O envelhecimento é uma fase da vida permeada por múltiplas perdas, como a juventude, saúde, e da própria independência, o que para a maioria torna-se uma fase muito difícil. Pode-se dizer que o envelhecer representa perdas sucessivas ao longo da vida, definidas como mortes simbólicas, como as limitações físicas, doenças, aposentadoria, entre outras.
Essa aversão à morte e ao sofrimento, além de negligenciar a pessoa e a família enlutadas, compromete seu acompanhamento frente a perdas, antecipadas ou efetivas, que requeiram um luto que reconheça a desistência e transforme essa experiência, internalizando o essencial para seguir adiante. Com a consciência da finitude, novas atitudes e mudanças de hábitos auxiliam no processo de envelhecimento. O luto é uma reação e uma adaptação a perda de um vínculo afetivo importante, seja ele uma pessoa, animal, hábito, fase da vida.
O envelhecimento é um processo que se caracteriza por ser contínuo, irreversível e universal, que implica em várias alterações no organismo que se repercutem em dimensões diversas do desenvolvimento humano. Diante disso, há também várias formas de envelhecer, associadas às características dos indivíduos, como o contexto sociocultural. O envelhecer não se aplica somente às alterações biológicas e psicológicas, mas também com os padrões sociais dominantes e a forma como as sociedades perspectivam o envelhecimento.
As perdas fazem parte do processo de envelhecimento, contudo esse não se limita a isso. É uma fase de muitas mudanças, em que a interação com a família e com a sociedade é essencial para a qualidade de vida. Muitos idosos enfrentam o preconceito por serem vistos como inúteis à sociedade. Diante do explicitado, a inserção social dos idosos tem ganhado atenção como estratégia que contribui para um processo de envelhecimento mais digno.
Nossa sociedade ocidental não oferece o devido suporte a fim de proporcionar um envelhecimento saudável para nossa população. O sistema de saúde negligência a atenção à saúde psicológica dos idosos, falta profissionais capacitados e políticas públicas para este cuidado mental da consciência da finitude da vida. Para o idoso os eventos como a saída dos filhos de casa, e assim ficando este muitas vezes restrito ao convívio social e de lazer, as atividades que não poderá mais ser desempenhada por ele, o senso de não ser mais útil, a constatação de perdas dos amigos e familiares ou viuvez e o enfrentamento da solidão, o aparecimento de doenças, o prazer sexual, a beleza física a perda de perspectivas de futuro traz um desequilíbrio psicológico e assim comportamental.
Para os idosos, em sua grande maioria, o processo do luto começa quando há o início da perda de funções cognitivas e executivas, onde o mesmo começa a querer ir contra o processo natural do envelhecimento. Ademais, além do luto ser pouco falado por ser um tabu, também existe o fator social onde, infelizmente, as pessoas mais velhas aos poucos vão perdendo seus vínculos sociais e se isolam cada vez mais de seus grupos de convivência e relacionamentos.
Adriana Luiza Rodrigues Moreira, Edna Patrícia Lima, Fernanda Oliveira Mantuam, Henry Campoi Tenheri e Maria Bernadete Gutierrez Sanches são graduandos em Psicologia da Fundação Santo André. Orientação de Antônio Fernando Gomes Alves, professor de Economia e diretor Executivo do Instituto de Fomento da Fundação Santo André.