Na madrugada desta segunda-feira (21/10) o professor de Educação Física, Gilvan de Barros, de 34 anos, morreu em um acidente de trânsito na Avenida dos Estados, no bairro da Vila Metalúrgica, em Santo André. O carro que ele dirigia caiu dentro do rio Tamanduateí, num trecho onde a via não tem proteção como muretas ou defensas metálicas. A prefeitura de Santo André, responsável pela sinalização, diz que esse tipo de proteção não é necessária naquele trecho.
A polícia investiga as circunstâncias do acidente, pois não ficou confirmado se a vítima perdeu o controle sozinha ou se teve o automóvel atingido por outro carro.
Barros além de professor, trabalhava como motorista de aplicativo, mas não havia passageiro no carro naquele momento. Familiares também disseram à imprensa que ele não bebia. A Secretaria de Segurança Pública informa que o acidente aconteceu a 0h48 da madrugada. A PM foi chamada para atender ao acidente de trânsito e quando chegaram no local viram um Fiat/Grand Siena branco dentro do Rio Tamanduateí. O motorista estava dentro do carro e o Resgate do Corpo de Bombeiros foi acionado. A vítima foi retirada do carro já sem vida.
Ainda segundo a SSP o corpo foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) e o caso registrado como morte suspeita pelo 2º Distrito Policial de Santo André, que solicitou perícia ao local. No local do acidente há câmeras da prefeitura, mas o município não informou se elas gravaram o momento do acidente. Segundo a administração municipal o veículo descia o viaduto Juvenal Fontanella quando o motorista perdeu o controle do carro e caiu no rio.
Prefeitura de Santo André diz que proteção no local ‘não é necessária’
Ao longo da Avenida dos Estados há defensas de metal ou guard-rail, como são chamados, e em outros trechos há mureta de concreto, para evitar que veículos, ao se envolverem em acidentes, caiam dentro do rio, porém, o trecho onde Barros perdeu a vida não há esse tipo de proteção. A prefeitura, responsável pela sinalização, diz que esse tipo de proteção não é necessária naquele trecho, já que há um espaço maior entre a borda do rio canalizado e o asfalto. “Em relação ao questionamento do guard-rail (defensa metálica), cabe esclarecer que este dispositivo serve para minimizar impactos provenientes de colisões laterais ou oblíquas à via, não frontais como foi o caso. Devido à configuração da via, na qual, após o leito carroçável (trecho asfaltado), há sete metros de canteiro vegetado inacessível tanto para pedestres quanto para veículos, onde o mesmo serve como separação do leito da via com o córrego, não havendo necessidade desse tipo de defensa acordo com o crivo técnico da engenharia de trânsito”, justificou a prefeitura em nota.
Especialistas alertam para o perigo na via
Para o enfermeiro e professor do Centro Universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Renan Tomas, que tem 15 anos de experiência em atendimento a emergências no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), uma proteção que pudesse segurar o veículo antes que ele caísse no rio poderia fazer com que o acidente tivesse um desfecho diferente. “Somando a velocidade que ele já estava com a altura da queda, fez o impacto ser muito maior. Se tivesse uma barreira de proteção ele parava nela e o impacto seria menor. Se ele ia ficar vivo, não sei, mas as chances muitas as chances da vítima ter menos lesões”, analisa.
Para Tomas, as causas de um acidente como este podem ser muitas. “Pode ter ocorrido um acidente anterior, ele pode ter dormido por sobrecarga de trabalho, pode ser um monte de coisa. Eu já atendi um acidente na avenida do Estado de um senhor que infartou e acabou caindo no rio. Mas certamente uma barreira de proteção ajudaria muito, o impacto não seria tão forte. A maioria de acidentes assim ocorrem por mau súbito ou o cansaço, que faz perder o reflexo. Dá para perceber que ele não estava em alta velocidade, em uma situação normal daria tempo para fazer alguma coisa, como desviar”, comenta o enfermeiro.
Para o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Fundação Santo André, Enrique Staschower, a falta de proteção nas bordas do rio canalizado é um fator de risco. “Sim, há um problema de segurança”, disse o urbanista ao responder se entende que há falha em não se instalar uma proteção ao longo de toda a via.