Morreu nesta sexta-feira (8/11), o economista e ex-presidente do Banco Central do Brasil (BC) Ibrahim Eris, aos 80 anos. Eris chefiou o órgão de política monetária durante o governo do então presidente Fernando Collor, de março de 1990 a maio de 1992, quando foi indicado durante a gestão da equipe econômica da ministra Zélia Collor de Mello.
O economista e ex-presidente do BC será velado e a despedida ocorre neste sábado (9), das 10h às 13h30, no Cemitério do Morumby, zona oeste de São Paulo.
Diante do falecimento, a Diretoria do Banco Central emitiu uma nota lamentando a notícia e destacando o papel do ex-ministro para a economia do País e seu trabalho para controlar a hiperinflação no Brasil.
“Ex-presidente do Banco Central entre março de 1990 e maio de 1991, Eris não mediu esforços no trabalho de assegurar para a sociedade brasileira uma economia estável e com inflação controlada”, afirmou, em nota, a instituição. “Por onde passou, Eris deixou sua marca de alto profissionalismo e empenho no que fazia. A Diretoria do Banco Central presta suas condolências aos familiares, amigos e colegas de trabalho de Eris neste momento de dor”, complementou.
Brasileiro de coração
Nascido na Turquia, em Samsun, no norte país, Eris deixou sua terra natal em 1966 quando foi aos Estados Unidos para cursar o doutorado na Vanderbilt University, em Nashville. “Nasci na Turquia e saí de lá quando me formei em Economia e Estatística pela Middle East Technical University, uma das melhores universidades da região”, disse o economista durante uma entrevista especial de comemoração ao Banco Central do Brasil.
Anos mais tarde, o turco de nascimento se naturalizaria brasileiro. Questionado sobre sua imagem do Brasil antes de conhecer o País, Eris dizia que um fato curioso sobre sua história era que sonhava, desde criança, em conhecer e vir morar no Brasil. “Eu tinha a fantasia de morar no Brasil um dia”, lembrou. “Como qualquer turco, a imagem que tinha do Brasil era a da Bahia misturada com a do Rio. E gostava do futebol brasileiro, sem dúvida, especialmente do Pelé. Era essa a imagem que eu tinha do Brasil”, descreveu.
Eris dizia que veio ao Brasil por causa da sua então esposa – já falecida – e também economista Cláudia Cunha Campos Eris, que voltou ao País para dar aulas na Universidade de São Paulo (USP), instituição em que o ex-presidente do BC também lecionou como professor convidado. “Minha tese foi sobre equilíbrio geral com incerteza. Foi uma tese puramente teórica, puramente matemática, dedicada à teoria e à microeconomia”, descreveu o economista sobre o foco do seu doutoramento.
Além de gerir o BC, Eris esteve à frente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O economista integrou a gestão de Luiz Paulo Rosenberg, que havia sido escalado pelo, à época, ministro do Planejamento Antônio Delfim Neto.