Vivian Gregori defende choque de gestão na OAB de São Bernardo

Vivian Gregori, pré-candidata à presidência da OAB de São Bernardo

Pré-candidata à presidência da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Bernardo, Vivian Gregori defende mudanças na administração da subseção. Apesar de ter o apoio do ex-presidente Uriel Aleixo – envolvido em embate judicial com o atual presidente da instituição, Leandro Piccino –, a postulante ao cargo garante que caminhará com as próprias pernas e que, caso eleita, promoverá um choque de gestão.

Vivian defende ainda maior atuação das comissões e criação de novos grupos de trabalho com o objetivo de garantir melhor preparo dos advogados e abertura de mercado de trabalho para os profissionais do município.

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Confira a entrevista completa de Vivian Gregori:

Repórter Diário – Por que você é pré-candidata nas eleições da OAB de São Bernardo?

Vivian Gregori – A OAB de São Bernardo está precisando de renovação, de trabalho sério, de algo novo, algo diferente de tudo que temos visto nos últimos anos. Até por conta de não ter participado das chapas anteriores, acredito que tenho condições de iniciar um trabalho isento de qualquer tipo de mágoa, quero trabalhar e que a advocacia volte a ser aquela classe guerreira e importante.

RD – O Uriel Aleixo (ex-presidente da OAB de São Bernardo) esteve aqui na nossa redação e disse que te apoia. Qual a importância deste apoio na eleição, uma vez que houve um embate na Justiça entre o próprio Uriel e o Leandro Piccino, que é o atual presidente?

Vivian – Daqui para frente precisamos falar de futuro, de um choque de gestão, de uma administração nova e com novas ideias. Temos de esquecer o passado para que os novos não cometam os mesmos erros. Não querendo dizer que o Leandro foi culpado ou que o Uriel foi culpado, acredito que os dois foram prejudicados com este embate. Os dois acabaram não conseguindo gerir a OAB e a advocacia de São Bernardo parou por três anos. Isso é lamentável. Eu gosto do Uriel como pessoa, comecei a trabalhar dentro da OAB em comissões, fui coordenadora da ESA (Escola Superior de Advocacia) nas duas gestões que o Uriel esteve na OAB porque acredito nele como pessoa, na intenção de trabalho dele. Acredito que ele sempre deu o melhor dele naquela casa. Ele sempre foi presidente de coração e isso sempre foi uma coisa que me motivou muito e eu quero verdadeiramente lutar pelos advogados, além do que ele é experiente, pois já foi presidente.

RD – Outro candidato que esteve na nossa redação foi o Cláudio Morales. Ele fez alguns questionamentos nas gestões do Leandro e do Uriel e também propôs a criação de uma chapa única. Ele já conversou sobre isso com você?

Vivian – Eu entendo que não há óbice nenhum da advocacia se aglutinar em torno da sua instituição. Não tenho nada contra o Luis Ricardo Davanzo, nem contra o Morales ou com qualquer outro que venha a se manifestar neste sentido. Seja eles ou outros, se quiserem sentar para conversar para trabalhar em prol da advocacia, algo novo, esquecer o passado, sem problema algum.

RD – Você disse que a OAB está parada. Quais serão suas primeiras ações caso eleita presidente?

Vivian – Acredito e olho para a advocacia de uma forma mais empresarial. Está na hora do advogado olhar para a advocacia como uma empresa prestadora de serviço. Todo grupo de empresas, de trabalhadores, tem um representante de classe. No nosso caso é a OAB e acho que podemos ser uma espécie de Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) no sentido de gestão, de administração, no sentido de pensar a advocacia. O advogado precisa de duas coisas: de uma prerrogativa forte que o defenda para que ele consiga trabalhar no dia a dia e precisa também de abertura de mercado. A prerrogativa do advogado é que a entidade dele defenda o direito dele trabalhar. Ele tem dificuldade da portaria até a sala de audiência. Imagine uma cozinheira que chega para cozinhar e não encontra panela, cebola e faca, como vai fazer comida? É uma metáfora simples, mas fácil de entender, pois é o que acontece com o advogado. Ele chega ao Fórum e não tem condições de sentar para trabalhar porque ele é maltratado pelo juiz, pelo cartorário, ele circula dentro do fórum, que deveria ser a casa dele, como se ele estivesse fazendo um favor. Ele precisa ser respeitado.

RD – A atual comissão de prerrogativas não está atuando desta forma?

