Mais de 800 trabalhadores da fábrica de tintas Suvinil e Glasu, da Basf em São Bernardo, ameaçaram entrar em greve a partir da próxima terça-feira (08/10), caso a empresa não inicie negociações imediatas com o Sindicato dos Químicos do ABC. A tensão se intensificou após o anúncio da venda da fábrica, feito na semana passada, sem qualquer aviso prévio aos colaboradores sobre prazos ou valores envolvidos.
Em meio a esse clima de incerteza, o sindicato realizou uma assembleia nesta quarta-feira (02/10), onde os trabalhadores exigiram a abertura imediata das negociações para discutir os impactos sociais da venda da Suvinil/Glasu. Além disso, solicitaram garantias de manutenção dos empregos no setor de tintas e em outras áreas afetadas, bem como a suspensão de quaisquer demissões até a conclusão das negociações.
“Reafirmamos nossa disposição para negociar, conforme os termos já aprovados pela assembleia”, declarou Fabio Lins, secretário de administração do Sindicato dos Químicos do ABC e trabalhador da Basf Demarchi.
Entre as reivindicações aprovadas na assembleia, que será formalmente apresentada à direção da empresa, destacam-se: estabilidade no emprego para todos até junho de 2027; manutenção do adicional de periculosidade com pagamento retroativo a outubro de 2022 para os admitidos e promovidos; proibição da terceirização dos setores de logística interna e externa; preservação do mesmo patamar de remuneração dos salários e do PPR; renovação dos acordos de jornada por 24 meses; cumprimento integral da convenção coletiva e manutenção de diversos direitos trabalhistas.
Sem trégua
Em abril deste ano, o Sindicato já havia liderado negociações em torno do fechamento da unidade de fabricação de tintas automotivas, um processo considerado difícil e mediado por autoridades, como o Ministério do Trabalho e o Tribunal Regional do Trabalho.
“Reforçamos que o diálogo e a negociação são os melhores caminhos para resolver conflitos. No entanto, a Basf insiste em agir de maneira autoritária, desrespeitando normas internacionais de trabalho e diretrizes da OCDE”, afirmou Fabio Lins.
Funcionários da empresa relataram que, antes mesmo do anúncio oficial da Basf, a possibilidade de uma mudança de proprietários já era um assunto recorrente nas conversas informais, mas até então não havia nenhuma decisão concreta.
Descontinuidade
Em comunicado oficial, a BASF informa que iniciou um processo de desinvestimento do seu negócio de Tintas Decorativas, como oportunidade para um novo dono investir no valor contínuo e no crescimento do negócio, o que inclui as marcas Glasu! e Suvinil.
Segundo a empresa, a mudança se alinha com a nova estratégia de negócios da companhia, focado no gerenciamento ativo do portfólio para gerar valor. “A Suvinil é um negócio de alto valor que vem atraindo interesse significativo no mercado. Por meio desse desinvestimento, pretendemos desbloquear o verdadeiro potencial desse player especializado e de alto desempenho”, afirma Anup Kothari, membro do Conselho de Administração Executiva da BASF.
Ainda de acordo com a Basf, o processo de desinvestimento do negócio de Tintas Decorativas não trará impactos imediatos para colaboradores ou clientes.