Levantamento da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) mostra que, em agosto, houve uma queda de 1,7% no preço da cesta básica em comparação a julho, e custa agora R$ 1.050,07, diferença de R$ 18,13. O principal responsável pela redução foi o setor de hortifrúti, com alimentos como cebola, batata e tomate apresentando as maiores quedas no mês, apesar das variações climáticas e das queimadas.
Ao RDtv, o engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá De Benedetto, aponta a cebola (queda de 33,86%), a batata (32%) e o tomate (22,99%), que tiveram redução de preços devido à época do ano. Apesar do tempo seco, as plantações são irrigadas e, portanto, não dependem das chuvas, permitindo que o cultivo continue sem interrupções. “Outro fator relevante é que o clima alterou o padrão de consumo das pessoas. Com a chegada do frio, há uma diminuição no consumo de hortaliças e sucos naturais, conforme indica nosso histórico”, afirma Vezzá De Benedetto.
Outro item que apresentou queda foi a alface, que caiu 13,07% a unidade. Para Benedetto, isso se deve também ao clima, logo que o consumo de alface é maior durante o verão e em temperaturas quentes, mas que em contrapartida, o frio é fundamental para a produção do alimento.
Também tiveram queda nos valores o litro do leite longa vida (0,19%) e o arroz, que apresentou queda de 0,27%. “Devido ao incidente que ocorreu no Rio Grande do Sul, ficamos apreensivos quanto a produção de arroz, pelo estado ser o maior produtor do alimento no Brasil. Porém, para a nossa surpresa, o mercado reagiu bem e o impacto não foi significativo”, comenta.
Nos caso das proteínas, o quilo do frango caiu 3,47% e a dúzia de ovos brancos 5,55%. Diferentes dos outros alimentos, esses dois itens não dependem de pastagem para a sua produção, como a carne de primeira e o leite.
Alta em produtos de limpeza e higiene
Entre os itens que tiveram alta, o quilo da carne bovina de primeira lidera com o aumento de 7,18% em comparação a julho. O que chama atenção de Benedetto é a presença de itens de higiene e limpeza entre os que mais apresentaram crescimento, como o detergente de 500 ml que cresceu 5,64%, o pacote de 16 rolos de papel higiênico com aumento de 4,41% e o sabão em barra, que subiu 2,08%. “Esses tipos de itens não chamavam a nossa atenção até então. Vamos ficar de olho para evitar preocupações futuras e determinar os melhores preços para a cesta básica”, diz.
Para economizar e realizar uma despesa eficiente, o especialista indica aos consumidores realizarem suas compras em dias da semana e e no fim do mês, pois é onde se concentram as maiores ofertas nos mercados. Quinto dia útil e finais de semana não são recomendados por conta da alta procura, possibilitando o mercado ofertar valores acima da média.
Variações climáticas e queimadas
Fator de preocupação mundial, as variações climáticas não só afetam a saúde das pessoas mas também interfere no processo de produção dos alimentos. “Como se já não bastasse o clima se alterando constantemente, as queimadas recentes nos preocupam e dá uma imprevisibilidade quanto ao impacto que pode ter em setembro”, explica Benedetto.
Em sua análise, o tempo seco e as queimadas já apresentam alguns danos a produção de determinados alimentos, como derivados da cana-de-açúcar como o quilo do açúcar refinado (queda de 3,25% em agosto), o pacote de 500 g do café (aumento de 0,90%) e o quilo da laranja (aumento de 1,16%). Segundo ele, tais plantios já estão sendo afetados com a queima de produção em grande escala.
“Temo que para setembro as previsões são ruins. O tempo seco e as queimadas ainda não influenciaram em totalidade a precificação dos alimentos. Com início da primavera na metade de setembro, esperamos que as chuvas melhorem a qualidade do ar e estabilizem os números”, comenta.
