Aleixo abre mão de candidatura e contesta declarações de Morales

Uriel Aleixo, ex-presidente da subseção de São Bernardo OAB

Uriel Aleixo, ex-presidente da subseção de São Bernardo OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) afirmou em entrevista ao RDtv que não será candidato às eleições deste ano e que não desistirá da disputa judicial contra Leandro Piccino (atual presidente) no que tange ao processo de escolha da atual diretoria.

Durante a entrevista, Aleixo afirmou que, apesar do mandato de Piccino estar nos últimos meses, dará prosseguimento à briga judicial quanto à cadeira de presidente da Ordem “por uma questão moral”. Isso porque desde o último processo eleitoral, Piccino e Uriel disputam a presidência em instâncias internas da OAB e na Justiça comum.

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Aleixo também contestou as declarações do advogado e pré-candidado Claudio Morales ao RDtv sobre a sua atuação frente ao processo de sucessão na ordem. “Queria que o Morales me explicasse como é possível fazer uma subcomissão paritária com cinco membros”, indagou Uriel. E explica que na subcomissão eleitoral da OAB de São Bernardo a votação foi três a dois a favor do meu opositor. Depois na comissão eleitoral foi unânime para mim, então meu opositor recorreu para o conselho, que é outra instância imediatamente superior. Tivemos um debate de oito horas e tivemos 46 votos a um a favor da licitude, da lisura das minhas eleições”, diz.

“Depois de ter estas derrotas seguidas dentro da OAB em todas as instâncias, nosso opositor buscou a Justiça comum. Na Justiça comum ele conseguiu uma decisão provisória, uma tutela antecipada que ocorreu em abril de 2011 e está parada até hoje. Então ele está na cadeira com esta decisão provisória da Justiça de abril de 2011”, completa.

Vice-presidente da subseção por duas vezes e presidente entre 2007 e 2009, Aleixo apoia a candidatura de Vivian Gregori, que disputará ao lado de pelos menos mais dois candidatos de oposição à atual gestão o comando da Ordem pelos próximos anos.

Confira a entrevista de Uriel Aleixo:

Repórter Diário: Recentemente entrevistamos Claudio Morales, que se colocou como pré-candidato à presidência da OAB de São Bernardo. Ele fez algumas críticas sobre o último processo eleitoral, que segue com uma batalha jurídica. Gostaria de saber se você acha pertinente esta crítica.

Uriel Aleixo – Naturalmente que meu gosto é falar de presente e futuro, até porque a Ordem tem muito pela frente, temos de olhar para a frente. A questão das eleições, antes de tudo, para ficar muito claro, não sou candidato a presidente da OAB de São Bernardo. Vou responder esta questão trazida pelo meu colega Morales que remonta as eleições de 2009 para este mandato agora, que está terminando, que disputamos com este cidadão que hoje ocupa a presidência de forma temporária por ordem judicial. Na verdade, o que ele se referiu foi com relação à escolha dos membros da subcomissão eleitoral.

O presidente da subseção, que na época era eu, é encarregado de montar uma subcomissão eleitoral para gerir todo o processo eleitoral. Isso foi feito na época e eu escolhi as pessoas. Aí vem a questão: como você escolheu? Escolher aleatoriamente? Vi que ele disse que eu deveria ter feito uma comissão mista. Com todo o respeito a meu querido colega Morales, acho que ele se equivocou um pouquinho com o passar do tempo, mas naquele momento nunca fui procurado pelo Morales. A verdade é essa. Mas mesmo que tivesse, essa sugestão de comissão paritária, quero que alguém me explique como consigo montar uma comissão meio a meio de cinco pessoas. Temos cinco membros pelo regimento, então não dá para montar uma comissão meio a meio.

Se eu quisesse colocar três membros meus e dois do outro candidato, seria acusado de colocar mais gente minha, se eu três dele e dois meus, não se sentiria muito inteligente com isso, até porque adversário é adversário. Para evitar este tipo de comentário, escolhi membros da comissão que historicamente atuaram nas eleições da Ordem. O presidente escolhido atuou nos últimos 20 anos como presidente das eleições da Ordem de São Bernardo. Todos sabem disso. Até me admirou quanto ouvi que eu teria escolhido uma comissão inexperiente. Não, pelo contrário, a comissão foi muito experiente. Todos os cinco membros tinham larga experiência em eleições da ordem. A questão não foi esta.

