O Hospital Estadual Mário Covas deixou uma paciente idosa em tratamento de um linfoma, tipo de câncer no sistema linfático, seis dias à espera por uma tomografia, além de um mês no aguardo por resultado de biópsia para dar seguimento ao seu tratamento, parado há cinco meses. À família o hospital informou que o tomógrafo estava quebrado, mas em nota ao RD informa que a demora foi por critérios clínicos. A paciente finalmente fez o exame na noite de terça-feira (13/08).
A paciente Miyo Nakandakari, de 83 anos, deu entrada no hospital, na quarta-feira (07/08) com um quadro de infecção urinária e dores abdominais. Desde a internação, como a paciente está em tratamento para linfoma, foram solicitados ultrassom e uma tomografia, que até esta terça-feira (13/08) não tinha sido feita. A família teme o agravamento do quadro de saúde por causa também do atraso no laudo de um exame, que era para estar pronto desde o mês passado.
“A gente, de tanto cobrar a tomografia, chegamos na ouvidoria do hospital, que nos informou que o pedido da tomografia nem tinha sido feito, só o ultrassom. De qualquer forma minha mãe teria de ser transferida para a rede municipal, para o CHM (Centro Hospitalar Municipal) e fazer o exame lá, mas não marcaram nada, porque só dava para marcar de segunda a sexta-feira, e minha mãe passou o fim de semana com dor, esperando o exame”, disse Alexandre Nakandakari, filho da dona Miyo.
Além da tomografia, a paciente aguarda um laudo da biópsia para saber o resultado das seis sessões de quimioterapia que ela fez. “A gente precisa saber como foi que o linfoma reagiu, para então ver como será o restante do tratamento, se vai precisar mais sessões, ou se não deu resultado. Mas minha mãe parou as sessões tem cinco meses e a gente teme que pode ter agravado”, explica. “Eu passei o fim de semana com ela no hospital, por causa da infecção também, ela estava com muita dor, gemia o tempo todo, não tinha descanso porque vem gente toda hora mexer nela, tanto que ela até pediu para deixarem ela em paz. Isso é muito doloroso para a gente ouvir”, lamenta.
A Prefeitura de Santo André, em nota, explicou que a paciente não precisará mais ser transferida para o CHM, porque recebeu a informação de que o tomógrafo do Mário Covas já estava operando.
Fundação do ABC
A assessoria da Fundação do ABC, gestora do hospital Mário Covas, nada falou sobre quebra do tomógrafo. Confirmou que a tomografia foi feita nesta terça-feira (13/08), após os questionamentos feitos pela reportagem. Veja a seguir íntegra da nota:
“Em atenção ao pedido de esclarecimento encaminhado pelo Repórter Diário, o Hospital Estadual Mário Covas informa que a paciente mencionada pela reportagem está recebendo atendimento integral na unidade, sendo plenamente assistida pelas equipes multidisciplinares.
Sobre o laudo de biópsia fruto de questionamento, informamos que a coleta do material para biópsia foi realizada em 02/07/2024 e o resultado inicial foi disponibilizado em 25/07/2024. Contudo, devido à complexidade do caso, foi necessária a realização de exames complementares, como de imuno-histoquímica, solicitado em 26/07/2024, com previsão de resultado para 28/08/2024. São análises laboratoriais complexas, que demandam tempo para a aplicação de reagentes específicos para um diagnóstico preciso e efetivo. Em relação ao exame de tomografia, desde o início da internação a paciente apresentava condição renal que contraindicava o uso de contraste. Dessa forma, por precaução e visando a segurança da paciente, a equipe médica optou inicialmente pela realização de uma ultrassonografia para avaliação preliminar. A partir dos resultados inconclusivos da ultrassonografia, optou-se pela tomografia sem utilização de contraste, realizada em 13/08/2024 no próprio Hospital Estadual Mário Covas.
Importante destacar que a decisão pela realização da tomografia seguiu critérios estritamente clínicos, baseada nos resultados da ultrassonografia. Não houve interrupções operacionais no equipamento de tomografia que afetassem a disponibilidade para atendimento da paciente. Todas as decisões foram tomadas considerando unicamente o quadro clínico e as melhores práticas médicas.
O Hospital Estadual Mário Covas reafirma seu compromisso com a transparência e a qualidade do atendimento e segue à disposição para outros esclarecimentos que se façam necessários”, diz a nota.