Vivian – Não é que ela não atua, mas ela pode ter uma atuação mais firme. Precisamos trabalhar a questão da aproximação e da educação do próprio judiciário com relação ao advogado. É como se fossemos inimigos. Não é assim. Até pela lei, somos iguais. O juiz, o promotor e o advogado formam um tripé. Em qualquer lugar do mundo o advogado é mais bem recebido e mais respeitado que um juiz, por exemplo. Só no nosso País existe esta inversão de valores. Advogado é lixo e juiz é Deus. Não pode ser assim. Tem que melhorar esta relação. Vamos fazer uma política educacional, vamos aproximar juízes e cartorários para mostrar que não somos inimigos nem imbecis. Se eles não respeitarem isso, então vamos reclamar no CNJ, no Tribunal de Justiça. Aí é uma questão da instituição da OAB versus instituição do judiciário.

RD – As comissões existentes atualmente estão trabalhando junto aos interesses dos advogados? É necessário mais comissão?

Vivian – As comissões estão com trabalho bem vagaroso. Não estão completamente paradas, mas elas podem trabalhar mais. As comissões têm uma importância muito grande na interface do advogado e da sociedade civil, que é algo que São Bernardo não trabalha. Cadê a OAB de São Bernardo para lutar pelas questões? Ninguém quer derrubar prefeito, a questão não é essa, é uma questão da sociedade civil, que sempre teve a OAB como guardiã. Hoje não é assim.

RD – Qual a comissão que você valorizaria?

Vivian – Uma comissão importante, que vai servir muito para o advogado, seria uma sobre orçamento e contas. Temos um orçamento restrito, mas então vamos fazer um orçamento participativo, quais são as prioridades, onde vamos aplicar o dinheiro, como vamos crescer, onde vamos crescer. Outra comissão extremamente importante que precisamos criar é uma de informação. Temos a Lei da Informação, logo virão bater na porta da OAB e precisamos nos preparar para isso, para responder os questionamentos. Também precisamos de uma comissão da Era Digital, é um mercado que está aí e não temos uma legislação muito bem feita, temos coisas esparsas. Que tal a OAB de São Bernardo montar uma comissão sobre isso, apresentar um projeto de lei, fazer a diferença? Quantas empresas de informação e tecnologia temos aqui? Temos centrais de atendimento em São Bernardo gigantescas. Se o advogado se qualificar, vai ter um monte de cliente, este é um mercado enorme.

RD – Caso eleita, como vai buscar novas receitas para a OAB?

Vivian – Uma das coisas que davam uma receita razoável para a OAB que foi desativada era a revista, trazia uma renda boa. Penso que São Bernardo poderia montar um Tribunal de Mediação de Arbitragem para atendimento das indústrias da região, isso pode dar um bom rendimento para a entidade. E há também algumas outras ideias para montar esta interface com o empresariado. Num primeiro momento, a OAB é a casa do advogado, então precisa qualificar o advogado. Mas o advogado qualificado e sem mercado de trabalho não resolve. Precisamos pensar em cursos que atendam não só o advogado, mas também o empresário. Na hora que o empresário perceber que tem advogado especializado aqui no ABC, em São Bernardo, vai perceber que o profissional daqui é qualificado e que não precisa ir para São Paulo procurar bons advogados.

RD – Você tem um instituto voltado à cidadania. Você terá algum trabalho voltado à formação do cidadão?

Vivian – Um dos motes da OAB é justamente a formação e a informação para a cidadania. A OAB sempre teve função de atender as necessidades do advogado, proteger e vigiar a categoria e também formar a cidadania, parte que está um pouco abandonada atualemente. Estamos em época eleitoral, precisamos fazer nosso cidadão parar e pensar o que fazer com seu voto.

RD – Nas eleições da seccional de São Paulo, seu apoio é para qual candidato?

Vivian – Apoio o Marcos da Costa, que atualmente é o presidente interino no lugar do Flávio D’Urso.

RD – O fato de você ser mulher ajuda neste processo?

Vivian – O fato de eu ser mulher tem algumas vantagens. Primeiro que tira o foco do Leandro versus Uriel; a mulher sempre é um indivíduo mais amadurecido que o homem, então vemos as coisas de forma diferente; a mulher consegue fazer duas, três coisas ao mesmo tempo, enquanto os homens focam mais uma coisa só.

RD – Com relação ao número de inscritos, tem mais mulheres ou homens?

Vivian – Houve uma época em que era mais homens que mulheres, mas hoje em dia está bem equilibrado com relação a isso. O engraçado é que as mulheres acabam sendo mais atuantes. No fórum há muito mais mulheres que homens, a mulher está realmente trabalhando muito, faz questão de aparecer e de se impor.

RD – Hoje há uma comissão específica sobre a mulher advogada. Você pretende dar uma revitalizada nesta comissão?

Vivian – Acho que precisa sim, a mulher precisa se mostrar atuante. A mulher é quem cria o homem, então se o homem é mal formado, mal educado ou preconceituoso, a culpa é da mulher, pois foi a mãe que o educou.  

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