A eleição municipal deste ano só termina neste domingo (27/10), com a realização do segundo turno em três cidades da região – São Bernardo, Diadema e Mauá –, mas a composição das Câmaras que emergiu das urnas no dia 6 de outubro já permite apontar que dos quatro prefeitos eleitos, dois contam com o apoio da ampla maioria dos vereadores e dois terão de conversar com nomes que disputaram o pleito em outro campo. No caso dos candidatos que ainda estão na corrida, a situação mais confortável, caso saiam vitoriosos, será a dos petistas José de Filippi Júnior e Marcelo Oliveira, que buscam a reeleição em Diadema e Mauá, respectivamente.
Por outro lado, o vencedor entre Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania), que disputam o segundo turno em São Bernardo, terá de negociar com vereadores que foram eleitos fora de suas coligações para garantir maioria segura na Câmara a partir de janeiro. A mesma obrigação terão Taka Yamauchi (MDB), vencedor do primeiro turno em Diadema, e Atila Jacomussi (União Brasil), segundo colocado em Mauá.
Eleito no primeiro turno para comandar a Prefeitura de Santo André nos próximos quatro anos com 221.410 votos, ou 60,98% dos votos válidos, Gilvan Júnior (PSDB) poderá iniciar o mandato no dia 1º de janeiro com nada menos do que 20 dos 27 vereadores na base de apoio na Câmara, desde que conte logo na largada com os 11 novos nomes que passam a integrar o Legislativo, o que é provável.
Mas o número em Santo André ainda poderá aumentar caso atraia para o bloco os três parlamentares eleitos pelo PL, do ex-candidato ao Paço Luiz Zacarias: Lucas Zacarias, William Lago e Major Vitor Santos. Neste cenário, teria no campo de oposição apenas os petistas Clovis Girardi, Tiago Nogueira e Wagner Lima, além do reeleito Ricardo Alvarez (Psol).
Na Câmara de São Caetano, que aumentou o número de cadeiras de 19 para 21, o prefeito eleito Tite Campanella (PL), que recebeu 60.858 votos (59,61% dos válidos), poderá nadar de braçadas no que se refere a apoio de vereadores para comandar a cidade nos próximos quatro anos. Afinal, iniciará o mandato com pelo menos 18 nomes na base governista, já que por ora apenas três parlamentares formariam o bloco de oposição: Bruna Biondi (Psol), única mulher eleita e campeã de votos no dia 6, com 5.848 apoios, Edson Parra (Podemos) e Getúlio Filho (União Brasil), nome que pode seguir linha independente, ou seja, tanto atuar na oposição quanto na situação.
Menos confortáveis
Reeleito prefeito para mais quatro anos à frente da Prefeitura de Ribeirão Pires, com 28.909 votos (46,7% dos válidos), Guto Volpi (PL) já pode colocar na conta o apoio de pelo menos 10 dos 17 vereadores que vão integrar a Câmara a partir de 1º de janeiro, o que lhe garante votos suficientes para aprovação de projetos que considera importantes, inclusive aqueles que exigem maioria absoluta, ou seja, 9 dos 17. Significa, porém, que a situação não é no todo confortável, e não por acaso o liberal já mantém conversas para ampliar o bloco governista no Legislativo, segundo apuração do Repórter Diário.
Akira Auriani (PSB) foi eleito com 17.508 votos (68,58% dos válidos) para assumir a cadeira de prefeito de Rio Grande da Serra, hoje ocupada por Penha Fumagalli (PSD), que buscava a reeleição e terminou em terceiro lugar – atrás de Marcelo Akira (Podemos) –, com 3.554 votos (13,92% dos válidos). O cenário que se apresenta para Auriani no momento, no que se refere à composição da Câmara que saiu das urnas em 6 de outubro, é o menos confortável até que sejam definidos os prefeitos eleitos em São Bernardo, Diadema e Mauá. Auriani tem praticamente garantido o apoio de 8 dos 13 vereadores eleitos, mas deve buscar ampliar a base para ter margem de segurança na aprovação de projetos, sobretudo os que exigem maioria absoluta (7), e suprir possíveis contratempos dentro da base.
