A discussão de temas antes omitidos, como o abuso sexual infantil, tem se tornado mais frequente devido às atualizações no processo de formação dos professores e à prática das famílias de abordarem o assunto em casa. No entanto, enfrentar esse tema pode ser um divisor de águas, pois, se a informação não chega às crianças e adolescentes que ainda não têm discernimento para reconhecer que estão sendo vítimas de violência, o problema persiste, especialmente quando familiares consideram como ‘tabu’.
Em entrevista ao RDtv, a pedagoga e palestrante na VI Semana Integrada da Educação do Centro Universitário Fundação Santo André, Camila Rodrigues Buscarioli Tressino, analisa questões sobre o abuso sexual infantil, assim como a importância de falar do tema desde a formação acadêmica de professores até familiares de alunos.
Segundo o Ministério da Saúde, familiares e conhecidos são responsáveis por 68% dos casos de violência sexual contra crianças no Brasil, sendo que 60% equivale a pessoas de dentro de casa.
“Esses dados precisam de mais divulgação. É a partir do momento que a família toma conhecimento do quão grave isso é que elas são conscientizadas”, diz Camila. Além disso, ela aponta como principais desafios além da desinformação, o preparo do docente ainda na universidade sobre o assunto e famílias que encaram o tema abuso sexual infantil como tabu e desnecessário.
Para quebrar essa barreira, a pedagoga diz que o conhecimento é a chave para mudança de mentalidade das famílias que tem medo de permitirem seus filhos a terem aulas de educação e sexualidade, por exemplo. “Os pais pensam que falar sobre sexualidade e educação é abordar o ato sexual e pornografia. Mas na realidade não tem nada a ver com isso, e sim sobre discutir questões em salas de aula e incentivar a criança a conhecer o próprio corpo e identificar comportamentos de terceiros”, explica Camila.
A questão do tabu não esta somente no Brasil. A docente comenta que já teve relatos de professores de outros países como em Portugal que alegam que a desinformação impede que famílias compreendam como tratar do assunto em casa. “Muito se diz que discutir assuntos sobre sexualidade com crianças apresenta o que é sexo para esses jovens de forma mais precoce. Na realidade, discutir esse tipo de tema incentiva o indivíduo a conhecer o próprio corpo e evitar que fiquem vulneráveis a agressões”, diz a pedagoga.
VI Semana Integrada da Educação – A FSA realiza simultaneamente a VI Semana Integrada da Educação e a I Semana de Biomedicina, dois encontros que movimentam a comunidade acadêmica no Campus da Vila Príncipe de Gales, em Santo André. Nesta quarta-feira (04/09), a docente realiza uma palestra na Fundação com o tema “Educação Integral em Sexualidade”, com objetivo de mostrar a educação como ferramenta para a prevenção do abuso abuso sexual infantil.