A pequena cota para exames específicos que são necessários para definir quando e se o paciente vai ser operado de catarata é que, tem gerado atraso e fila. O RD tem acompanhado o drama da dona Terezinha Ferreira Gonçalves Apolo, de 69 anos, moradora de Diadema, que há três meses aguarda ser chamada para fazer um exame em equipamento do Estado para, só depois dele e dependendo do resultado, agendar sua cirurgia de catarata que aguarda há quase dois anos.
Terezinha precisa fazer uma iridotomia com YAG laser, que a prefeitura de Diadema informa que tal procedimento deve ser encaminhado para a Secretaria de Saúde do Estado para agendamento, porém a pasta estadual informa que não há nenhuma solicitação para esta paciente.
No meio deste empurra empurra entre o Estado e a prefeitura, ficou a paciente que sente sua visão piorando progressivamente. “Se nós tivéssemos condições eu pagava o exame a cirurgia para ela, mas não temos. A gente vai lá no Quarteirão da Saúde e sempre dizem a mesma coisa que é para aguardar o Estado agendar o exame e nunca que agendam”, diz Adonias Ramos, esposo da dona Terezinha. A dificuldade para enxergar já limita bastante a rotina da idosa, que agora só sai de casa se estiver acompanhada e mesmo em casa teve sua rotina alterada para evitar acidentes domésticos.
Em resposta a Secretaria Estadual de Saúde disse que não há sequer pedido para o exame que a dona Terezinha precisa realizar. “A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) informa que não constam pendências de caráter estadual em nome da paciente T.F.G.A.. A inserção de pacientes na regulação estadual é realizada pelos municípios ou unidades de origem, que também são responsáveis pela definição de prioridade dos casos”.
Em novo posicionamento o município informou que há uma fila para fazer os procedimentos na saúde Estadual e que a cidade recebe apenas uma cota de alguns exames por mês que vai preenchendo conforme a demanda e a gravidade do caso. “Os casos são inseridos na agenda do Estado seguindo a fila de solicitações da regulação municipal e de acordo com a cota mensal de vagas que a Secretaria do Estado da Saúde (SES) libera para o município. Atualmente, são ofertadas em torno de 15 vagas por mês para Diadema e, em setembro, foram liberadas apenas três. A solicitação da paciente entrou na fila em 28 de maio deste ano, no mesmo dia em que passou em consulta com o especialista no Centro de Especialidades Quarteirão da Saúde Engenheiro Osvaldo Misso. A próxima solicitação a ser incluída, após liberação de cota mensal, data de 3 de abril deste ano”, justifica a prefeitura, e nota.
Seguindo a cronologia, se a agenda do Estado para outubro absorver toda a demanda de abril e houver cotas suficientes no mês seguinte para a demanda de Diadema, Terezinha deve entrar na agenda para fazer o exame em novembro. De acordo com o médico oftalmologista e professor do Centro Universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Renato Leça, quando mais demora, maior é a perda da visão da paciente. “A catarata é progressiva, mas seu avanço depende da pessoa. Hoje em dia, como a cirurgia está muito evoluída e o resultado é muito bom, quando a pessoa apresenta uma catarata até no nível inicial já se encaminha para a cirurgia para que a pessoa retorne a sua visão perfeita”, explica. O médico também aponta que como a doença é bastante comum a fila grande, e há consequentemente demora. “É comum que as prefeituras façam mutirões e até aqui na FMABC também são feitos, isso ocorre porque a fila é muito grande. As pessoas de mais idade têm mais chance, então os mutirões são feitos para reduzir essa fila”, diz.
O presidente da OAB de Diadema, Renato Moreira Figueiredo, disse que vai se informar sobre o caso conversar com a prefeitura de Diadema sobre o caso da munícipe.