Acirradas
A disputa acirrada apontada pelo resultado do primeiro turno em São Bernardo tende a se repetir no segundo, que será realizado neste domingo (27/10), de modo que apostar no nome de um provável vencedor é um risco, inclusive porque pesquisas divulgadas até agora são divergentes sobre quem lidera. Marcelo Lima ficou em primeiro no dia 6 de outubro, com 119.593 votos (28,64% dos válidos), enquanto Alex Manente obteve 110.791 (26,53%), uma diferença de apenas 8.802 votos.
Se o resultado deste domingo confirmar a eleição de Marcelo Lima, o trabalho dele para conquistar maioria confortável na Câmara aparentemente não será tão árduo, na medida em que a aliança em torno de sua candidatura elegeu 14 dos 28 vereadores do maior Legislativo da região e há boa margem de manobra para buscar novas adesões até início de janeiro. Alex Manente, por sua vez, terá tarefa mais complicada caso consiga virar o jogo agora e sair eleito das urnas para quatro anos do que seria seu primeiro mandato como prefeito.
Isso porque a coligação do deputado federal conquistou apenas sete cadeiras na Câmara, o que o obrigaria a atrair pelo menos mais oito nomes para ter maioria absoluta na Casa. Porém, uma bancada governista com 15 integrantes significa risco enorme à governabilidade, sobretudo quando o projeto em votação exigir exatamente metade mais um dos presentes à sessão. Ou seja, a base teria de estar completa e o Executivo não perder o apoio de nenhum parlamentar caso os 28 eleitos estejam no plenário. Teoricamente, quatro dos 28 eleitos serão oposição a qualquer um que vencer. No caso, a bancada do PT, formada por Ana Nice, Ana do Carmo, Ananias Andrade e Getúlio do Amarelinho.
Diadema
No caso de Diadema, o cenário na Câmara a partir de janeiro se mostra mais nebuloso para o caso de Taka Yamauchi (MDB) vencer novamente o petista José de Filippi Júnior, que busca a reeleição. Apesar de ter saído na frente em disputa acirrada no primeiro turno, quando obteve 106.141 votos (47,39% dos válidos) e Filippi 100.983 (45,09%), diferença de apenas 5.158 votos, o bloco de partidos em torno de Taka garantiu apenas seis das 21 cadeiras no Legislativo.
Para o petista, significa iniciar um novo mandato em mar tranquilo, na medida em que conta desde já conta com 15 vereadores na sua base de apoio no Legislativo, maioria confortável mesmo nas votações de projetos considerados mais complexos e que exigem a chamada maioria absoluta. No caso do emedebista, que segundo algumas pesquisas divulgadas até aqui aparece na frente da disputa, a situação exigirá habilidade para conquistar o apoio de vereadores eleitos em outro campo para garantir a governabilidade nos quatro anos em caso de eventual vitória neste domingo.
O resultado do primeiro turno em Mauá não foi ‘um mar de rosas’ para o candidato à reeleição Marcelo Oliveira (PT), mas ainda assim foi mais tranquilo em relação aos registrados em São Bernardo e Diadema. Afinal, o petista colocou 19.397 votos de vantagem sobre Atila Jacomussi (União Brasil) ao contabilizar 91.823 adesões (45,08%) ante 72.426 (35,56%) do adversário nesta rodada decisiva.
Na Câmara, porém, o petista não encontrará muitas dificuldades, tendo em vista que seu arco de alianças garantiu 14 das 23 cadeiras no Legislativo, número que vai a 15 se considerar a adesão quase certa, segundo avaliação de pessoas ligadas ao governo, de Leonardo Alves (PSDB), eleito com 5.103 votos. Seu adversário, o deputado estadual Atila Jacomussi, teria no momento apenas seis parlamentares eleitos alinhados, o que o obrigaria a buscar novas adesões em negociações com vereadores que estiveram na raia de outros candidatos no primeiro turno.