E digo mais: o resultado desta subcomissão que a princípio reconheceu a vitória do outro candidato e não a nossa, demonstra que eles não tinham nenhum compromisso comigo a ponto de querer me favorecer. Na época eu agi como deve agir um advogado, eu recorri. Busquei dentro das instâncias da Ordem a revisão daquela decisão eu achei esdrúxula, absurda, injusta, até porque a queixa do nosso opositor na época era uma, o fundamento da decisão da subcomissão eleitoral foi completamente diverso. Tanto que recorri, como deveria fazer, a comissão eleitoral do Estado de São Paulo é a que tem a atribuição de rever os atos da subcomissão eleitoral. Depois de sete meses de apuração eles entenderam por unanimidade que nós tínhamos razão, que a eleição foi limpa. Aí eu tomei posse. Veja só: na subcomissão eleitoral da OAB de São Bernardo a votação foi três a dois a favor do meu opositor. Depois na comissão eleitoral foi unânime, meu opositor recorreu para o conselho, que é outra instância imediatamente superior. Tivemos um debate de oito horas e tivemos 46 votos a um a favor da licitude, da lisura das minhas eleições.

Então não dá para falar em inexperiência, não dá para falar que ‘foi buscar o padrinho’. Achei, inclusive, um pouco infeliz esta expressão de que fui procurar um padrinho D’Urso (Flávio D’Urso, presidente da OAB de São Paulo). O D’Urso é um grande presidente, um grande advogado, uma pessoa de bem, ele não se prestaria – e eu também – a querer favor disso ou daquilo para assumir uma cadeira para trabalhar voluntariamente.

RD: E como está hoje este processo?

Aleixo: Hoje, depois de ter estas derrotas seguidas dentro da OAB em todas as instâncias, nosso opositor buscou a justiça comum. Na justiça comum ele conseguiu uma decisão provisória, uma tutela antecipada, que é parecida com uma liminar, que ocorreu em abril de 2011 e está parada até hoje. Então ele está na cadeira com esta decisão provisória da Justiça de abril de 2011.

RD: O quadro pode até ser revertido, mas o mandato já está acabando.

Aleixo: Acredito até que por uma questão de coerência o juiz que concedeu a liminar não deva modificar a decisão até porque estamos no final de um mandato. A discussão ainda vai longe, até por uma questão moral de quem tem ou não razão, mas o objeto principal está lá. Mas temos que olhar para frente e pensar que agora a pergunta que fica é: o que foi feito da OAB com esta “vitória” do meu opositor? Ele está na cadeira e nós não vimos nenhum movimento, nenhuma realização da OAB de São Bernardo.

RD: Você não vai abrir mão deste processo?

Aleixo: Não, não vou. É uma questão de honra. Quero que fique claro ao internauta que nós ganhamos na urna, nós ganhamos no processo da comissão eleitoral da OAB de São Paulo, nós ganhamos do conselho e temos uma decisão provisória contra nós, apenas. Então discuto a legalidade e a licitude inclusive da impugnação que deu origem a tudo pelo nosso opositor, inclusive ela será submetida a uma perícia grafotécnica para mostrar se ela é verdadeira ou falsa. Então eu não posso abrir mão. Podemos transigir com pessoas, com princípios nunca. Tivemos uma eleição legitimamente ganha tirada de nós e agora temos de mostrar que esta decisão judicial foi um erro. Vamos mostrar isso, tenho tranquilidade quanto a isso, temos outras instância a seguir e vamos até o final.

RD: Este ambiente de batalha jurídica vai contaminar o cenário eleitoral da OAB. Você vai apoiar alguém?

Aleixo: Eu não quis que esta contaminação viesse para o processo eleitoral, por isso acabei entendo que não sou candidato por esta razão. Não sou candidato para não haver este clima de revanche e acho que meu opositor poderia ter a mesma atitude, seria mais correto, mas falo por mim. Não serei candidato e vou apoiar aquela pessoa que eu entendo que é melhor para o destino da subseção hoje, que é a Vivian Gregori, advogada experiente de São Bernardo, pós-graduada, doutoranda pela USP, advogada que tem larga experiência nas gestões da Ordem porque ela sempre atuou como colaboradora.

