
O apagão causado pelo temporal de sexta-feira (11/10) ainda causa prejuízos. Bairros inteiros ainda estavam sem energia no início da noite desta segunda-feira (14/10) e os dias parados e mercadorias perdidas em geladeiras e freezers trarão um prejuízo enorme para os comerciantes e podem até ocorrer demissões para que os estabelecimentos consigam absorver as perdas.
O comerciante Jonato Martins de Souza, que tem dois supermercados na região do bairro Capelinha, em São Bernardo, perdeu todo o seu estoque de sorvetes, e só conseguiu manter parte o estoque de carnes e frios graças a um investimento em sacos de gelo. Sem energia ele também não teve como ativar o sistema de caixa e atendeu clientes apenas em meio período de funcionamento fechando as 17hs, quando o horário normal para fechar é as 22h. “Eu estou aqui no bairro há 20 anos, sempre com mercado e nunca passei por uma situação dessa. Eu tive que fazer toda uma operação manual e só vender a dinheiro, porque nem receber no pix não dava e as maquininhas de cartão não tive como carregar. O prejuízo eu ainda não calculei, mas é grande. Só de juros eu vou pagar em um dia, mais de R$ 500 porque não consegui dinheiro para pagar os boletos”, diz o empresário. Ele teme ter que cortar funcionários dependendo do tamanho do prejuízo. O empresário emprega cinco pessoas.
Sônia Oliveira, que também é empreendedora do bairro Capelinha, tem uma casa de bolos e também trabalha com encomendas para festas. A expectativa era grande para o sábado, Dia das Crianças, mas acabou não vendendo nada e ainda perdeu os produtos que tinha na geladeira. Ela calcula que com as perdas no estoque e mais os dias que ficou sem abrir a loja entre sábado e esta segunda-feira, alcancem o montante aproximado de R$ 5 mil. “Para recuperar isso vou ter que trabalhar mais de um mês, ou seja, é um mês perdido. O final de semana são os melhores dias de vendas para mim e não consegui abrir nem atender as encomendas”, disse a comerciante que também ficou sem luz em casa. A energia só foi restabelecida no bairro Capelinha no início da noite desta segunda-feira, após mais de 72 horas de apagão.
Luiza Martiniano dos Santos, dona de um bar e restaurante do bairro do Rudge Ramos, teve que trabalhar preparando refeições enquanto havia luz do dia e garantir o contrato que tem com uma empreiteira para o fornecimento de marmitas. Para conseguir cumprir a obrigação com o contratante ela teve que jogar no lixo todos os produtos da geladeira e do freezer e comprar tudo de novo para preparar as refeições. “Eu trabalhei o dia todo e preparei as refeições antes para terminar o serviço ainda com a luz do dia”, disse a comerciante, que já no final da tarde disse que estava lavando a cozinha para encerrar o trabalho. “Nunca passei por um momento tão difícil assim e o pior é que não dão nenhuma previsão. E a gente fica no prejuízo, eu entreguei as marmitas, mas fiquei sem atender no salão, não vendi bebidas porque está tudo quente”, diz a comerciante que ainda não conseguiu calcular o tamanho do prejuízo.
Sehal
O Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do ABC) vai notificar a Enel por causa do apagão que atingiu a região desde a última sexta-feira (11/1o). O sindicato patronal argumenta que não é possível os empresários enfrentarem problemas com falta de energia e consequentes prejuízos sempre que chover forte. “Já não é a primeira vez e a nossa categoria é muito afetada porque trabalha com produtos perecíveis. Além disso, não puderam abrir as portas para atendimento ao cliente”, reforçou Beto Moreira, presidente do Sehal. Na noite desta segunda-feira (14/10), em comunicado oficial, a Enel informou que 340 mil clientes ainda estavam sem energia na Região Metropolitana de São Paulo.