
Moradores da região, principalmente Diadema, usaram as redes sociais para reclamar de contas de luz com valores altos, em alguns casos quase dobraram o valor do mês anterior, mesmo o mês de outubro sendo marcado por apagões, que em algumas localidades levaram dias para serem solucionados. Os moradores relataram que não houve mudança de rotina, mesmo assim as novas contas apontam aumento no consumo. A Enel não comenta o assunto, já a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) atribui o aumento à bandeira tarifária vermelha, adotada quando os níveis dos reservatórios estão baixos e adotada em 1° de outubro.
Moradora do bairro Serraria, em Diadema, Leyla de Sousa Vital, diz que sua conta, com a bandeira vermelha quase dobrou de valor, sendo que a do mês passado já veio com valor de R$ 299 e a desse mês aumentou mais ainda; R$ 327. “Aqui somos três, eu, meu esposo e meu filho. Meu marido trabalha o dia todo, ficamos eu e meu filho, às vezes nem a Tv fica ligada. Eu não passo roupa e banho é controlado, só eu que gasto um pouco mais porque meu cabelo é comprido, mas lavo duas vezes na semana. O pior é eles desenterraram uma conta de mais de um ano, dizendo que não pagamos. Eu pago online tudo certinho porém no meu extrato só consigo até um ano atrás, mais que isso não consigo comprovar, atí tive que pagar uma conta a mais esses dias”, lamenta.
Anildo Rodrigues, morador do bairro Piraporinha, na divisa entre São Bernardo e Diadema, relata que como seu consumo é baixo, costuma pagar uma conta a cada dois meses. Porém, a conta que vence em outubro veio com o valor equivalente a um bimestre. “Esse mês dobrou o gasto como se fosse consumo de dois meses. Pior que não adianta reclamar, é perda de tempo”, diz o consumidor.
Amanda Santos, também moradora de Diadema, só que no bairro de Eldorado, diz que só a diferença entre a conta de setembro e a de outubro é de R$ 250. Ela diz que a fatura praticamente dobrou de valor de um mês para outro e diz que nada mudou na rotina da família, que é composta por ela e quatro crianças, para justificar o aumento.
Verônica Santos, mora em outro bairro de Diadema, o Jardim Maringá, e vive a mesma situação. Na sua casa são quatro pessoas, sendo que três trabalham o dia todo e só chegam à noite, e tem uma criança que estuda em período integral. “Nada justifica esse absurdo de conta”, diz a moradora que recebeu uma fatura de R$ 300 em setembro e outra 10% mais cara este mês. “Eu não passo roupa e não tenho máquina de lavar. Em casa é só geladeira, televisão e o chuveiro, e olha que a gente tenta economizar no banho. Como que uma pessoa de baixa renda sobrevive pagando R$ 330 só de luz?”, indaga a consumidora.
Sidicleuma Saraiva, que mora na Piraporinha, teve um aumento de 33% entre uma conta e outra. A de setembro ficou em R$ 301,56 e a deste mês foi de R$ 401,85. A moradora diz que os consumidores devem se unir para reclamar. “Vale a pena reclamar, mas uma andorinha só não faz verão”.
Thauany Vulcanis, mora também em Piraporinha, e conta que sua conta dobrou de valor passando de R$ 160 para R$ 320, isso para uma casa com três pessoas. “O problema é que na conta eles estão alegando que o consumo aumentou né, porém não aconteceu absolutamente nada diferente do mês passado, pelo contrário esse mês teve dias que eu passei sozinha porque meus pais saíram”, diz a consumidora que afirmou que vai abrir uma reclamação junto a Enel. “Vou fazer já esse mês. É o cúmulo sermos reféns deles e das medições que fazem, como se não bastasse você ainda tem que perder tempo fazendo reclamação contra um absurdo desses, quando na verdade o governo federal que tem a licitação dessa empresa que deveria proibir o aumento abusivo”, completa.
A Aneel diz que parte dos aumentos pode ser explicado pela mudança para bandeira vermelha em outubro. A agência sustenta que novembro já tem a determinação da bandeira amarela. “A bandeira vermelha patamar 2 está vigorando por todo mês de outubro. Com isso são cobrados R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. (O aumento) pode ser explicado sim pelo aumento da bandeira. Outro fator que pode explicar é o aumento do consumo no último mês. O consumidor pode checar essas informações na sua futura. Se verificar que possui alguma dúvida ou se sentir lesado, pode acessar os canais de atendimento ao consumidor disponíveis em: https://www.gov.br/aneel/pt-br/canais_atendimento/reclame-da-distribuidora”, diz a agência, em nota. “Para novembro a bandeira será amarela. Com esse acionamento, serão cobrados R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos, a partir de 1 de novembro”, completa a Aneel em comunicado.