O metalúrgico aposentado Eduardo Pereira da Silva, que mora em Santo André, está com medo de sair de casa porque diversas vezes nos últimos dois anos foi confundido com um bandido preso por roubo em Ribeirão Preto em 2020. A confusão acontece porque um dos três presos em um roubo na cidade do interior se apresentou como sendo Eduardo e deu números como o do RG e o CPF do andreense. Na fase de investigação criminal já se percebeu a tentativa de fraude do acusado, porém o nome do morador do ABC ficou atrelado ao processo. Como resultado, várias vezes ele já foi conduzido à delegacia, sob a mira de armas da Polícia Militar, para prestar esclarecimentos.
A última vez que Silva foi detido aconteceu na última semana quando estava indo para São Paulo, pela Avenida dos Estados e foi abordado por policiais militares do BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) que cercaram seu carro apontando armas. Ele estava com a família dentro do veículo. Ele conta que, em 2020 quando ele vendeu um carro para um amigo, aconteceu a primeira situação constrangedora. O amigo cujo carro não tinha sido transferido, foi abordado pela polícia. “Ele me ligou dizendo que estavam a minha procura e que eu tinha um mandado de prisão. Tive que contratar advogado para explicar que eu não era quem eles procuravam”, disse.
Depois disso, ele foi abordado outras vezes. Uma vez, a caminho do litoral onde tem casa, juntamente com a filha e a esposa, teve carro cercado por viaturas da PM. “Eles estavam apontando armas para mim. Disseram que eu era procurado, tentei explicar tudo, mesmo assim fui levado para a delegacia onde fiquei mais de 4 horas até fazerem a leitura das digitais. Uma situação constrangedora. É só eu passar por um radar com Detecta, que logo atrás vem uma viatura. Eu tenho medo, um dia um policial com arma em punho dispara e eu vou morrer sem dever nada”, aponta o metalúrgico.
A abordagem ocorrida na semana passada na avenida do Estado, aconteceu após despacho do juiz Sylvio Ribeiro de Souza Neto, da 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, despachar, em 01/08 em favor do morador do ABC. “…em complemento à decisão de pág.252 e para o fim de se evitar eventuais embaraços de naturezas cível e criminal para o cidadão Eduardo Pereira da Silva, oficie-se ao IIRGD para requisitar a exclusão do cadastro daquele órgão de identificação cível e criminal dos dados relativos a este processo e que foram lançados em seu nome, uma vez que o verdadeiro autor dos fatos aqui apurados foi corretamente identificado como sendo P.H.S., anotado o prazo de cinco dias para atendimento da ordem judicial. Acompanha-se a exclusão dos dados relativos a este processo por meio de consulta no sistema DILPOL/FA; realizada a exclusão e não havendo mais o que se deliberar, tornem os autos ao arquivo”, disse o magistrado em seu despacho.
“Essa situação tem que parar eu estou sendo perseguido. É só passar num Detecta que lá vem a polícia. Já procurei a Polícia Civil, o Detran, o Ministério Público, e ninguém sabe me dizer o que fazer”, lamenta.
A Secretaria de Segurança Pública, questionada sobre o cumprimento da decisão judicial, informou que precisa de mais tempo para levantar a situação e se posicionar sobre o assunto. A matéria será atualizada assim que a pasta estadual se posicionar. Já o Tribunal de Justiça de São Paulo, também questionado sobre a situação, não respondeu até o fechamento desta edição.
Em nota, emitida nesta sexta-feira (06/09) o Tribunal de Justiça de São Paulo diz que se Silva continuar sendo incomodado com abordagens policiais deve recorrer à Justiça. “O TJSP já tomou as devidas providências, conforme consta do despacho de 1/8/24: foi oficiado ao IIRGD para excluir a identificação cível e criminal dele relacionada a tal processo. Se o constrangimento persiste, ele deve procurar a Justiça novamente através de seu advogado”.