É por isso que eu sempre falo do ‘olhar para frente’, passado não volta, então vamos para frente e quem tem condições de reverter este quadro e buscar esta reação é a Vivian Gregori. Digo isso porque, na história da OAB, nunca houve essa coisa de buscar a Justiça para resolver uma questão interna da Ordem. A Ordem tem plenas condições de resolver seus conflitos internamento. Não é necessário, não é bonito, não é saudável e não é isso que advocacia espera. A indignação aí fora move a Vivian a tocar este projeto e ai a apoiá-la, para voltas as coisas para seu lugar, ou seja, presidente escolhido pelo advogado e não pelo juiz.

RD: O Claudio Morales também disse durante sua entrevista que está buscando uma chapa única para as eleições. Ele conversou com você? Como está este processo?

Aleixo: É louvável esta busca pelo consenso. O Claudio Morales realmente me procurou, quis ter este diálogo comigo, achei muito interessante, assim como o Luiz Ricardo Vasquez Davanzo também, que é o vice-presidente do atual presidente, também nos procurou para uma conversa muito amistosa. É obvio que não sei se conseguimos esta composição porque os três (o Davanzo, o Cláudio e a Vivian) têm o objetivo de ser presidente, mas só temos uma vaga. Estes três são oposição. O atual presidente conseguiu três opositores, então significa que as coisas não andaram tão bem assim.

Essas pessoas, que são pessoas de bem, acho que eles têm condições de conversar e compor algo para trabalhar em prol da advocacia, isso eu vejo com bons olhos, embora eu admita que seja difícil, pois não posso pedir para alguém abrir mão daquilo que eu não quero abrir mão. Os três têm o mesmo objetivo, mas eu acho que compondo, conversando, tudo é possível. O que precisamos é ter em mente que o que é bom para a advocacia é retomar a OAB, fazer com que a OAB volte a ser dos advogados, que a OAB seja gerida por pessoas colocadas pelos advogados, num processo limpo, sem interferências externas e voltado para os interesses da advocacia.

RD: As comissões estão funcionando da forma com que deveriam funcionar?

Aleixo: Só posso avaliar alguma coisa que exista. Na minha gestão, que foi de 2007 a 2009, tivemos uma avaliação da advocacia local (isso documentado por meio de pesquisas) de 80% de satisfação de serviços prestados pela Ordem. Nesta gestão desta pessoa que lá está, não temos dados nem parâmetros de avaliação porque não existem comissões atuando. Eu até entendo a posição, as pessoas não querem se envolver em confusão. O presidente entrou de forma não legítima (não era a vontade da advocacia), então isso já espantou muita gente que queria colaborar com a advocacia. Depois disse tivemos esta alternância, que trouxe um certo desgaste. Muitos advogados dizem ‘eu começo um trabalho, aí troca o presidente e eu paro’.

Esta atitude de colocar a cabeça da advocacia numa bandeja e levar para o judiciário, esta atitude foi péssima para a OAB do São Bernardo, que parou no tempo. Nós não tivemos gestão. Nestes sete meses que eu fiquei no início, em 2010, fizemos um trabalho de reconstrução. Na minha gestão primeira nós tínhamos mais de 100 colegas trabalhando nas comissões, as comissões eram atuantes, a OAB era frequentada. Agora esvaziou, aí nós tínhamos de tentar trazer as pessoas de volta. Aí o tempo passa e quando as coisas começar a engatilhar, vem a Justiça e nos tira e coloca novamente o outro. Isso acabou causando um desgaste. Importante é que esta página triste da OAB de São Bernardo seja virada a partir de janeiro de 2013 e que se comece uma gestão com um presidente comprometido com a advocacia e um presidente que seja legitimamente escolhido pelos advogados.

RD: Você encerra sua participação na OAB?

Aleixo: Já tenho 19 anos de contribuição para a OAB como um todo e estou praticamente me aposentando de OAB. Claro que eu estou para colaborar com a Vivian, sonho muito para a advocacia que a Vivian seja a eleita, pois ela reúne as condições, no quadro eu a vejo como a mais indicada, quero colaborar com minha experiência. Em São Paulo eu apoio integralmente o Marcos da Costa, que é o vice-presidente do D’Urso, que hoje está em exercício com o afastamento do D’Urso. Apoio o Marcos da Costa pela pessoa que é, pela gestão que fez, ajudou a fazer um processo de transformação imenso na Ordem, então eu o apoio independentemente de convite de cargo. Obvio que se houver um convite para que eu participe de algum cargo ou conselho, vou analisar com muito carinho porque gosto de estar do lado de pessoas do bem, e o Marcos é uma pessoa do bem. 

Veja também a entrevista de Claudio Morales:

Morales defende interação da OAB de São Bernardo com a comunidade

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