestão”, alegou. “O SUS é um sistema regionalizado e hierarquizado, em que alguns equipamentos são de atenção regional. Imaginar que as cidades de São Bernardo e São Caetano não vão precisar do Hospital Mario Covas, por exemplo, é utopia ou ignorância de quem quer fazer vida pública achando que isso é possível”, completou, ao se defender de acusações feitas por oposicionistas em relação a não oferta de determinadas cirurgias no município.

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O prefeito também assumiu as dificuldades em resolver o déficit habitacional de São Caetano, provocado diretamente pelo grande número de cortiços no município.”Nosso gargalo é a escassez de áreas e os altos preços das que estão disponíveis. Estamos estudando saídas e espero deixar situação encaminhada antes de deixar o cargo de prefeito. A saída é trabalhar junto à CDHU e ao governo do Estado, não há como resolver com recurso próprio”, projetou.

Confira abaixo alguns trechos da entrevista:

RD: Quais as principais marcas que conseguiu emplacar em seu governo?
Auricchio:
Nossa marca maior foi tratar das pessoas. Entendemos que o munícipe precisa ter uma estrutura suficiente que lhe dê a manutenção da propagada qualidade de vida de nossa cidade, mas muitos não tinham acesso mínimo a esses sistemas. Com investimento nas áreas de saúde, educação, e inclusão social, criamos uma ampla rede social voltada pra melhorar a qualidade de vida do morador de São Caetano. O ser humano foi atendido.

RD: Outra marca de sua gestão foi a municipalização do ensino. O que falta para atingir 100% neste projeto?
Auricchio
: A municipalização é um processo contínuo, tivemos coragem de iniciá-lo. Era posição muito dúbia, tanto que respondo ação por parte do sindicato dos profissionais da educação por não acreditarem o caminho correto, mas confiamos e apostamos. É uma concepção que precisa ser continuada e complementada, pois temos um número significativo de escolas em poder do Estado. No momento, vivemos uma política de aproximação, para trazer mais equipamentos, qualificar e ampliar o acesso, mas já conseguimos trazer qualidade, padrões de igualdade e acesso universal para a cidade.

RD: Alguma novidade para este governo ainda?
Auricchio:
Possivelmente. Por exemplo, teremos uma nova escola no bairro Nova Gerty. Já possuímos outros colégios que atendem a esta demanda, mas essa completará nossa rede e fará com que todos consigam uma vaga no município.

RD: Como o senhor avalia a saúde na cidade? Sabemos que houve avanços, mas muitos críticos apontam a necessidade de realizar cirurgias e outros procedimentos em outras cidades, como principal ponto negativo.
Auricchio:
Primeiro é necessário entender a gênese do processo de saúde publica, que uma década atrás era compartilhada ou minimamente exigida do governo municipal. Para se ter ideia, no ultimo ano da administração de Luiz Tortorello, onde eu era responsável pela área da saúde, foram investidos em torno de 10% do orçamento da cidade em saúde. Em 2012, devemos completar o ano com 23%. É um processo novo que ainda apresenta dificuldades estruturais e necessita de avanços, mas eu desafio qualquer crítico a dizer que estamos falhando por falta de investimento ou de gestão. As faltas são pontuais e essa história de que as cirurgias têm de ser realizadas fora do município parte de nossos adversários políticos, que por má fé ou falta de conhecimento técnico, não conseguem compreender que o SUS é um sistema regionalizado e hierarquizado, em que alguns equipamentos são de atenção regional, realmente. Imaginar que as cidades de São Bernardo e São Caetano não vão precisar do Hospital Mario Covas, por exemplo, é utopia ou ignorância de quem quer fazer vida pública achando que isso é possível.

RD: E a importância do Hospital São Caetano nessa equação? Foi importante?
Auricchio:
Foi, é e será muito importante. O Hospital São Caetano é uma das bandeiras dessa administração. Deixo meu agradecimento público a Regina Maura, que foi a gestora que de fato construiu o processo de reabertura do hospital de modo muito eficiente junto ao poder judiciário e ao Ministério Público. A reabertura resgatou equipamento histórico e já possui nível de uso muito interessante. Temos planos futuros de transformá-lo em Hospital de Clínicas para o município, mas novamente deixo claro que isso não significa que não precisaremos do Hospital Mário Covas ou de outros equipamentos.

RD: Em relação à mobilidade urbana, qual seu prognóstico? Dá pra resolver os problemas de fluidez do trânsito em curto prazo?
Auricchio
: Não acredito. Trata-se de um problema mundial e não vejo outra forma de amenizá-lo que não seja com investimentos em transporte público de qualidade, especificamente no transporte sobre trilhos. Nós seremos a primeira cidade metropolitana a recebê-lo, na linha Tamanduateí – São Bernardo, até 2015.
Estamos no início de um processo e existem outros projetos de transporte sobre trilhos em andamento, como o Expresso ABC, mas essa matriz de deslocamento sobre rodas está esgotada. Somos a favor do incentivo à indústria automobilística, porque vivemos ligados a este setor, que representa nossa principal atividade econômica, mas há um contrassenso em relação à mobilidade urbana e nós temos de trazer equações que atinjam um bom resultado.

RD: O que o senhor fez em sua gestão e o que o próximo prefeito terá que fazer para resolver esta questão?
Auricchio:
Conquistar de forma coletiva o metrô para a região foi, sem dúvidas, a marca maior. Tenho orgulho de ter participado e continuarei a ser batalhador neste sentido. As ações pontuais para os próximos quatro anos estão relacionadas aos estacionamentos, com a promoção de oferta abundante a preços competitivos, para o motorista ter opção e para permitir que as vias tenham mais áreas de rolagem e fluidez. É necessário trabalhar na inteligência semafórica e em outras intervenções, como a alternância de mão de vias em horários de pico. Tudo isso de maneira regional, utilizando da melhor maneira nosso Consórcio Intermunicipal.

RD: Em sua última administração, foram contempladas todas as ações que foram projetadas para este mandato? E a questão dos cortiços, como resolvê-la de modo definitivo?
Auricchio
: Alcançamos entre 80 e 90% de nosso plano de governo. Tivemos todas as frentes atacadas, algumas com mais e outras com menos êxito. Em relação à habitação, temos gargalo muito claro que é a escassez de áreas e os altos preços delas. Estamos estudando saídas e espero deixar situação encaminhada antes de deixar o cargo de prefeito. A saída é trabalhar junto à CDHU e ao governo do Estado, não há como resolver com recurso próprio.

RD: Qual o déficit hoje?
Auricchio
: Aproximadamente mil residências. O último estudo é de quatro anos atrás, mas como não tivemos a expansão dessas áreas, o número fica muito próximo a isso.

RD: Se não há áreas, qual a solução?
Auricchio:
Achar essas áreas. Existem muito poucas, que têm de ser aproveitadas da melhor maneira possível. Na política de cortiços, temos um problema maior no entrave jurídico, porque são propriedades privadas, onde nossa força de atuação interna é muito pequena. O que pode ser feito é que existem planos neste sentido. É acordar permutas com o proprietário para a realização de melhorias no padrão habitacional, ainda que de forma coletiva, mas com níveis socioambientais satisfatórios.

RD: Em entrevista concedida recentemente ao RD, o candidato do PT ao Paço de Mauá, Donisete Braga, afirmou que tentará fazer com que o ICMS dirigido a São Caetano pela BR Distribuidora fosse passado a Mauá, já que a refinaria está instalada lá. Como senhor vê esta questão?
Auricchio:
Isso não é um privilégio de uma cidade ou de outra, é uma regra muito clara na política fiscal nacional, do pacto federativo regido pela constituição. Não é a vontade de um prefeito ou de um agente público que mudará isso. Sempre fomos defensores desta tributação, porque a empresa atua aqui, se um dia ela mudar, outra cidade receberá os valores de ICMS.

RD: A receita de São Caetano está concentrada em poucas empresas?
Auricchio:
Não, está pulverizada. Mas a arrecadação com ICMS, que é uma das principais receitas, está concentrada no grupo das que desempenham atividade industrial.

RD: A GM é uma das maiores fontes de receita?
Auricchio:
Com certeza.

RD: A planta da empresa, em São José dos Campos, passa por uma crise e teve de demitir funcionários. Pode haver reflexos em São Caetano?
Auricchio:
O reflexo possível é o aumento da produção local. Ao longo dos oito anos, as tratativas com a GM foram as melhores possíveis, com perspectivas de longo prazo e atividades de renovação da planta.

RD: Para finalizar, nos responda com frases curtas o que alguns nomes e situações significam para o senhor. Começando pelo ex-prefeito, Luiz Tortorello.
Auricchio:
Um dos maiores ícones políticos da nossa história.

RD: Pádua Tortorello?
Auricchio:
Grande articulador, talvez um dos maiores da Era Tortorello.

RD: Regina Maura?
Auricchio:
A melhor gestora no momento para a nossa cidade.

RD: Trauma após a morte do Tortorello?
Auricchio:
A ausência foi sentida na cidade como um todo. Eu como remanescente do grupo dele e também indicado por ele ao cargo que ocupo, talvez tenha sentido isto de forma mais intensa que outros companheiros.

RD: E a briga com o Pádua?
Auricchio
: Não houve briga, houve divergência administrativa. Convivemos muito bem nestes oito anos e da minha parte está superada.

RD: Futuro político?
Auricchio
: Trabalhar por São Caetano e região, como farei isso será a população que irá indicar.

RD: Como irá contribuir caso a Regina Maura seja eleita?
Auricchio:
Como cidadão; opinando e participando quando convidado, para que cidade possa continuar no padrão de desenvolvimento que nós temos.

RD: Importância do governador Geraldo Alckmin?
Auricchio:
Fundamental para o Estado e para o Brasil.

RD: Relação com Dilma e Lula?
Auricchio
: Absolutamente institucional, de respeito.

RD: Gilberto Costa era oposição e virou situação, qual a sua análise?
Auricchio:
Gilberto sempre foi companheiro nosso, estivemos afastados por um período por divergências não ligadas à política, o que foi superado e continua sendo parceiro como sempre foi por quase duas décadas.

RD: Funcionário público?
Auricchio:
Respeito e a força maior do trabalho para que a cidade se desenvolva

RD: IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), uma marca importante?
Auricchio
: Uma ferramenta de gestão, não só momentânea, mas para projeções futuras.

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